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Coluna

- Publicada em 18 de Dezembro de 2020 às 03:00

O comércio gaúcho por Fernando di Primio


conceito editora/jc
Desde os tempos dos antigos bolichos, onde tinha de tudo, até boa prosa, na Capital e no interior, e da dura vida dos comerciantes com a barriga no balcão e incontáveis horas diárias de serviço, até os modernos supermercados e shopping centers, o caminho foi longo, laborioso e sempre voltado para as necessidades da comunidade.
Desde os tempos dos antigos bolichos, onde tinha de tudo, até boa prosa, na Capital e no interior, e da dura vida dos comerciantes com a barriga no balcão e incontáveis horas diárias de serviço, até os modernos supermercados e shopping centers, o caminho foi longo, laborioso e sempre voltado para as necessidades da comunidade.
Os últimos cem anos dessa história bonita estão bem contados e ilustrados por dezenas de fotografias no belo livro Do bolicho aos supermercados - Um panorama histórico e cultural do comércio no RS (Conceito Editora, 266 páginas), do consagrado jornalista, poeta e editor Fernando di Primio, um dos maiores conhecedores de supermercados no Brasil e que editou, por 24 anos, a Revista Agas.
Finissimamente impresso, com capa dura ilustrada pelo conhecido artista plástico Érico Santos, o volume tem prefácio de Antônio Cesar Longo, presidente da Agas, e patrocínios de Atacadão, Grupo Zaffari, Super Apolo, Asun, Comercial Zaffari, Dipam Gaúcha, Frölich, GS1 Brasil, Imec e UnidaSul.
Com dados interessantes, precisos, e detalhes consistentes, a obra retrocede aos anos 1920, tempo dos caixeiros viajantes e bolichos e narra o início do autosserviço no mundo, no Brasil e no estado, mostrando a origem da pujança de nossos supermercados, em especial os do gigante e inovador Grupo Zaffari, iniciado pelo casal Francisco José e Santina de Carli Zaffari, com um armazém de secos e molhados em 1935, na Vila Sete de Setembro, em Erechim. Hoje, o Grupo tem 36 unidades, 800 check-outs, 12 mil colaboradores, hotel, 12 unidades de shopping centers e segue cultivando profundos vínculos culturais com as comunidades onde atua.
A obra contou com recursos obtidos pela Lei de Incentivo à Cultura, via Ministério do Turismo e participação dos patrocinadores citados, e comemora os 50 anos da Agas, criada em janeiro de 1971. Cronologia com os principais eventos do setor supermercadista nos últimos 70 anos consta na obra, que mostra como chegamos aos maravilhosos shoppings atuais, onde temos a alegria de comprar, viver e conviver.

O Gambito da Rainha

Os brincalhões dizem que jogar xadrez desenvolve a habilidade para jogar xadrez...Mas eles devem ter mordido a língua depois do sucesso da minissérie O Gambito da Rainha, a mais vista na história da plataforma Netflix. O jogo, que teve origem na Índia no século VI ou na China no século III a.C ou em outro local da Ásia, é muito praticado na Rússia e pode desenvolver muita coisa e inspirar livros como o clássico romance A Defesa de Vladimir Nabokov, que narra a trajetória um menino recluso e ridicularizado rumo ao estrelato no xadrez.
O Gambito da Rainha não faz sucesso por acaso e, em primeiro lugar, a minissérie, baseada no livro homônimo de Walter Tevis de 1983 , trata de um drama individual poderoso, que vai muito além dos clichês para seduzir os espectadores. A transposição do livro para a série contou com sugestões de lendas do xadrez como o russo Kasparov e o americano Pandolfini.
A história da menina órfã que aprende xadrez com o zelador do orfanato, é adotada por um casal e ganha o mundo, após mudar de comportamento e de roupas e vencer problemas com drogas, mostra que para vencer é preciso ter paixão, ser flexível, aprender com os concorrentes, não se abalar por um ou mais de um não, aceitar lições de mestres e adotar uma postura adequada, passando uma imagem que auxilie na tarefa.
O Gambito da Rainha mostra que todas as vidas podem dar um bom romance, que mulheres não precisam ficar de fora do mundial de xadrez e que, em tempos de guerra fria, no pós-segunda guerra mundial, é fascinante ver uma mulher jogar com um grande mestre do xadrez na Rússia. A cena final da partida é a melhor da minissérie e não conto para não tirar o prazer de quem ainda não assistiu aos episódios da primeira temporada.
A produção tem atraído muitas pessoas para o xadrez, mas, ao fim e ao cabo, mesmo quem não sabe nada sobre o jogo e nem pretenda jogá-lo, pode aproveitar a grande atuação de Anya Taylor-Joy, os cenários, os figurinos, a trilha sonora e as outras qualidades de um espetáculo que trata, acima de tudo, de foco, solidão, superação, mérito e vontade de cumprir uma missão na curta passagem pelo planeta.
O Gambito da Rainha pode comportar leituras feministas, políticas, históricas e, acima de tudo, comporta a visão de que sempre é possível uma vida diferente e vencedora. Não foi à toda que virou um dos grandes sucessos deste ano da plataforma de streaming norte-americana.
A série apresentada pela Netflix vai muito além do universo do xadrez que, na verdade, fica como pano de fundo da produção, muitíssimo bem construída. É uma história de vida, vocação, derrotas e vitórias. É uma história que encanta, acima de tudo, por mostrar sentimentos humanos comuns a nós todos.

a propósito...

A minissérie lembra o livro e o filme O perfume, nos quais um homem fadado à morte ou a uma vida trágica acaba por dar a volta por cima, através de um talento fora do comum. É bom pensar que cada ser humano pode ter algo que o diferencie dos demais e que lhe dê chances de ter a melhor vida possível. Mesmo que não tenha esse algo especial, a pessoa pode pensar que um dia na vida o acaso ou o final de longos estudos, trabalhos e esforços o leve até um final de carreira notável. E mesmo que o cidadão "comum" não seja "o cara", pode sempre enriquecer sua existência dita "normal" curtindo histórias escritas ou orais, livros, minisséries, filmes, peças de teatro, obras de artes plásticas ou trabalhos científicos. Podemos viver muito com as vidas e as obras dos outros. Em alguns minutos pode-se viver uma eternidade, com experiências próprias ou degustando feito alheios. (Jaime Cimenti)
 

lançamentos

  • Santa Sede - Tim-Tim por Tim-Tim (Santa Sede Editorial, 160 páginas), do celebrado cronista e escritor Rubem Penz, apresenta textos, fotos, notícias de jornal e muitos registros sobre os primeiros dez anos da famosa Oficina de Crônicas Santa Sede, ministrada por Rubem e que já recebeu 537 integrantes nesses dez anos.
  • Desafios com esperança (UBE/RS , 192 páginas), XXV Antologia da União Brasileira de Escritores, organizada por Leonardo Cibils Becker, apresenta poemas e textos em prosa de Alba Maria de Souza Heineck, Leonardo Cibils Becker, Nilva Ferraro e Felipe Daiello, entre outros, sobre pandemia, esperança e outros temas atuais.
  • Dia de amar a casa (Ardotempo, 192 páginas), apresenta coletânea de crônicas da premiada poeta e escritora paulista Mariana Ianelli sobre silêncios, paredes, família, tempos de pandemia, crianças, mortos e muitos outros temas contemporâneos, que a autora trata sem perder referencialidade.