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Coluna

- Publicada em 08 de Janeiro de 2021 às 03:00

Diferenças, preconceitos e inclusão por Lelei Teixeira

E fomos ser gauche na vida (Pubblicatto, 166 páginas, R$ 45,50) é a estreia em livro individual da jornalista e assessora de imprensa Lelei Teixeira, apresentando memórias e reflexões sobre capacitismo, acessibilidade e quebra de tabus, num mundo e numa sociedade que ainda têm muito o que evoluir sobre as várias questões que envolvem a diversidade.
E fomos ser gauche na vida (Pubblicatto, 166 páginas, R$ 45,50) é a estreia em livro individual da jornalista e assessora de imprensa Lelei Teixeira, apresentando memórias e reflexões sobre capacitismo, acessibilidade e quebra de tabus, num mundo e numa sociedade que ainda têm muito o que evoluir sobre as várias questões que envolvem a diversidade.
O titulo da obra faz referência direta ao famoso verso de Carlos Drummond de Andrade, contido no antológico Poema de Sete Faces. Lelei conta sua história e de sua irmã Marlene, professora universitária falecida em 2015. As duas, pessoas com nanismo, saíram de Jaquirana e foram residir em Porto Alegre. Um ano depois do falecimento da irmã, Lelei, que trabalha na Gira Produção e Conteúdo Ltda., criou o blog "Isso Não é Comum", no qual trata de como é viver com as dificuldades próprias de sua condição. Inicialmente, o livro seria escrito a quatro mãos, com a irmã, mas o falecimento de Marlene mudou tudo. Com sua primeira obra, Lelei ressalta, acima de tudo, que que os anões não devem ser vistos como bonecos ou crianças e que a diferença está apenas na altura e que isso não deve jamais ser fator impeditivo de uma vida pessoal e profissional com todas as realizações possíveis. O isolamento causado pela pandemia acelerou a feitura do livro.
Em sua casa Lelei e a irmã fizeram as adaptações necessárias para o cotidiano, especialmente o tamanho dos móveis, mas em espaços públicos, como em sanitários, por exemplo, as dificuldades existem, com pias e torneiras em alturas impraticáveis para pessoas com nanismo.
Acima de tudo, o relato consistente e bem elaborado de Lelei serve de inspiração não apenas para pessoas como ela e a irmã, mas também para todos os que têm dificuldades para se realizar com plenitude na vida, especialmente nesses tempos rápidos e num mundo extremamente competitivo. No fundo é sempre bom lembrar do velho dito popular: tamanho não é documento e que devemos pensar que todos têm o direito de viver sem limites.

THE CROWN

Passados 20 anos desse trepidante século XXI, mesmo depois das incontáveis, rápidas e inimagináveis mudanças destas últimas décadas, seguimos curtindo algumas monarquias e seus contos de fadas, que são milenares como a Igreja Católica e outras religiões antigas.
A série televisiva The Crown produzida a pedido da Netflix e sucesso mundial, retrata a trajetória da Rainha Elizabeth II, desde seu casamento com o Príncipe Philip, em 1947, até inícios dos anos 1990, com os célebres acontecimentos envolvendo o casamento, a separação e a morte da lendária Lady Diana, a Princesa do Povo, a nobre que até hoje desperta emoções nos quatro cantos do planeta.
A família real inglesa é, provavelmente, a família mais famosa do mundo e as vidas de seus membros, especialmente a da Rainha, são notícia permanente, em muitos locais do planeta. Em alguns momentos a monarquia, mesmo a da Dinamarca, a mais antiga da Europa, é colocada em discussão e muitos pensam que já deveria ter sido extinta. Mas, especialmente na Inglaterra, apesar dos pesares, milhões de súditos reverenciam os royals e pedem sua permanência.
Acho que o maior mérito da série, que já conta com quarenta episódios em quatro temporadas (há previsão de mais duas), é o de mostrar os aspectos mais íntimos e mais humanos daqueles que tentam ficar na mídia e ,ao mesmo tempo ,manter uma privacidade que hoje em dia quase ninguém mais tem.
Os episódios mostram gigantes como Winston Churchill, Margaret Thatcher em ação, na vida pública e na intimidade, e anônimos serviçais que se desdobram para cumprir as tarefas que dão suporte às vidas das celebridades e mostram que todos são importantes no grande teatro da vida.
Claro que a série provoca críticas, dentro e fora dos palácios ingleses, por suas abordagens e revelações, e fica evidente que realidade e ficção estão bem mescladas na produção, que, diga-se, é extremamente cuidadosa com cenários, figurinos, datas e personagens históricos. Apesar do ritmo lento e da quantidade e longa duração dos episódios, milhões de espectadores ficaram magnetizados e acompanharam os acontecimentos, muitos dos quais com repercussões em nível mundial.
Dizem que membros da família real se indignaram com o tratamento que lhes foi dado pela série e que acharam que seus retratos não foram dos mais simpáticos. De certo preferiam, como todos os humanos, um photoshop básico. Em parte talvez tenham razão, mas, na verdade, há muitas cenas e situações mostrando qualidades e aspectos positivos do clã e, como um todo, a série mostra a complexidade da vida, dos sentimentos, das pessoas e das situações. Todo mundo prefere que os outros e a imprensa falem só das coisas boas, mas na vida real a coisa é como é...
 

a propósito...

Ao fim e ao cabo, a grande personagem da série, além da Rainha Elizabeth II, é a própria Coroa, ou seja, a instituição que no caso inglês data de 1066 e permanece por suas qualidades e defeitos, por sua força e por suas fragilidades. A questão absolutamente humana da tradição e da renovação, que permeia toda a história da humanidade, está na série de modo magistral. A Coroa é pensada e praticada por humanos e, assim, passos para trás, passos adiante, vai percorrendo o século XXI, com cara de quem não está de saída. Uma reinvençãozinha aqui, outra ali, um gesto grande aqui, uma mesquinharia lá e la nave va... Diversão, reflexão, fofocas e tudo mais garantido por uns bons séculos, pelo visto... (Jaime Cimenti)
 

lançamentos

  • A Hora da Estrela (Editora Rocco, 88 páginas, R$ 29,90), edição comemorativa do último livro de Clarice Lispetor, mostra a obra que tem tom de despedida e traz Macabéa, datilógrafa, alagoana virgem e solitária que vai viver no Rio de Janeiro sob a tirania de uma tia. O livro foi publicado em 1977, meses antes da morte da autora.
  • O trauma na pandemia do coronavírus (Civilização Brasileira, 168 páginas, R$ 34,90), do consagrado psicanalista Joel Birman, fala, com rigor e clareza, do trauma na pandemia e suas dimensões política, sociológica, ética, social, econômica, cultural e científica. Obra bem oportuna para nossos tempos sombrios.
  • A pantera das neves (L&PM Editores, 168 páginas, R$ 44,90), do escritor francês Sylvain Tesson, especialista em viagens, retrata as expedições de Vincent Munier, célebre fotógrafo de animais, em busca da raríssima pantera das neves, ameaçada de extinção. A obra foi fenômeno de vendas na França.