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Coluna

- Publicada em 11 de Dezembro de 2020 às 03:00

A menina, a adolescente e os conflitos por Elena Ferrante

A vida mentirosa dos adultos (Intrínseca, 432 páginas, R$ 34,90) é o aguardado novo livro da misteriosa escritora italiana que usa o pseudônimo Elena Ferrante. Não há fotografias dela e são raras as entrevistas, concedidas só por escrito. Uns dizem que Elena é a tradutora italiana Anita Raja e outros dizem que na real Elena é o escritor napolitano Domenico Starnone, marido de Anita. Após publicar grandes romances como A amiga genial, A filha perdida, Amor incômodo e Dias de abandono e o volume de não-ficção Frantumaglia, se tornou uma das vozes literárias mais poderosas do mundo.
A vida mentirosa dos adultos (Intrínseca, 432 páginas, R$ 34,90) é o aguardado novo livro da misteriosa escritora italiana que usa o pseudônimo Elena Ferrante. Não há fotografias dela e são raras as entrevistas, concedidas só por escrito. Uns dizem que Elena é a tradutora italiana Anita Raja e outros dizem que na real Elena é o escritor napolitano Domenico Starnone, marido de Anita. Após publicar grandes romances como A amiga genial, A filha perdida, Amor incômodo e Dias de abandono e o volume de não-ficção Frantumaglia, se tornou uma das vozes literárias mais poderosas do mundo.
Com sua temática moderna e forte, tratando da condição feminina no casamento, na amizade e da maternidade e narrando os grandes conflitos familiares com uma prosa que encanta pela sedução narrativa e pela originalidade, Elena, após cinco anos de espera, entregou ao mundo A vida mentirosa dos adultos.
A caudalosa e envolvente narrativa mostra as transformações de Giovanna, a protagonista, de menina para adolescente. Aos 40 anos, ela conta que vivia com os pais, dois professores, em Vomero, bairro da parte alta de Nápoles. A trama traz a vida de Giovanna entre os 12 e 16 anos, época agitada, quando os pais, que se amavam e viviam na perfeição, se separaram.
Aos 12 anos, Giovanna, sem que o pai soubesse, ouve ele dizer para a sua mãe que ela era feia e malvada como a tia Vittoria, pessoa da família afastada há anos e que vivia na baixa Nápoles. A separação e ver a tia são os divisores de águas na vida da jovem, que aos q15 passa a ser rebelde, usar roupas pretas, tratar os outros com grosseria, não se interessar pelos estudos e passar os dias lendo romances e vendo filmes.
Giovanna flerta com homens mais velhos, mas um é fraco demais, outro ignorante demais e ela desenvolve repulsa pelos homens. Ao conhecer a tia Vittoria, ela verá uma mulher linda, energética e é tratada com igualdade. No início, ela ataca os pais de Giovanna e critica suas roupas cor-de-rosa. Depois contará sobre a grande história de amor com Enzo, um homem casado, de quem se separou por culpa do irmão.
Elena Ferrante, em estado puro, segue entretendo os leitores com prosa de alta qualidade.

Até sempre, Reni Elsso Toschi !!

