O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) sempre foi uma referência tecnológica. E depois de 40 anos de carreira na Tecnologia da Informação (TI), uma das líderes dos progressos vividos pela instituição nos últimos anos, Maria Luiza Malvezzi, prepara a sua despedida. Para marcar esse momento da profissional, muito querida pelo setor, uma exposição no hospital, composta por oito ilhas, apresenta os projetos e momentos mais marcantes dessa caminhada. “Quando eu olho pelos corredores do HCPA, neste final de jornada, sinto muito orgulho de ver o trabalho colaborativo que fizemos, com muitas pessoas se envolvendo nas transformações que fizemos. Acho que essa é uma marca que deixo”, comenta.
Luiza lembra que os desafios foram grandes desde o início. Logo que chegou ao HCPA, vinda de Campinas, o hospital estava prestes a desligar o seu mainframe. “Não é fácil a decisão de abrir mão de algo que funcionava muito bem e partir para uma nova plataforma”, relembra. Quem liderou essa transformação foi o professor Sergio Zirbes, que era professor do Instituto de Informática da Ufrgs, e que teve ao seu lado Luiza.
Durante anos, ela atuou na assessoria de TI, junto à presidência. De 2007 a 2013, Luiza foi alçada a posição de CIO do HCPA. O time, que era formado por 48 pessoas na TI, pulou para 97, fazendo com que a área ganhasse importância e robustez. “Preparamos a nossa TI para que ela pudesse passar a desenvolver não apenas sistemas internos, mas para o Brasil”, explica. Um símbolo disso é o Aplicativo de Gestão dos Hospitais Universitários (AGHU). “Foi um projeto extramuros, reconhecido pelo Ministério da Educação como sendo um sistema apto a ser implantado por todos os demais hospitais universitários do Brasil”, acrescenta. Outras iniciativas importantes foram a construção do sistema de Business Intelligence (BI), do Sistema Eletrônico das Informações e a migração das ferramentas colaborativas para o Google. Em 2014, ela retornou para a assessoria da presidência, e passou a se dedicar mais ao planejamento estratégico.
Luiza é um dos casos, ainda não tão frequentes como deveria ser, de uma mulher com formação técnica em Tecnologia da Informação que conseguiu fazer uma carreira de sucesso. “Em 1982, quando iniciei a faculdade de Ciência Computação, na Unicamp, metade da turma era formada por homens e metade por mulheres. Isso é algo que, visivelmente, mudou. Hoje, costumamos ter apenas 15% a 20% de presença feminina nas faculdades ligadas à tecnologia”, relata. Talvez por já ter vivenciado de perto uma situação de mais igualdade no setor, Luiza é hoje uma defensora de uma maior presença das mulheres, e participa de grupos e ações que envolvem uma maior conscientização sobre esse tema.
De mudança para Florianópolis, a meta é continuar aproveitando a vida – ela e o marido já realizaram juntos 83 viagens pelo mundo – e também se aproximar de novos ambientes de inovação na nova cidade. Mas, sem esquecer o que realizou em Porto Alegre. “Estou deixando o meu DNA aqui. O meu filho de 31 anos, Renato Malvezzi, é um dos gestores da TI do HCPA e tem feito um grande trabalho”, diz, orgulhosa.