O documentário O Império de Pierre Cardin, atualmente em cartaz na cidade, elucida vários aspectos da personalidade e da importância do estilista na reformulação e popularização da alta costura pelo mundo.
O italiano radicado francês, que abandonou a Itália fugindo do domínio de Mussolini, encontrou em Paris o terreno fértil para suas ideias e seu talento. Aos 23 anos, já era o principal estilista da grife Christian Dior, o que abriu as portas para sua carreira e sua criatividade inesgotável. Pierre Cardin foi um inovador desde o princípio, revolucionando formas e libertando o corpo da mulher, promovendo uma verdadeira redemocratização da moda.
Criador do prêt-a-porter, levou suas criações para os grandes magazines de Paris e do resto do mundo, provocando a ira de seus colegas e ocasionando sua expulsão por seis anos do Chambre Syndicale, o sindicato dos costureiros de Paris. Foi inclusive proibido de promover seus desfiles durante a temporada de moda francesa. Visionário, Cardin antevia o futuro.
Licenciou seu nome para mais de 800 produtos, foi designer de móveis, perfumista de sucesso, figurinista de cinema, dono de teatro e promotor de espetáculos. Pierre Cardin nunca teve medo de ousar. Considerado o primeiro vanguardista da moda, absorveu todas as modernidades em suas criações, a moda espacial, futurista, geométrica, de formas oblíquas, diferenciadas, tudo era inserido em sua arte. Bolsas, sapatos, chapéus, frigideiras e até carros e aviões entraram em sua linha de produção. Sua marca extrapolou a Europa, sendo o primeiro estilista a viajar para a China, Japão e Rússia, levando suas cores, formas e inovações que caíram imediatamente no gosto desses povos. Foi ele também que criou a primeira coleção masculina de roupas coloridas e modernas, sendo o estilista responsável por vestir os Beatles em sua primeira turnê pelo mundo. Sua assinatura pode ser vista inclusive nos uniformes da Nasa.
Pierre Cardin foi pioneiro e visionário em tantas coisas, que seria difícil resumir tudo em um artigo de jornal, mas sua importância alcançou inclusive a renovação dos manequins de passarela. Ele inovou ao colocar uma modelo japonesa para desfilar, depois uma negra e assim, sucessivamente, inserindo mulheres de diferentes estilos e etnias no mundo da moda, tão fechado em sua época. “Eu gosto de ver a mulher na lua”, comentou o costureiro no auge de sua paixão pela conquista do espaço. O que traduz muito bem sua ideologia, de que a mulher pode e deve fazer e usar o que quiser. Pierre Cardin morreu em 2020, aos 98 anos deixando um legado inesgotável de criatividade e pioneirismo no mundo da moda e do design. “As roupas que eu prefiro são aquelas que eu invento para uma vida que não existe ainda, para o mundo de amanhã”. Pierre Cardin.
O Império de Pierre Cardin está em cartaz no Espaço Itaú Porto Alegre, no Bourbon Country, até o dia 3 de fevereiro, sempre às 20h30min.