As pessoas não se vão, elas ficam encantadas. Só morrem de verdade quando ninguém mais lembra delas. Reni Elsso Toschi foi viver em outra dimensão no sábado, 7 de novembro passado, depois 93 anos intensamente vividos. Ele vai viver por muito tempo, na lembrança das filhas, genros, netos e bisnetos e dos incontáveis amigos. Reni foi assinante do Jornal do Comércio durante décadas e, como ele era culto e inteligente, muito apreciava nosso periódico.
Nascido em Nova Bassano, um dos berços da elogiável imigração italiana no Rio Grande do Sul, Toschi, quando jovem, foi viver em Porto Alegre, trabalhar no comércio e, a partir de 1948, passou a trabalhar com uma velha paixão de infância, as máquinas de costura. Viveu em Bagé um tempo, onde destacou-se como vendedor da famosa marca Elna e, de volta a Porto Alegre, em 1952, fundou a Casa Reni de máquinas, assistência e acessórios, que ainda se encontra na avenida Alberto Bins.
Entusiasmado pelo associativismo e pela busca do bem comum, foi um dos fundadores do Clube de Diretores Lojistas de Porto Alegre e do SPC - Serviço de Proteção ao Crédito. Participou ativamente da Associação Comercial de Porto Alegre e do Sindilojas, ajudou a fundar o Rotary Club Independência e fazia parte do conselho do clube de seu coração, o Grêmio Náutico União. Sempre atualizado e empreendedor, participou de convenções e feiras no Brasil e no exterior.
Viúvo saudoso de Leda, exemplar pai de Têmis e Lavínia, sogro de José Paulo Soares Martins e Eduardo Schumacher, avô e bisavô carinhoso, na melhor tradição italiana, Toschi gostava de uma taça de vinho no almoço, frutas, verduras, caçadas de perdizes e marrecos (respeitando o meio ambiente) e de longas conversas com familiares e amigos sobre assuntos os mais atualizados e variados. Seu amor pela família, pelos amigos, pela vida e pelo trabalho farão todos seguirem levantando com um sorriso pela manhã, sorrindo como ele gostava de sorrir, dizendo sim, cedo, ao sol do novo dia.
Toschi sempre foi partidário dos valores da democracia, da religião, da livre iniciativa e do culto ao trabalho, à educação, à família e à amizade e legou tais valores a todos quantos tiveram a alegria de conviver com ele. A bonomia, o bom humor, a generosidade e a coragem eram também atributos seus, que permanecerão nas boas lembranças que guardaremos.
Nesse mundinho globalizado pós-moderno, cheio de inúmeras mudanças rápidas e estonteantes, repleto de egoísmos, indelicadezas, violências e desigualdades, as lembranças do amigo Toschi ajudam a ir adiante, nesses tempos de pandemia e de esperanças por uma vacina que seja aprovada pela Rainha Elizabeth e nos deixe viver um pouco mais tranquilos.
Toschi nos faz lembrar que a família e os amigos são o ouro da existência, o que temos de melhor para mantermos a saúde física e mental e seguir adiante, do melhor modo, nessa passagem curta e rápida pelo planeta.

a propósito...

Nesse implacável 2020, carregado de perdas de grandes amigos como o Toschi, de um lado ficamos mais pobres, mais tristes e talvez mais maduros. De outro lado, a terra, as águas, as árvores, os animais e o restante da natureza nos convidam a, quem sabe, buscar outros caminhos e relacionamentos diferentes com nós mesmos, com os outros e com o mundo. Se você não conheceu o Toschi, não tem problema, agora você conhece e pode ser amigo das lembranças e dos valores dele. E eu digo para ele até sempre, amigo! Ele deve estar tomando vinho com São Pedro, jogando cartas e dizendo que valeu a pena ter estado por aqui. Eu digo para ele: vida que segue, "su co le reche!" (orelhas em pé!, em dialeto vêneto), "fate furbo!" (fica esperto!). Fica com Deus, amigo, obrigado por tudo! (Jaime Cimenti)
 
 

lançamentos

  • Sabe com quem está falando? (Editora Rocco, 192 páginas, R$ 35,90), do consagrado professor, sociólogo e antropólogo Roberto da Matta, apresenta três ensaios que abordam aspectos complementares do autoritarismo no Brasil. Autoridades por aí têm oferecido cenas de racismo, machismo, ignorância, arrogância e injustiça, como se sabe.
  • Diários de Wuhan - Relatos da cidade em quarentena, por quem esteve na linha de frente (Faro Editorial, 272 páginas, R$ 37,00), de Fang Fang, pseudônimo de Wang Fang, escritora chinesa premiada, registra o íntimo e o épico, o profundo e o cotidiano de um tempo extraordinário, envolvendo os primeiros a lidar com a quarentena e seus impactos sociais.
  • O mergulhador (Diadorim Editora, 88 páginas, R$ 38,00), do uruguaio Luis dos Santos Ardohain, apresenta uma coletânea de contos que recebeu menção honrosa no concurso literário Juan Carlos Onetti. Apresentação da professora-doutora Paula Sperb, que ressalta a força narrativa das histórias da fronteira.