Não basta fazer um hackathon ou uma chamada de startups. Mesmo que esse seja um passo importante e válido para as organizações que buscam se transformar digitalmente, existe uma longa distância até estarem, de fato, inovando.
O alerta é de Lucas Foster, que desde 2010 lidera programas de educação empreendedora e liderança criativa em parceria com organizações nacionais, internacionais e agências do sistema ONU. “Nem toda empresa que apoia os movimentos de inovação é inovadora. Existem muitas iniciativas reais acontecendo no Brasil, mas, também há uma necessidade de muitos acionistas e diretores mostrarem que estão fazendo algo. E os programas de inovação aberta são a solução mais simples de dizer que estão inovando”, ressalta.
Foster foi um dos “provocadores” do BS Festival, que aconteceu essa semana de forma 100% o-line, e abordou temas como empreendedorismo, economia criativa e empoderamento.
Formado em psicologia e especialista em liderança criativa, Foster falou sobre o momento que estamos vivendo, com a pandemia. Na sua visão, a criatividade sempre serviu para o desenvolvimento de tecnologias que ajudaram a sociedade a superar os desafios da natureza. E deverá ser assim agora novamente, com os cientistas ajudando a criar a vacina.
Essa visão seguirá sendo necessária para a retomada, de forma a permitir a reconstrução dos negócios. “A criatividade é a matéria-prima para a criação de inovações que mantenham as pessoas vivas e negócios sustentáveis”, projeta.
A Covid-19 trouxe a necessidade de inovação e adaptação, mas, em muitos aspectos, ele acredita que o Brasil está sendo mal sucedido. “Vidas e negócios foram colocados em risco. Esse cenário de destruição que teremos no pós-pandemia não é só resultado do vírus, mas da incapacidade de liderança desse cenário”, analisa.
Para Foster, o futuro passa por líderes e empreendedores tendo que reconstruir os seus negócios e olhar para uma agenda de longo prazo. E sempre considerando temas como a construção de novos modelos de negócios a partir da inclusão de talentos e o estabelecimento de novas parcerias. “Precisamos incorporar valor intangível através de diversidade e da sustentabilidade. Estamos vivendo a morte de um modelo para o renascimento de outro”, acredita.
Cada vez mais, equipes diversas, líderes tolerantes, mais momentos de trocas e novos espaços de criação serão fundamentais para estimular que as empresas que estão pensando no futuro não só cumpram as metas, mas sejam capazes de pensar e trazer soluções e inovações mais rapidamente.
“Muitos negócios estavam acomodados, baseados nas relações estabelecidas no passado, mas aí veio a crise econômica dos últimos anos e a pandemia. Podemos construir um novo momento, mas isso depende da nossa capacidade de inconformismo e da valorização da criatividade, da inovação e da colaboração”, projeta ele, que é o idealizador do Prêmio Brasil Criativo, reconhecido como a premiação oficial da Economia Criativa brasileira pelo Ministério da Cultura com o apoio institucional da Unesco.