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Mercado Digital

- Publicada em 24 de Junho de 2020 às 19:27

'A Ceitec não tem razão de existir como empresa pública', defende gaúcho, secretário do PPI

Cardia participa nesta quinta-feira (25), às 19h, da LIVE do Mercado Digital, no canal do Jornal do Comércio no Youtube e Facebook

Cardia participa nesta quinta-feira (25), às 19h, da LIVE do Mercado Digital, no canal do Jornal do Comércio no Youtube e Facebook


GOVERNO FEDERAL/DIVULGAÇÃO/JC
Em menos de 60 dias, o governo federal deverá dar a sua decisão sobre o futuro da Ceitec. Tudo indica que a recomendação, por unanimidade do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do Ministério da Economia, pela liquidação da empresa será ratificada por decreto do presidente Jair Bolsonaro. O mercado gaúcho reagiu à medida. 
Em menos de 60 dias, o governo federal deverá dar a sua decisão sobre o futuro da Ceitec. Tudo indica que a recomendação, por unanimidade do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do Ministério da Economia, pela liquidação da empresa será ratificada por decreto do presidente Jair Bolsonaro. O mercado gaúcho reagiu à medida
“Não tiramos da cartola a decisão de liquidar a Ceitec. Foram oito meses de estudos”, afirma o secretário no PPI, o gaúcho Wesley Cardia. Para ele não há como continuar mantendo a Ceitec como estatal. “Em 2013, a Ceitec consumiu R$ 97 milhões e faturou R$ 6 milhões; em 2019, consumiu R$ 67 milhões e teve o melhor ano da vida, faturando R$ 8 milhões. Se a empresa fosse tão boa, se sustentaria”, aponta.
Cardia participa nesta quinta-feira (25), às 19h, da LIVE do Mercado Digital, no canal do Jornal do Comércio no Youtube e Facebook, que vai tratar do tema.
Mercado Digital – O que levou o PPI a decidir pela extinção da Ceitec?
Wesley Cardia - Não tiramos da cartola a decisão de liquidar a Ceitec. Quando uma empresa entra para o Programa Nacional de Desestatização, começa a ser estudada e contratamos o BNDES e consultorias especializadas para fazerem a análise da empresa. Como no caso da Ceitec era uma empresa menor, foi feito dentro de casa, entre Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), BNDES e PPI. Foram cerca de oito meses de reuniões até que o conselho do PPI decidisse, período no qual fomos criando a percepção do caminho a ser dado. A decisão pela liquidação passa por entendermos que se há ou não valor de mercado para a empresa. Vale a pena vender o Banco do Brasil? Sim, ele tem grande valor de mercado, por exemplo. Mas Ceitec tem valor negativo. A empresa valeria hoje menos R$ 199 milhões, segundo uma análise contábil que fizemos. Consumiu ao longo dos anos de 10 anos quase R$ 1 bilhão de dinheiro do contribuinte. Ninguém seria afoito a ponto de comprar uma empresa que tem valor negativo.
Mercado Digital – Mas o governo chegou a conversar com as empresas do setor para ver se havia interesse na compra da Ceitec?
Cardia - Conversamos com mais de 10 empresas no Brasil e ninguém tinha interesse. Aliás, uma empresas disse: a gente tem interesse, mas para comprarmos vamos precisar fazer uma associação com uma empesa internacional que tenha 10% de share mundial, o BNDES precisará investir US$ 40 milhões a fundo perdido, as empresas do governo terão que se comprometer a comprar x por ano da Ceitec e a gente quer ter carta branca para demitir as pessoas. Ou seja, colocaram condicionantes que tornam o negócio impossível. Agora, liquidar não é fechar a chave e colocar uma bomba em cima. Dentro do processo de liquidação, tudo pode ser comprado. Podem alugar a sala limpa da prefeitura, se alguém quiser equipamentos, também podem adquirir. Vai ter perda? Sim, R$ 1 bilhão de recursos do contribuinte que foi colocado na empresa e não tivemos retorno.
Mercado Digital – Será possível manter o capital intelectual da empresa?
Cardia - O grande ativo da Ceitec é a mão de obra. A estimativa é escolher uma Organização Social (OS) dentro do MCTIC e transferir as pessoas que quiserem para lá. Claro que será criado um critério para a escolha dos profissionais, mas serão aqueles que agreguem conhecimento científico para atuarem na área se microeletrônica.
Mercado Digital – Um dos fatores apontados por quem acompanha a Ceitec foi a falta de apetite do governo federal de comprar os produtos da empresa, como o chip do passaporte. Por que essa decisão?
Cardia - Por que vamos comprar da Ceitec se podemos comprar de outro fornecedor de qualidade e mais barato? Por que o governo tem que subsidiar indiretamente a empresa? Se o chip da Samsung é mais barato e moderno, compraremos deles. A Ceitec valeu como cérebro, jamais como indústria, pois nunca produziu resultado de mercado. Culpar a Casa da Moeda e os Correios porque não encomendaram produto da empresa não dá.
Mercado Digital – Ter empresas e criar condições para o desenvolvimento de um setor de semicondutores forte no Brasil, de forma a evitarmos a dependência tecnológica, não é um tema sensível ao governo?
Cardia - Isso não cabe ao PPI, mas a nossa visão é que não se deve investir naquilo que a empresa privada faz melhor que o governo. O governo é um mau empresário. Ele gasta mal, investe mal, tudo que faz é caro e o resultado muitas vez é pífio. Além disso, não temos uma indústria, temos um centro de desenvolvimento de tecnologia. Para indústria, falta muito. Não tem como fazer semicondutores em condições de competir com qualquer empresa do mundo especialmente com a mentalidade e as dificuldades das empresas públicas. O estado só deve criar e manter empresas em setores de segurança nacional ou absolutamente necessárias no País porque não há similar. E o que mais tem são players similares na área de semicondutores com ofertas. A sede da Ceitec é fantástica e eu adoraria que Porto Alegre tivesse um centro de excelência desses, mas não tem.
Gostou da entrevista? Não perca a LIVE de hoje (25/06, 19h) no canal do Jornal do Comércio no Youtube e Facebook, que vai tratar do tema. 
João Cammardelli/Arte sobre fotos de Divulgação/JC
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