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Livros

- Publicada em 10 de Setembro de 2021 às 03:00

Felicidade, sucesso, virtude e resiliência

Nesses tempos de incertezas e turbulências políticas, econômicas e sociais, mais do que nunca é bom aproveitar as biografias e as histórias de indivíduos brilhantes, desde a Antiguidade, que nos deixaram lições atemporais sobre coragem, justiça, temperança, felicidade, sucesso, resiliência e sabedoria para uma vida plena.
Nesses tempos de incertezas e turbulências políticas, econômicas e sociais, mais do que nunca é bom aproveitar as biografias e as histórias de indivíduos brilhantes, desde a Antiguidade, que nos deixaram lições atemporais sobre coragem, justiça, temperança, felicidade, sucesso, resiliência e sabedoria para uma vida plena.
A Vida dos Estoicos - A arte de viver de Zenão a Marco Aurélio (Editora Intrínseca, 400 páginas, R$ 59,90, tradução de Alexandre Raposo e Luiz Felipe Fonseca), de Ryan Holiday, pensador celebrado, palestrante e escritor best-seller do New York Times, e Stephen Hanselman, editor, livreiro e agente literário, obra que alcançou o primeiro lugar da lista de mais vendidos do The Wall Street Journal, é, sem a menor dúvida um excelente guia introdutório sobre os líderes da filosofia ética greco-romana. Ryan é autor dos best-sellers O ego é seu inimigo e A quietude é a chave.
Os autores demonstram que a história do estoicismo é uma história do triunfo sobre a adversidade. Os estoicos enfatizavam o poder de colocar a ação frente ao poder das ideias e isso encantou personalidades do Vale do Silício, atletas do NBA e da NFL, financistas de Wall Street e artistas.
De Zenão, o profeta, um comerciante falido que fundou uma escola na Ágora ateniense há 23 séculos, a Marco Aurélio, o imperador filósofo, passando por Sêneca, Diógenes, Cícero e Epicteto, os autores apresentam 26 textos que mostram como os estoicos valorizavam a forma como as pessoas vivem, as escolhas feitas, as causas que seguem e os princípios que seguem para enfrentar as adversidades.
Holiday e Hanselman acreditam que "será trabalho do leitor, muito após percorrer estas páginas, levar em consideração tais conselhos e lidar com aquilo que Sêneca descreve como o trabalho mais importante para o leitor de filosofia: o ato de transformar palavras em obras. Transformar as lições de vida de homens que vieram antes de nós, suas trajetórias e morte, seus sucessos e fracassos, em ações no mundo real".

lançamentos

  • Fui demitido, e agora? Como enfrentar a situação e dar a volta por cima (Editora AGE, 91 páginas, R$ 19,90), do conhecido empresário Cláudio Fróes Peña, apresenta dez cases de profissionais que ficaram desempregados. Executivo, motorista de caminhão, vereador, aviador, médico, velejador, tenista, dentista e dono de restaurante. O autor mostra como superaram a situação.
  • Bahia de Todos os Negros (História Real, 224 páginas, R$ 59,90), de Fernando Granato, escritor e jornalista, vencedor do Prêmio Imprensa Embratel e indicado ao Jabuti de reportagem por obras sobre Guimarães Rosa, apresenta as vidas de Luiz Gama e sua mãe, que são fios condutores da abrangente reconstituição dos levantes que forjaram o Brasil atual.
  • A Presença de Antígona - O Poder subversivo dos mitos antigos (Editora Rocco, 192 páginas, R$ 49,90), de Helen Morales, mostra como se pode ler de modo diferente as histórias clássicas e como se pode detectar as origens da resistência feminista. Sem dúvida, um novo e instigante olhar sobre a antiguidade clássica.
     

O coração amoroso do Bom Fim

O Bom Fim é um dos bairros mais históricos, icônicos e importantes de Porto Alegre. Especialmente após a Segunda Guerra Mundial, recebeu muitos imigrantes judeus e até hoje conserva marcas daquele tempo. O grande Moacyr Scliar em muitas obras imortalizou as pessoas, as casas e as muitas histórias que eternizam o bairro.
Nos anos 1980-1990, o bairro tornou-se o principal reduto boêmio e cultural da Capital, era o Território Livre do Bom Fim. Nei Lisboa tornou-se o Senhor do Bom Fim, naqueles tempos de Bom Fim Berlim, o Bom Fim, o nosso Village, era onde tudo de mais revolucionário e novo acontecia, de dia, de noite, de madrugada.
O lendário, saudoso e imortal bar Escaler, criado pelo marujo pelotense Antônio Carlos Ramos Calheiros, o Toninho do Escaler, foi um dos principais palcos daqueles tempos em que o Magro do Bonfa buscava namoradas e inspiração para criar o antológico personagem que ganhou o Brasil e o mundo. O Escaler era o território da democracia, da liberdade, da música e de tribos diversas, como os punks, os hippies, os góticos e os metaleiros. Era o coração amoroso do Bom Fim, que estava aberto a todos, feito um grande coração de mãe.
Toninho resolveu dar um longo depoimento sobre o Escaler e escolheu a pessoa mais certa para ouvi-lo: Paulo César Teixeira, o nosso querido Foguinho, jornalista que já nos deu os belos livros Esquina Maldita; Nega Lu - Uma Dama de Barba e Rua da Margem - Histórias de Porto Alegre. A trajetória de Toninho, acima de tudo um brilhante agitador cultural e do eterno Escaler emociona e mostra como faz falta um lugar verdadeiramente democrático em nossa cidade. Toninho sempre desejou que o Escaler fosse um espaço de convivência mais amorosa entre as pessoas, que é justamente o que nos faz falta, nestes tempos rápidos, agitados, nos quais as pessoas brigam até com as próprias sombras e se dividem, digladiando dentro e fora das redes sociais.
Escaler: quando o Bom Fim era Nosso Senhor (Pelotas: Ballejo, Cultura e Comunicação, 196 páginas, R$ 71,00) traz a infância de Toninho, a onda do suco natural, os shows do Escaler (incluindo o antológico show de Bebeto Alves), os acontecimentos políticos e mil histórias sobre o espaço que parecia anárquico, mas que era mesmo organizado e democrático. Sonhos e realidades que ficaram nos escaninhos de nossas memórias afetivas.
Um dos capítulos mais tocantes do livro é sobre o anjo do Bom Fim, Ivo Salton, nascido em uma família de agricultores de Encantado, no Vale do Taquari e que abriu no prédio número 1.086 da Osvaldo Aranha a gloriosa Lancheria do Parque, que até hoje alimenta as almas e os corpos de muitos moradores e visitantes. O Escaler e a Lancheria eram parceiros e o clássico de futebol de pelada na Redenção Escal-Parque marcou época. O clássico foi batizado como Sangue e Areia e a coisa terminava numa boa churrascada, já com o sol na linha do horizonte.
Vizinhos ilustres como o Zé do Passaporte, o cachorro-quente mais antigo da cidade e a histórica Standard Propaganda, na José Bonifácio, marcaram época, enquanto girava a roda-gigante da Redenção e Kátia Suman surfava nas ondas da rádio Ipanema FM.

a propósito...

Deixo para os leitores lerem sobre o traumático fechamento do Escaler e o exílio de Toninho no Uruguai. Depois de ter feito tanto pela cultura do Bom Fim, Toninho foi recebido de braços abertos por uma das maiores expressões da cultura uruguaia: Carlos Páez Vilaró, último discípulo de Pablo Picasso e amigo próximo de Vinicius de Moraes. Vilaró faleceu aos 90 anos, em 2014, quando Toninho já estava de volta ao Brasil. Os três anos de convívio com Vilaró e outros nobres personagens da cultura Uruguai ajudaram Toninho a se recuperar do baque com o fechamento do Escaler. O tempo e as pessoas farão as melhores reflexões. O mais importante agora, com o relato do Toninho, é lembrar das coisas boas, da democracia, da liberdade e dos sonhos que habitaram o Bom Fim e que permanecem nos inspirando a pensar, a agir e a achar que é possível um mundo com mais delicadeza, amor e convívio fraterno. O resto não é silêncio.