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Mercado Digital

- Publicada em 08 de Julho de 2020 às 18:13

Não pegue muito capital e cresça aos poucos, sugere Tallis Gomes aos empreendedores

Gomes comenta que cenários de crise são propícios para criacão de negócios inovadores

Gomes comenta que cenários de crise são propícios para criacão de negócios inovadores


Singu/Divulgação/JC
Um bate papo com o Tallis Gomes é uma aula de empreendedorismo. Direto e objetivo nos conselhos aos jovens que querem iniciar ou escalar os seus negócios, ele fala com desenvoltura das boas e das más decisões que tomou ao longo da sua trajetória, e que o trouxeram até aqui. Atento ao que está acontecendo no mercado, conta que já vinha monitorando a Covid-19 na China e conversando com amigos asiáticos, o que lhe permitiu preparar os seus negócios para esse cenario pandêmico que estamos vivendo desde março aqui no Brasil. Gomes faz questão de dizer que a vida à frente de uma startup não é fácil. e não deve ser glamourizada. Aliás, ele é um crítico feroz do chamado empreendedorismo de palco. “Dá uma tristeza ver tantos picaretas vendendo fórmulas de riqueza no Instagram. O meu conselho é: dá um Google e vai ver o que essa pessoa já criou, em que projetos se envolveu, para ver se pode te ensinar em algo”, sugere. No caso dele, o currículo fala por si. Em 2011, fundou a Easy Táxi, e sob a sua gestão a empresa se transformou no maior aplicativo de táxi do mundo, chegando a 35 países. A decisão de sair da empresa que havia criado trouxe aprendizados, que ele levou para a Singu, hoje o maior aplicativo de serviços de beleza e bem-estar do Brasil, e a Gestão 4.0, empresa de educação voltada a negócios na qual é cofundador e mentor. Eleito pelo MIT como o jovem empreendedor mais inovador mundo e uma das 25 pessoas mais influentes na internet brasileira. Tallis foi o personagem desta semana da LIVE do Mentes Transformadoras. Você pode conferir a entrevista completa nos canais do Jornal do Comércio no Instagram, Facebook e YouTube.
Um bate papo com o Tallis Gomes é uma aula de empreendedorismo. Direto e objetivo nos conselhos aos jovens que querem iniciar ou escalar os seus negócios, ele fala com desenvoltura das boas e das más decisões que tomou ao longo da sua trajetória, e que o trouxeram até aqui. Atento ao que está acontecendo no mercado, conta que já vinha monitorando a Covid-19 na China e conversando com amigos asiáticos, o que lhe permitiu preparar os seus negócios para esse cenario pandêmico que estamos vivendo desde março aqui no Brasil. Gomes faz questão de dizer que a vida à frente de uma startup não é fácil. e não deve ser glamourizada. Aliás, ele é um crítico feroz do chamado empreendedorismo de palco. “Dá uma tristeza ver tantos picaretas vendendo fórmulas de riqueza no Instagram. O meu conselho é: dá um Google e vai ver o que essa pessoa já criou, em que projetos se envolveu, para ver se pode te ensinar em algo”, sugere. No caso dele, o currículo fala por si. Em 2011, fundou a Easy Táxi, e sob a sua gestão a empresa se transformou no maior aplicativo de táxi do mundo, chegando a 35 países. A decisão de sair da empresa que havia criado trouxe aprendizados, que ele levou para a Singu, hoje o maior aplicativo de serviços de beleza e bem-estar do Brasil, e a Gestão 4.0, empresa de educação voltada a negócios na qual é cofundador e mentor. Eleito pelo MIT como o jovem empreendedor mais inovador mundo e uma das 25 pessoas mais influentes na internet brasileira. Tallis foi o personagem desta semana da LIVE do Mentes Transformadoras. Você pode conferir a entrevista completa nos canais do Jornal do Comércio no Instagram, Facebook e YouTube.
Mercado Digital – É possível inovar na crise, como neste cenário de pandemia que vivemos?
Tallis Gomes – Se existe momento para a gente conseguir criar negócios inovadores é agora. O Ayrton Senna já dizia que em dia ensolarado não tinha como ultrapassar 15 carros, mas em um chuvoso sim. A inovação entra para quebrar o status quo. Sempre que trazemos soluções disruptivas para um problema, quebramos o que vinha sendo feito então. Sem falar que as pessoas estão mais abertas nestes momentos, como o que estamos vivendo, a viver experiências novas. Se não fosse a pandemia, talvez não fosse possível fazermos o Gestão 4.0 híbrido. As pessoas poderiam pensar que não iriam pagar um ticket alto para fazer um programa pela internet. Mas, como estão em casa, com suas famílias, estão mais abertas, pensam que podem economizar já que não terão o custo de avião, alimentação, e não precisarão se afastar de casa. Da mesma forma, restaurantes que não pensavam em delivery, estão fazendo. Os problemas mudaram e o desafio de empreender é, justamente, trazer resoluções para problemas novos.
Mercado Digital – Você sente nas conversar diárias que têm com gestores e empreendedores que as pessoas estão mais otimistas?
