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Olha Só

- Publicada em 15 de Setembro de 2021 às 19:35

Quero ver Irene rir

Irene Brietzke, atriz e diretora gaúcha

Irene Brietzke, atriz e diretora gaúcha


ACERVO/DIVULGAÇÃO/JC
A morte da atriz e diretora Irene Brietzke atingiu em cheio o coração da classe artística gaúcha, pega de surpresa com o diagnóstico de câncer causador do falecimento da mestra aos 76 anos. Como uma diva, Irene foi saindo de cena há muitos anos atrás quando, de certa forma, se decepcionou com os rumos da produção artística local. Aposentada do Departamento de Arte Dramática, da UFRGS, como professora de direção, Irene descobriu uma outra faceta sua que até mesmo ela, desconhecia. A atuação para o audiovisual. Depois de alguns curtas metragens, passou a ser chamada para atuar em cinema e televisão com uma naturalidade comovente e por ali foi ficando. Seu último trabalho na televisão foi na minissérie Doce de Mãe, dirigida por Jorge Furtado, na Rede Globo, que tinha Fernanda Montenegro como atriz principal. Ao lado da grande atriz, Irene esbanjava talento, personalidade e uma máscara teatral perfeita para o vídeo. Irene não parecia estar representando, parecia ser aquela senhora de rosto expressivo moradora de um residencial para idosos. Cheia de subtextos. Continuava ensinando. Era encantador ver sua desenvoltura cênica, mais conhecida no tablado gaúcho, em montagens de Brecht, Naum Alves de Souza, Ivo Bender, entre tantos outros dramaturgos que compuseram sua longa carreira artística. Irene tinha uma persona teatral avassaladora. Tudo parecia em ebulição dentro dela para quando a cortina abrisse ela fosse capaz de seduzir sua plateia com todo seu conhecimento teatral e experiência de uma vida rica. Em cena, se entregava, cantava, interpretava, botava fogo no palco, era capaz de qualquer emoção sem nenhum exagero. Quando cômica, dominava o tempo de uma piada como ninguém. Seu olhar poderoso atingia como laser qualquer expectador no teatro. A personalidade arrebatadora fluía através de suas expressões que ficaram imortalizadas pelos amigos e parceiros de cena que ouviam encantados máximas como “uma tiara de dor de cabeça”, “óculos de Irmãos Metralha de dor”, “garras de ferro cravadas nos ombros”, para dor nas costas, “dois pães jocotós”, para os pés inchados e cansados, e por aí afora. Impossível não se apaixonar por alguém tão expressivo, tão inteligente, com sacadas tão humoradas. E quando queria alertar os colegas em um local público sobre um assunto palpitante, dizia: “olhem os nomes e sobrenomes nas mesas de bar”. Sempre pensando muito antes de falar, tragava seu bom cigarro e lançava uma de suas máximas que entravam para o anedotário da classe em minutos. Não se sabe se ela odiava alguém, mas quando gostava, gostava de verdade, com respeito e admiração. Irene era tão profissional e ciosa de seu trabalho que fundou sua própria companhia teatral, o Teatro Vivo, ao lado de Denize Barella e Mirna Spritzer, que como muito bem disse, o ator e diretor Roberto Camargo, trabalhar com ela, ser dirigido por ela era uma pós-graduação para qualquer ator ou aluno de teatro. Um momento de júbilo. Irene Brietzke era assim, uma personalidade controversa, uma mulher de ideias e posicionamentos firmes, fortes, embasados em um vasto conhecimento da alma humana burilado pelo teatro e seus meandros em anos de vida acadêmica e cênica. Irene foi e sempre será um animal teatral na melhor acepção da palavra. Adeus Irene, quero lembrar sempre de você rindo e largando mais uma de suas tiradas maravilhosas, ainda que capazes de arrasar alguém ou alguma coisa, finalizavam com uma sonora gargalhada e uma baforada de cigarro. A morte não combina com ela. Quero ver Irene rir para sempre!
A morte da atriz e diretora Irene Brietzke atingiu em cheio o coração da classe artística gaúcha, pega de surpresa com o diagnóstico de câncer causador do falecimento da mestra aos 76 anos. Como uma diva, Irene foi saindo de cena há muitos anos atrás quando, de certa forma, se decepcionou com os rumos da produção artística local. Aposentada do Departamento de Arte Dramática, da UFRGS, como professora de direção, Irene descobriu uma outra faceta sua que até mesmo ela, desconhecia. A atuação para o audiovisual. Depois de alguns curtas metragens, passou a ser chamada para atuar em cinema e televisão com uma naturalidade comovente e por ali foi ficando. Seu último trabalho na televisão foi na minissérie Doce de Mãe, dirigida por Jorge Furtado, na Rede Globo, que tinha Fernanda Montenegro como atriz principal. Ao lado da grande atriz, Irene esbanjava talento, personalidade e uma máscara teatral perfeita para o vídeo. Irene não parecia estar representando, parecia ser aquela senhora de rosto expressivo moradora de um residencial para idosos. Cheia de subtextos. Continuava ensinando. Era encantador ver sua desenvoltura cênica, mais conhecida no tablado gaúcho, em montagens de Brecht, Naum Alves de Souza, Ivo Bender, entre tantos outros dramaturgos que compuseram sua longa carreira artística. Irene tinha uma persona teatral avassaladora. Tudo parecia em ebulição dentro dela para quando a cortina abrisse ela fosse capaz de seduzir sua plateia com todo seu conhecimento teatral e experiência de uma vida rica. Em cena, se entregava, cantava, interpretava, botava fogo no palco, era capaz de qualquer emoção sem nenhum exagero. Quando cômica, dominava o tempo de uma piada como ninguém. Seu olhar poderoso atingia como laser qualquer expectador no teatro. A personalidade arrebatadora fluía através de suas expressões que ficaram imortalizadas pelos amigos e parceiros de cena que ouviam encantados máximas como “uma tiara de dor de cabeça”, “óculos de Irmãos Metralha de dor”, “garras de ferro cravadas nos ombros”, para dor nas costas, “dois pães jocotós”, para os pés inchados e cansados, e por aí afora. Impossível não se apaixonar por alguém tão expressivo, tão inteligente, com sacadas tão humoradas. E quando queria alertar os colegas em um local público sobre um assunto palpitante, dizia: “olhem os nomes e sobrenomes nas mesas de bar”. Sempre pensando muito antes de falar, tragava seu bom cigarro e lançava uma de suas máximas que entravam para o anedotário da classe em minutos. Não se sabe se ela odiava alguém, mas quando gostava, gostava de verdade, com respeito e admiração. Irene era tão profissional e ciosa de seu trabalho que fundou sua própria companhia teatral, o Teatro Vivo, ao lado de Denize Barella e Mirna Spritzer, que como muito bem disse, o ator e diretor Roberto Camargo, trabalhar com ela, ser dirigido por ela era uma pós-graduação para qualquer ator ou aluno de teatro. Um momento de júbilo. Irene Brietzke era assim, uma personalidade controversa, uma mulher de ideias e posicionamentos firmes, fortes, embasados em um vasto conhecimento da alma humana burilado pelo teatro e seus meandros em anos de vida acadêmica e cênica. Irene foi e sempre será um animal teatral na melhor acepção da palavra. Adeus Irene, quero lembrar sempre de você rindo e largando mais uma de suas tiradas maravilhosas, ainda que capazes de arrasar alguém ou alguma coisa, finalizavam com uma sonora gargalhada e uma baforada de cigarro. A morte não combina com ela. Quero ver Irene rir para sempre!
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