O varejo do Rio Grande do Sul deve se sair melhor do que o do Brasil em 2022, com reforço de vendas de segmentos como confecções e calçados e impulsionado no Estado por fatores como bom desempenho do agronegócio e também nas exportações. A projeção foi feita nesta quarta-feira (15) pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-RS) em parceria com a Escola de Negócios da Pucrs.
O que acende o sinal de alerta é o patamar de juros, que deve se manter acima de 10% até 11% em 2022. O presidente da entidade, Vitor Augusto Koch, criticou a elevação da taxa Selic para conter a inflação, devido aos efeitos para financiamento do consumo, e indicou o "remedinho" contra as taxas.
Segundo Koch, o modelo que a FCDL-RS vem orientando para entidades nas regiões do Estado, baseado no cadastro positivo, com análise da trajetória de pagamentos pelos consumidores, seria o mais adequado. A FCDL-RS fez acordo com a Quod, birô de análise de crédito que pertence aos maiores bancos do País. Antes, a federação utilizava o SPC Brasil.
Para 2022, há ainda a expectativa de manutenção do ritmo de geração de vagas, que, em 2021, ostentou melhor desempenho percentual no Estado frente ao mercado nacional. o comércio chegou a um estoque de 626,5 mil postos até outubro passado, com alta de 4,1% frente ao mesmo período do ano anterior.
Para o próximo ano, Koch, avalia que setores que foram mais prejudicados com as restrições nas lojas físicas na pandemia, como os de calçados, confecções e acessórios, terão mais demanda. Koch também espera maior demanda para móveis e outros itens para atender a entrega de imóveis novos.
O Produto Interno Bruto (PIB) também vem terá uma dianteira, mesmo que pequena. O indicador no País poderá subir 1,2% e no Rio Grande do Sul, 1,8%, sinalizou o economista e professor da Pucrs Gustavo Inácio de Moraes. O economista citou ainda que o mercado de trabalho gaúcho vem mostrando mais qualidade, em nível de remuneração, frente a outros estados como o Paraná, com economia muito semelhante ao da gaúcha.
Moraes chamou a atenção para o que ode ser o fim de um período de baixas taxas de crescimento. A expectativa é de retorno em 2022 de percentuais maiores, que foram verificados no período anterior a 2014.
Gustavo Inácio de Moraes, por sua vez, destaca que o crescimento esperado para 2022 sinaliza o fim da década perdida, pois deve superar os níveis de vendas reais equivalentes ao ano de 2014 no caso do varejo geral e os níveis de 2013 no caso do varejo ampliado. "O ano de 2022 vai marcar a superação da década perdida", sustenta o economista.
Sobre o próximo ano, o professor faz uma ressalva com dose de alerta para os varejistas. Os juros mais altos e a perda de renda podem elevar as taxas de inadimplência. "Isso exige uma gestão mais detalhada do endividamento", recomenda ele.