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Coluna

- Publicada em 29 de Janeiro de 2021 às 03:00

A terrível e insana polarização de 2020

O ano em que a terra parou - Polarização da política e a escalada da insanidade (Faro Editorial, 256 páginas, R$ 49,90), do consagrado e premiado escritor e jornalista Luciano Trigo, autor de ensaios jornalísticos como O Viajante Imóvel - Machado de Assis e o Rio de Janeiro de seu tempo e de obras de ficção, poesia e livros infantis, apresenta relatos sobre o pior ano de todos os tempos e fala do que podemos esperar para o futuro.
O ano em que a terra parou - Polarização da política e a escalada da insanidade (Faro Editorial, 256 páginas, R$ 49,90), do consagrado e premiado escritor e jornalista Luciano Trigo, autor de ensaios jornalísticos como O Viajante Imóvel - Machado de Assis e o Rio de Janeiro de seu tempo e de obras de ficção, poesia e livros infantis, apresenta relatos sobre o pior ano de todos os tempos e fala do que podemos esperar para o futuro.
A pandemia da Covid-19 que já matou mais de um milhão e meio de pessoas e impôs regras de confinamento social a populações inteiras, gerando recessão e desemprego em escala inimaginável, não foi, como se sabe, a única tragédia de 2020. O ano ficará para sempre marcado pela escalada da insanidade provocada pela polarização política e pela consolidação de uma agenda que inclui a defesa da censura, a perseguição a adversários e, na prática, a ditadura das minorias, tudo em defesa da ordem democrática.
Luciano Trigo fala do otimismo com relação às vacinas, mas sabe que só o tempo dirá o que realmente acontecerá e comenta sobre as mutações do vírus. Trigo alerta para movimentos violentos e ideias exageradas, mostrando que devemos ver o Brasil real muito além do que é mostrado em timelines de redes sociais de professores, intelectuais e artistas.
Crítico da "cultura da lacração" que anda por aí, causando muitos estragos, com seus "cancelamentos" e "pensamentos hegemônicos", o autor vai na contracorrente e não tem medo de pensar e escrever com originalidade sobre temas como o uso de pronomes neutros e os ataques a Woody Allen.
Trigo examina a agenda secreta por trás das diferentes manifestações da polarização e alerta para os riscos decorrentes da erosão dos valores compartilhados, sem os quais nenhuma sociedade consegue sobreviver. O autor convida a manter o equilíbrio e a serenidade em meio à guerra de narrativas.

Francisco Michielin e a Caxias do 1900

A epopeia da grande imigração italiana em nosso Rio Grande do Sul, muito merecidamente, já foi alvo de poemas, peças de teatro, contos, novelas, romances, livros memorialísticos, obras ensaísticas e históricas, coletâneas de provérbios e fotografias, entre outras manifestações culturais. O clássico romance moderno O Quatrilho, do professor e escritor José Clemente Pozenato, que foi adaptado para o cinema e candidato ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1996, se destaca. O querido e saudoso Frei Rovílio Costa, que nos deixou precocemente, editou centenas de livros sobre a nossa gloriosa imigração, muitos escritos por ele mesmo.
Nesse contexto foi lançado, há poucos dias, o alentado romance Máxima culpa - Tempos de vinhos e ventos de sangue (Autografia, 582 páginas), de Francisco Michielin, professor, médico cardiologista e pesquisador por vocação e jornalista por paixão, que segue ativo e produtivo aos 77 anos. Por seu conteúdo e forma, a obra, diferenciada, se coloca, com brilho e originalidade na rica bibliografia sobre nossa imigração italiana, que nos trouxe milhões de descendentes e progressos em vários campos, digno de elogios.
Francisco Michielin nasceu em Caxias do Sul e iniciou no jornalismo aos 14 anos. É considerado o historiador oficial do Juventude e escreveu mais de dez livros. Casado há 30 anos com Elizabeth Menetrier, ex-rainha da Festa da Uva, tem dois filhos: Francisco Michielin Filho e João Henrique Michielin, que são cardiologistas como o pai.
A narrativa de Máxima culpa é centrada nas incríveis histórias aventurosas dos criminosos irmãos Brocatto, que tinham extensa ficha de crimes, antes e após fugirem da Itália e viverem em Buenos Aires, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Mesclando habilmente ficção e realidade, o autor relata as barbaridades que os dois perpetraram. Domingos Brocatto ostentava diploma falso de farmacêutico e Thomaz atuou como médico, sem jamais ter concluído a formação em Medicina.
Personalidades da Caxias antiga, do final do século XIX, como o Padre e jornalista Pietro Nosadini e a cafetina francesa Salomé, dona da famosa Pensão Salomé, além de políticos corruptos e outras figuras altamente polêmicas estão na caudalosa narrativa, que apresenta a própria cidade como personagem, com seus cenários e fatos históricos. A obra de Michielin certamente deve inspirar adaptações para teatro, cinema e outras plataformas.
Depois dos muitos crimes cometidos em Caxias, os Brocatto partiram para Lages (SC), onde seguiram com seus atos ilegais e inspiraram novas pesquisas e livros. Um historiador que preferiu fica no anonimato disse que os Brocatto chegaram a pensar em ir para Bento Gonçalves, mas que receberam um forte recado para não colocarem os pés por lá. Há quem conteste o historiador e diga que ele nem existiu, que é tudo pura invenção e mentira. O futuro dirá.
 

a propósito...

O belo romance Máxima culpa apresenta, também, dados comoventes das últimas décadas do século XIX na Itália, quando a situação estava dificílima e os pobres tiveram que deixar o seu país para buscar alimento e algum futuro em outros locais, como o Brasil. Aspectos do Baile da Ilha Fiscal no Rio de Janeiro e da sociedade porto-alegrense do final do século XIX também estão no livro, que, como se disse, romanceia sobre fatos e personagens históricos. Enfim, a narrativa enfoca a imigração sob um ângulo diferente e, sem deixar de lado os bons valores humanos e religiosos dos imigrantes e sua imensa força de trabalho e criatividade, mostra facetas que ainda não foram suficientemente abordadas. Deve ser saudada a publicação. (Jaime Cimenti)
 

lançamentos

  • Como gostais - A Comédia dos Erros (Editora Movimento, 302 páginas, R$ 59,50), do genial William Shakespeare, em tradução interlinear e bilíngue de Elvio Funck, traz a única peça de Shakespeare que respeita as unidades de tempo e espaço. Os acontecimentos são narrados em "tempo real" na comédia romântica escrita em torno de 1600.
  • Romance de Formação - Caminhos e Descaminhos do Herói - (Ateliê Editorial, 576 páginas, R$ 96,00) traz ensaios densos e sugestivos de especialistas, com organização do professor Marcus Vinicius Mazzari e da editora Maria Cecília Marks, sobre Joyce, Svevo, Clarice Lispector, Flaubert e muitos outros. Obra oportuna em tempos de colapso do humanismo.
  • Duna - Graphic Novel - Volume I (Editora Intrínseca, 176 páginas, R$ 49,80 no exemplar impresso e 34,90 na versão em e-book), clássico de ficção científica de Frank Herbert, foi adaptado pela novela gráfica por Brian Herbert e Kevin J. Anderson e ilustrado em cores por Raúl Allén e Patricia Martín.