A
retomada da produção de carros nesta segunda-feira (16) na fábrica da General Motors em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), é um alívio para as concessionárias da marca. As lojas ostentam o vazio deixado pelo modelo Onix, único carro fabricado na unidade gaúcha da montadora e que liderou as vendas na categoria por anos. A indústria estava parada desde 5 de abril, mas já vinha em ritmo mais baixo de montagem desde 2020.
"Acabou a pronta entrega há dois meses", resume um dos vice-presidente do Sindicato Intermunicipal dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no RS (Sincodiv/Fenabrave-RS) e representante da marca na entidade, Tarso Zanatta, sobre o apagão do modelo. Dono de três concessionárias da Chevrolet, localizadas em Canoas, Gravataí e Viamão, Zanatta diz que apenas a pré-venda vem alimentando os negócios do veículo.
Zanatta informa que a expectativa é que a fábrica entregue 5 mil unidades nas duas últimas semanas de agosto. A prioridade será toda para abastecer o mercado interno. A exportação para outros países não vai ser feita. O setor espera que a montadora repasse ainda esta semana a previsão da oferta de carros para setembro.
O dirigente e empresário estima que os pedidos feitos até agora na rede da marca no País sejam completamente atendidos até outubro. "Não há firmeza de prazo, por isso a projeção é de até 90 dias", explica um dos vice-presidentes do sindicato das revendedoras. "Se tiver excedente de produção, a entrega pode ser antecipada", acredita ele.
A fábrica foi reativada com apenas um turno de trabalho, o que reduz para um terço a montagem, que, em três turnos, chegava a 1,4 mil veículos por dia antes da pandemia, em fevereiro de 2020. A companhia não se manifestou ainda sobre o ritmo de retorno. O Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (Sinmgra) espera que o segundo turno volte em outubro.
Os primeiros carros começaram a ser montados nesta segunda-feira. A estimativa do varejo é que em três a quatro dias comecem a sair as unidades zero quilômetro da montadora para abastecer o mercado. "Tem prazo entre fabricar, faturar e entregar", descreve Zanatta.
O ritmo de saída não vai permitir nem de longe gerar as cenas de pátio cheio no parque fabril. A escassez e falta de autopeças, principalmente de semicondutores, componentes com mais tecnologia associada a controles e digitalização cada vez mais demandados pelos modelos, provocaram a paralisação da unidade. Pelo País, outras marcas interromperam a produção. A indústria deve conviver com esta condição até meados de 2022, previne o empresário. O Onix reúne 150 semicondutores.
Zanatta diz que o impacto foi a perda de espaço do Onix, que manteve a liderança no seu segmento por seis a sete anos seguidos. "Perdeu para outras marcas e até para seminovos, mercado que está aquecido e com preços em alta", lamenta o dirigente. O aumento de preço chega a 30% frente a dezembro de 2020, compara ele.
O volume de venda de veículos no Estado experimenta alta de 15,4% em junho, em relação ao mesmo mês do ano passado, e de 18,7% no ano. Apenas em 12 meses há recuo, de 2,8%, que pode ser efeito da menor oferta de carros novos. A receita tem elevação em todas as comparações e está associada a preços e vendas maiores. O faturamento subiu 30% em junho, 31,3% no ano e 4,6% em 12 meses, segundo a
mais recente Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE.