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Livros

- Publicada em 01 de Outubro de 2021 às 03:00

A obra que inspirou a Constituição dos EUA


AVIS RARA/DIVULGAÇÃO/JC
Os Artigos Federalistas (Avis Rara/Faro Editorial, 464 páginas, R$ 79,00, tradução de Maria Luiza X. de A. Borges), de Alexander Hamilton, John Jay e James Madison, é a obra clássica que inspirou e ratificou a constituição dos Estados Unidos da América, a maior democracia do mundo.
Os Artigos Federalistas (Avis Rara/Faro Editorial, 464 páginas, R$ 79,00, tradução de Maria Luiza X. de A. Borges), de Alexander Hamilton, John Jay e James Madison, é a obra clássica que inspirou e ratificou a constituição dos Estados Unidos da América, a maior democracia do mundo.
Hamilton foi Chefe de Gabinete e Secretário do Tesouro do general George Washington; John Jay foi o primeiro Chefe de Justiça da história dos Estados Unidos, fez parte da Suprema Corte Americana, junto com seis juízes originais e serviu com Benjamin Franklin e John Adams na França. James Madison, chamado de "Pai da Constituição", autor da Declaração dos Direitos, foi o 4º presidente dos Estados Unidos.
O volume é composto por 85 ensaios, resultantes de reuniões que ocorreram na Filadélfia em 1787 e tratam de posicionamentos teóricos sobre as questões e deveres coletivos e individuais, sociais, econômicos e culturais, preocupações estas estruturantes no nascimento daquele país.
Embora a obra tenha sido formulada há mais de dois séculos, esses ensaios atemporais se transformaram num clássico de ciência política, e até hoje são considerados insuperáveis em amplitude e profundidade sobre quaisquer outros produzidos posteriormente.
O direito à liberdade de expressão, o direito à ampla defesa, o direito à liberdade religiosa, e tantos outros que dão ao cidadão o simples direito de viver são algumas premissas básicas de qualquer democracia e essas ideias mereceram tratamento detalhado nos Artigos Federalistas. De tão profundos e importantes os ensaios da obra serviram de modelo para todas as constituições que vieram depois, inclusive a brasileira.
Na atualidade, revisitar esta obra clássica parece, sem dúvida, bem necessário, de vez que em muitos países o Estado avança sobre os direitos individuais do cidadão. Os ensaios elucidam os objetivos da república americana e, ao lado da Declaração da Independência, com as análises sobre ideais de justiça e direitos dos indivíduos, são os pilares da democracia norte-americana.

Lançamentos

  • Como chegar lá - Lições na busca pela excelência (Intrínseca, 352 páginas, R$ 69,90), de Stephen A. Schwarzman, presidente e confundador da Blackstone, líder no ramo de investimento, mostra como ele investiu 400 mil dólares na empresa que em 2019 alcançou a marca de US$ 500 bilhões em investimentos sob sua gestão.
  • Recurso Final - A Investigação da Polícia Federal que levou ao suicídio de um Reitor em Santa Catarina (Editora Objetiva, 304 páginas, R$ 79,90), do consagrado jornalista Paulo Markun, é uma reportagem minuciosa sobre o rumoroso caso de Luiz Carlos Cancellier de Olivo, o Cau, reitor que se suicidou logo que iniciaram as investigações.
  • Jean Gillon (Editora Olhares, 300 páginas, R$ 169,00), de Enock Sacramento, Giancarlo Latorraca, e Graça Bueno, organizadora, apresenta a obra múltipla de Gillon, imigrante naturalizado que em muitos suportes marcou época. O livro apresenta 400 imagens e ensaio fotográfico de Ruy Teixeira. A icônica cadeira em forma da jangada à beira-mar está na capa.

Saudades de um Brasil mais afinado

Infelizmente a gente sempre soube e continua sabendo que o nosso querido Brasil é carente de fatos históricos e heróis realmente grandes e verdadeiros. Temos alguns, é claro, nas áreas de economia, política, história, cultura e nos esportes. Deixo aqui de citá-los porque não é esse o objetivo deste texto e até para não cometer injustiças.
Mas diante dessas crises todas e de tantas divisões, me permito citar o Plano Real, do saudoso e correto governo do presidente Itamar Franco, plano este que acabou com a inflação de tamanho oceânico que nos infernizava. O Plano talvez seja nosso fato histórico mais relevante, ao menos na história recente. Itamar merece ser mais lembrado pelo Real e por outros feitos e por sua maneira de ser. Não há livro ou processo contra Itamar Franco. Vale recordar seu jeito de "homem comum" e pensar naqueles momentos decisivos para nós, brasileiros.
Quero também falar do gigante Tom Jobim, dos tempos da bossa-nova e dos anos JK, os "anos dourados", lembranças que nos animam a ir adiante nesses tempos difíceis, quando nos aproximamos das comemorações dos duzentos anos da nossa Independência.
Saudades daqueles anos que podem não ter sido perfeitos, mas que marcaram positivamente nossa História. Final dos anos cinquenta, inícios dos anos 1960, posse de JK em 1956 (João Goulart, vice), o plano "Cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo", desenvolvimentismo, otimismo, Brasília de Lúcio Costa e Niemeyer, PIB em média de sete por cento ano e taxa per capita aumentando quatro vezes mais do que o restante da América Latina. Sim, tivemos outros períodos felizes, importantes, mas esses que cito certamente não podem e não devem ser esquecidos.
No meu modesto entender, o jazz foi a maior criação dos Estados Unidos; e a bossa nova, que renovou o samba com sua "batida diferente" e saiu da Zona Sul do Rio de Janeiro para o mundo, colocando a Garota de Ipanema e o Brasil no universo, foi uma de nossas criações maiores. Tom, maestro, músico, cantor, compositor e arranjador tem até o Brasil no nome: Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim e, junto com Vinicius, João Gilberto e tantos outros nos deixou um Brasil mais afinado.
Tudo bem, podem me chamar de saudosista e discordar à vontade, podem apontar os problemas, norma, democrático, mas nesses tempos tão turbulentos e cacofônicos, é bom dar um tempo para recordações felizes e lembrar de uma época com divisões menos complicadas e dramáticas.
Tom e a bossa nova ganharam sucesso de público e de crítica no planeta e até hoje muitos músicos da noite e do dia ganham seu pãozinho cantando os clássicos da bossa, um tempo que foi mas não foi. A maior parte dos músicos do globo reverenciam nossa bossa nova, que teve influência do jazz, mas depois também influenciou o jazz, como acontece felizmente no reino da música.

A propósito...

Essas lembranças aí nos inspiram a pensar, quem sabe, no que é melhor para o coletivo. Se o coletivo não estiver bem, dificilmente o individual estará. Não dá para se iludir. As coisas boas daqueles tempos, no doce balanço da bossa e nas coordenadas do Plano Real e do Itamar, devem servir para que a gente pense em caminhos democráticos, em bons rumos econômicos, sociais, artísticos e políticos. Óbvio que não é fácil, que a perfeição jamais será atingida e que a democracia é uma construção milenar sempre em andamento, um "work in progress" eterno, quem não sabe. Mas é o que temos para hoje e, se soubermos administrar, ao menos um pouco, os conflitos individuais e coletivos, quem sabe colocamos mais uns fatos e uns heróis grandes e verdadeiros para a História. (Jaime Cimenti)