Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Mercado Digital

- Publicada em 04 de Março de 2020 às 20:02

Avanço da ciência depende de maior presença das mulheres

Elisa Brietzke é referência da presença feminina na pesquisa em neurociência clínica

Elisa Brietzke é referência da presença feminina na pesquisa em neurociência clínica


ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Médica psiquiatra formada pela Universidade Federal do Rio Grande Sul e professora e pesquisadora da Queen's University, no Canadá, Elisa Brietzke construiu ao longo dos últimos 10 anos uma sólida carreira acadêmica no Brasil e no exterior. É hoje uma referência da presença feminina na pesquisa em neurociência clínica e já foi agraciada com o Prêmio L'Oreal/Unesco/ABC para Mulheres na Ciência. Há três anos é uma das curadoras da página "Ciência e Coisas do Gênero" destinada a divulgar a presença feminina na ciência.
Médica psiquiatra formada pela Universidade Federal do Rio Grande Sul e professora e pesquisadora da Queen's University, no Canadá, Elisa Brietzke construiu ao longo dos últimos 10 anos uma sólida carreira acadêmica no Brasil e no exterior. É hoje uma referência da presença feminina na pesquisa em neurociência clínica e já foi agraciada com o Prêmio L'Oreal/Unesco/ABC para Mulheres na Ciência. Há três anos é uma das curadoras da página "Ciência e Coisas do Gênero" destinada a divulgar a presença feminina na ciência.
Jornal do Comércio – Como a existência de mais mulheres cientistas vai se refletir no futuro da sociedade?
Elisa Brietzke – Não dar suporte às mulheres na ciência significa jogar na lata do lixo metade do potencial intelectual da humanidade. É dos cérebros dos e das cientistas que saem as descobertas que vão se traduzir em curas e tratamentos para as doenças, em avanços tecnológicos que vão deixar nossa vida mais segura e mais confortável e em medidas que vão nos desenvolver enquanto sociedade. Precisamos dos melhores indivíduos capazes de fazer a sociedade avançar, inovar e se desenvolver e é tarefa importante remover todo estereótipo que se constitua em uma barreira para isso.
JC – O Brasil tem avançado ou retrocedido nesse tema?
Elisa – O Brasil ainda vê a pouca presença da mulher da ciência como um problema das mulheres e não como uma questão a ser resolvida pelo conjunto da sociedade. Ainda patinamos em algumas questões muito primárias, como a falta de pré-escolas para as mães cientistas. Da mesma forma, o investimento das instituições no desenvolvimento profissional das mulheres cientista ainda é insuficiente. Isso faz com que a presença de mulheres na ciência venha aumentando, mas sua ascensão e permanência em posições de liderança seja muito menor do que a presença masculina.
JC – Quais são os caminhos para avançarmos?
Elisa – Uma primeira dificuldade diz respeito a autoimagem. Quando imaginamos um cientista, geralmente pensamos em um homem, e não em uma mulher. O outro problema é a falta de exposição. Muitas meninas são pouco expostas a oportunidades de desenvolverem interesse pela ciência, especialmente nas chamadas ciências duras, como a matemática, física, astronomia ou química. Elas acabam nem considerando carreiras que envolvam essas áreas. Depois, temos questões como a maternidade, que geralmente chega em momentos críticos da carreira, como o meio de um doutorado ou o início de uma carreira como professora universitária. E, por fim, questões como o assédio sexual e moral e as micro agressões que acontecem no dia-a-dia e que repelem muitas mulheres de perseguirem voos mais altos na carreira cientifica. Sou favorável a existência de programas específicos para a exposição de meninas a atividades cientificas, a linhas de fomentos especificas para mulheres cientistas e a construção de um ambiente mais igualitário nas instituições acadêmicas que permita, por exemplo, que as mulheres tenham mais mentoras na sua formação e não sejam, na sua maioria, orientadas por homens. Do ponto de vista das mulheres, o avanço passa pela empatia, sororidade e ajuda mútua.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO