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Livros

- Publicada em 03 de Setembro de 2021 às 03:00

Recontando a história da literatura brasileira


ARQUIPÉLAGO EDITORIAL/DIVULGAÇÃO/JC
Duas formações, uma História - Das ideias fora do lugar ao perspectivismo ameríndio (Arquipélago Editorial, 400 páginas, R$ 79,50), do consagrado professor, escritor e ensaísta Luís Augusto Fischer, é uma dessas grandes obras que, pela amplitude, temática e originalidade, dá para dizer que já nascem clássicas. Fischer é doutor em Letras e professor de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e é autor, dentre muitos outros livros, da novela Quatro Negros e do Dicionário de porto-alegrês. Pela Arquipélago Editorial, ele publicou Machado e Borges - E outros ensaios sobre Machado de Assis e Inteligência com dor - Nelson Rodrigues ensaísta, vencedores do Prêmio Açorianos de Literatura, além de Filosofia Mínima - Ler, escrever, ensinar, aprender, finalista do Prêmio Jabuti.
Duas formações, uma História - Das ideias fora do lugar ao perspectivismo ameríndio (Arquipélago Editorial, 400 páginas, R$ 79,50), do consagrado professor, escritor e ensaísta Luís Augusto Fischer, é uma dessas grandes obras que, pela amplitude, temática e originalidade, dá para dizer que já nascem clássicas. Fischer é doutor em Letras e professor de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e é autor, dentre muitos outros livros, da novela Quatro Negros e do Dicionário de porto-alegrês. Pela Arquipélago Editorial, ele publicou Machado e Borges - E outros ensaios sobre Machado de Assis e Inteligência com dor - Nelson Rodrigues ensaísta, vencedores do Prêmio Açorianos de Literatura, além de Filosofia Mínima - Ler, escrever, ensinar, aprender, finalista do Prêmio Jabuti.
O livro resultou da pesquisa de pós-doutorado de Fischer, realizada na Université Sorbonne Nouvelle - Paris 3 e de mais de quatro décadas dedicadas ao tema e, ao longo das páginas, o autor reflete sobre os múltiplos elementos que atravessam o percurso literário no Brasil, desde o período colonial até dilemas contemporâneos como o livro digital, as redes sociais e o apelo às metrópoles. Há destaque para a importância da canção, da voz dos povos indígenas e do movimento feminista como fenômenos sociais e históricos que devem ser levados em conta.
Muito mais do que fazer uma retrospectiva de obras e autores, Fischer se debruça sobre a forma como a trajetória literária no Brasil tem sido pensada e contada. É uma reflexão sistemática sobre a história da literatura no Brasil, revendo as várias gerações de historiadores, dos primeiros, de 200 anos atrás, passando por Sílvio Romero e José Veríssimo, Nelson Werneck e Alfredo Bosi, e detendo-se minuciosamente sobre Antônio Candido e Roberto Schwarz.
"O que foi escrito sobre a complexidade da sociedade brasileira e de sua literatura, Fischer sintetiza em um diagrama no qual, ao lado da cidade de Machado de Assis, surgem a plantation e o sertão", escreveu João Fragoso, na introdução.

A China venceu?

Ninguém duvida que no mundo atual a maior questão em se tratando de relações internacionais é a evolução das relações dos Estados Unidos com a China. A humanidade torce para que as potências cooperem, mas o atrito permanente segue.
A China venceu? (Editora Intrínseca, 368 páginas, R$ 49,90, tradução de Bruno Casotti), obra do diplomata e professor universitário Kishore Mahbubani, um dos mais renomados intelectuais asiáticos, trata do tema com clareza, profundidade e originalidade. Mahbubani foi diplomata por 33 anos (dez como Embaixador de Cingapura na ONU) e foi professor durante 15 anos, chegando a ser reitor da Lee Kuan Yew School of Public Policy. Em 2019 foi eleito para a Academia Americana de Artes e Ciências. Publicou vários livros, entre eles Can Asians Think? e Has the West Lost It?, e atualmente reside em Cingapura.
Kishore ficou conhecido mundialmente por falar verdades indesejáveis para o Ocidente e apresenta uma análise contundente sobre a grande rivalidade entre os Estados Unidos e a China. Os recentes embates comerciais entre os dois países, como a crise em torno do aplicativo TikTok e o debate sobre as causas da crise sanitária mundial provocada pela Covid-19, bem como a ofensiva de Joe Biden na reunião do G7 em junho, não deixam a menor dúvida de que as potências estão em disputa e, no ver do autor, o gigante asiático tem influência crescente no Ocidente. Não há dúvida de que esta é a principal disputa geopolítica da primeira metade do século XXI.
No livro, a visão diferenciada de Mahbubani, proveniente de sua origem e de sua atuação como embaixador de Cingapura na ONU, confere novos ares à tradicional análise das relações internacionais realizadas por intelectuais norte-americanos e europeus. Fazendo analogia com a Guerra Fria, traz os Estados Unidos como uma potência inflexível e a China como a nova rival adaptável e pragmática.
O autor aponta para a estagnação da potência norte-americana, a crença errônea do seu povo em sua superioridade inabalável e o maior crescimento econômico da história da China nos últimos quarenta anos como fundamentais para a mudança da balança de poder global.
Mahbubani aponta outros fatores para a ascensão chinesa: a consciência que os chineses têm do seu país, que em 2021 celebra os cem anos do Partido Comunista Chinês, o fato de viverem seu melhor momento em mais de dois mil anos de civilização e as lições sobre desenvolvimento absorvidas pelos países asiáticos.
Ao mesmo tempo em que elenca os pontos fortes da China, fala das vantagens estratégicas dos Estados Unidos, como ser detentor da moeda que comanda o comércio mundial e o patriotismo que fortalece o ganho de poder individual do povo americano e torna possível o surgimento de personagens poderosos como Bill Gates (Microsoft), Steve Jobs (Apple) e Jeff Bezos (Amazon). Num memorando fictício ao presidente Xi Jinping, o autor escreveu: "A China se reergueu após 100 anos por causa de uma figura grandiosa como Mao Tsé-Tung. A sociedade americana produz muitos Mao Tsé-Tung".
 

a propósito...

Como evoluirá o relacionamento entre os gigantes de nosso mundo? Essas perguntas todos fazem, esperando que as potências busquem entendimento e cooperação, para o bem do resto do planeta. Muhbubani diz que se os atritos continuarem, os Estados Unidos podem perder a vantagem, não tanto pela superioridade inerente da China, mas devido aos seus próprios erros, em especial o seu fracasso em compreender a realidade chinesa. Para o jornal Folha de São Paulo, "a despeito de a sociedade americana ser bastante aberta, ela ainda tem seus tabus. A primazia do país é um desses assuntos intocáveis. Para os americanos, os EUA estarão sempre em primeiro lugar. Mahbubani está convencido da necessidade de abrir os olhos dos americanos para o momento - inescapável - em que a China se tornará a primeira economia do mundo".

lançamentos

A Linha divisória de Istambul & Turismo em tempo de guerra - Crônicas de Viagens (Editora Penalux, 140 páginas, R$ 40,00), de Carolina Degrazia e José Eduardo Degrazia, filha e pai, traz dois estilos, duas visões de mundo, não apenas no conteúdo, mas também na forma, em torno do mesmo gênero, a crônica e do mesmo tema, a estrada.
A Semente do Encantar-se (Catarse.me, 202 páginas, R$ 45,00), segundo livro de poemas da poeta e escritora Renata Pereira, autora de Da alma selvagem, traz versos sensíveis e profundos como "Que o meu viver/ seja tão intenso/ ao ponto de despertar espírito/ em tudo que jazia inanimado" e "Escondida em cada instante/ existe uma semente.
O homem mais feliz do mundo - A bela vida de um sobrevivente de Auschwitz (Editora Intrínseca, 224 páginas, R$ 49,90), de Eddie Jaku, que hoje tem 101 anos, narra a trajetória do prisioneiro que escapou da morte e foi para a Austrália. A obra recebeu o prêmio australiano ABIA Biography Book of the Year.