Gomes – Sim. Na verdade, tivemos uma curva desde que iniciou a pandemia. Em março, quando começamos as LIVEs para ajudar os gestores, havia muita apreensão, que em abril evoluiu para medo e em maio para um verdadeiro pânico. Em junho já senti um clima maior de tranquilidade e agora em julho vejo otimismo. Quando olhamos para o nosso número de notas fiscais emitidas, está tendo uma recuperação, o que é bom termômetro. Apesar do medo da segunda onda do vírus, os empresários estão mais otimistas e vendo que, apesar da gravidade da situação, estamos conseguindo nos adaptar. Aliás, a capacidade de adaptação é o principal recurso que os gestores precisam ter.
Mercado Digital – Como foi a experiência de ter criado a Easy Taxi até a decisão de sair do controle da startup?
Gomes – Eu empreendo desde os 14 anos. Fiz vários negócios, quebrei, me endividei e, em 2011, criamos a Easy Táxi. Era uma época em que apenas 4% das pessoas tinham telefone com internet no Brasil. Fui um dos primeiros no mundo a criar esse modelo (aplicativo de mobilidade) e, em 18 meses, estávamos em 35 países. A Easy Táxi foi a multinacional brasileira que expandiu mais rapidamente no mercado, o que demandou muito capital. Levantamos mais de US$ 100 milhões em funding e isso diluiu a participação dos empreendedores. De repente, a gente (sócios iniciais) tinha 10% da empresa, eu apenas 4%. Aí eu pensei: a empresa está valendo R$ 1 bilhão, vou liquidar minha participação, até porque esse jogo queima muito dinheiro. Nenhum aplicativo destes no mundo já deu um real de lucro ainda. E aí fiz o shift para o ramo da beleza, lançando a Singu. Eu estava capitalizado, tinha mais conhecimento, foi diferente. Ainda assim, você pode começar um negócio 300 vezes, que 299 vezes vai dizer: eu poderia ter feito melhor.
Mercado Digital – Que aprendizados deste negócio você levou para os seus outros empreendimentos?
Gomes - Na Singu acertamos a mão. Pegamos pouco funding e não saímos crescendo adoidado, queimando caixa. Desde o início, estávamos mais focados em receita, concentramos a operação em grandes praças, como Rio de Janeiro e São Paulo, mais focados em gerar faturamento e não apenas expandir, que é o playbook do Vale do Silício. Hoje somos a maior plataforma da América Latina, faturamos centenas de milhões e conseguimos criar um negócio em que entregamos um serviço a preço justo e rápido na casa das pessoas, triplicamos a renda de quem trabalhar conosco (elas ganham mais que no salão) e geramos inclusão financeira para as pessoas que prestam serviços para a Singu – 90% eram desbancarizadas, mas criamos o Banco Singu, com vários produtos financeiros. Em janeiro de 2019 criamos a Gestão 4.0. Pouco antes disso, sou paraquedista e sofri um acidente grave. Quebrei a tíbia e a fíbula, minha perna se partiu, e quase fui amputado. Fiquei um mês de cama. Sou muito ativo e comecei a ler muito para ocupar a minha cabeça e não ter uma depressão. Estudei muito os paralelos de gestão das maiores empresas do mundo. Apresentei o resultado disso para algumas pessoas e chamei o Bruno Nardon (ex VP da Dafiti e cofundador da Rappi Brasil) e o Alfredo Soares (fundador da Xtech e sócio da Vtex) para a gente monetizar esse conhecimento juntos e ajudar as empresas a serem melhores geridas. De repente, tínhamos uma escola de negócios. Só em 2019, formamos 750 C Levels que, conjuntamente, faturam mais de R$ 650 bilhões.
Mercado Digital – Até que ponto um empreendedor tem que insistir em um negócio que não é lucrativo, mas que está escalando?
Gomes – Isso é questionável. A Amazon ficou anos sem dar lucro, e hoje é a empresa mais valiosa do mundo. O mesmo acontece com outras companhias. É uma estratégia que está validada. Às vezes os caras investem em 100 empresas, duas dão certo, pagam a conta de todas e ainda dão lucro. Assim como às vezes uma startup não está sendo lucrativa, mas aparece uma oportunidade e a operação é vendida para um grupo maior. Mas, o empreendedor tem que fazer conta, especialmente no Brasil. Nos Estados Unidos, a taxa de juros é baixa, e os investidores se expõem mais em capital de risco. Cerca de 51% da população americana investe na Bolsa, e no Brasil apenas 1,7%. Não temos cultura de investimento de risco. O Brasil é um país com pouca liquidez para startups, então, não devemos nos diluir tanto como eu fiz na época do Easy Táxi, ficando com apenas 4% da empresa. Se eu tivesse nascido nos EUA, a empresa valeria 10 vezes mais e eu teria 20 vezes mais equity. Na Singu, sou controlador. Optei por crescer menos, mas criar empresa mais rentável.
Mercado Digital – Que conselho você dá para os empreendedores que estão em busca de crescimento nas suas operações?
Gomes – A minha maior lição é que você não precisa ter tanta pressa para crescer. Tenha menos pressa e foque no básico ao invés de querer reinventar a roda. Use o seu cliente com investidor. Cresça o seu negócio na medida em que o seu cliente consegue bancar o seu crescimento. E cuide para não pegar muito capital. Tentem ir crescendo gerando a sua própria receita. Pode abrir mão do lucro, reinvestindo em pesquisa e desenvolvimento e times de tecnologia, mas procurem crescer de forma mais saudável. A vida de empreendedor não é fácil, e não dá para querer simplificar e glamourizar isso. A demanda psicológica é grande, pois criar uma empresa exige muito investimento pessoal, ficar longe dos amigos e familiares.
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