Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Livros

- Publicada em 27 de Novembro de 2020 às 03:00

Rafael Guimaraens e a frenética Porto Alegre de 1935

O título 1935 (Libretos, 336 páginas, R$ 45,00) é a estreia em romance policial do consagrado jornalista e escritor Rafael Guimaraens, nascido em Porto Alegre em 1956. A obra 1935 é ambientada na movimentada Porto Alegre de 1935, ano em que foi celebrado o Centenário da Revolução Farroupilha, no Parque que hoje leva o nome da Revolução. Foi um marco na história local.
O título 1935 (Libretos, 336 páginas, R$ 45,00) é a estreia em romance policial do consagrado jornalista e escritor Rafael Guimaraens, nascido em Porto Alegre em 1956. A obra 1935 é ambientada na movimentada Porto Alegre de 1935, ano em que foi celebrado o Centenário da Revolução Farroupilha, no Parque que hoje leva o nome da Revolução. Foi um marco na história local.
Rafael Guimaraens é autor de 16 livros com ênfase na construção da memória e nos fatos históricos, especialmente de nossa Capital. Tragédia da Rua da Praia; A enchente de 1941; Fim da Linha - O crime do bonde e O espião que aprendeu a ler são alguns dos títulos de Rafael, que tem 45 anos de carreira no jornalismo profissional. Ele atuou no antológico Coojornal e no Diário do Sul.
O romance 1935 é bem construído no melhor estilo noir. Na trama o repórter Paulo Koetz se envolve até o pescoço num redemoinho de mistério e paixão, enquanto Porto Alegre se excita com a Exposição dos Cem Anos da Revolução. Dyonélio Machado sonha com a Revolução, Apparício Cora de Almeida investiga quem matou Waldemar Ripoll e a cantora francesa Juliette quer esquecer o passado.
O repórter Paulo se torna protagonista de sua própria vida, nessa obra escrita em boa parte nestes tempos de pandemia. Em meio a fatos verídicos e fictícios, a obra traz uma rica e precisa reconstituição de ambientes, diálogos e cenas que envolvem conversas de bar de jornalistas, disputas políticas, crimes, perseguições e atos de exploração de mulheres nas frenéticas noites da cidade.
Como bom e apaixonado repórter policial, o jovem Paulo Koetz não tem medo de percorrer becos escuros, vielas suspeitas, espeluncas e rendez-vous em busca de histórias e aventuras. Em busca de relembrar acontecimentos marcantes do passado, ele retorna ao Parque Farroupilha e arredores, aí então vai reviver uma noite inesquecível com... não conto para não estragar o prazer dos leitores.

O tempo

Imagino que o tempo deva estar furioso com as pessoas e o mundo de hoje. Antigamente as pessoas davam tempo para o tempo, procuravam falar uma de cada vez, sem, necessariamente, falar muito alto ou gritar. As pessoas tinham mais respeito umas pelas outras, especialmente com professores, pais e autoridades em geral. Ou será que não era bem assim? Talvez, mas a velocidade do tempo e da vida eram outros. Acho que havia mais elegância e cadência.
Nesses séculos XX e XXI tivemos mais mudanças e muito mais rápidas que nos milênios anteriores. Alvin Toffler escreveu o clássico O choque do futuro, hoje acho que o título seria O choque do presente. Lá por 1970. Toffler já viu que estávamos estonteados com as torrentes de mudanças. Mundo louco, instantâneo, presentificado barbaridade, mais rápido que cavalo de carteiro ou a velocidade da luz.
Quando me formei em Direito em 1978, um amigo advogado me presenteou o clássico grande livrinho Os mandamentos do advogado, do advogado uruguaio Eduardo Juan Couture. O volume ficou de prontidão no meu pequeno escritório do Ed. Itapiru, na Andrade Neves. As más línguas diziam que no Itapiru tinha "mais advogado que gente". Claro que era mentira e exagero, como muitas coisas que se dizem por aí atualmente. Se não houvesse pessoas ruins não haveria bons advogados... brincadeira.
Em síntese, disse o Couture: estuda, pensa, trabalha, luta, sê leal, tolera, tem paciência, tem fé no Direito, na paz e na liberdade, olvida as vitórias e derrotas e ama tua profissão. Na parte da paciência, escreveu "o tempo se vinga das coisas que se fazem sem a sua colaboração". O que o mestre disse vale para quase todos os ofícios e hoje em dia seria bom que jornalistas, em especial, dessem uma lida na pequena grande obra.
Um amigo me pergunta sobre eleições, acontecimentos de violência recentes, vacinas, governos e desgovernos, quando vai recomeçar o time do Inter e quando vai terminar a pandemia. Ele me perguntou umas outras coisas que nem me lembro, ele falou voando, com velocidade leporina e nem sei se realmente está interessado em minhas parcas opiniões.
Estou aqui dando um tempo, tomando um mate sem pressa, lendo revistas semanais, jornais impressos e eletrônicos, livros, bulas de remédios, mensagens de redes sociais e tudo mais que tem por aí. Dei um tempinho para as conversas em casa, na calçada, no café, no shopping, no parque, na praia e nem sei onde mais. É muita conversalhada. Vou ouvir um pouco os sons do silêncio.
Pensando bem, acho que vou procurar uma clínica de reabilitação para informadictos, pessoas que estão sofrendo de intoxicação digital e outros bichos. Parece que tem excesso de informação saindo pelos meus fatigados ouvidos e jorrando pelas cansadas retinas. Estou rouco de tanto ouvir e cego de tanto ver. Melhor fazer que nem aqueles antigos psicoterapeutas que na sexta-feira se mandavam para algum sítio, casa de praia ou outro refúgio qualquer para limpar o cabeçote.
 

a propósito...

Não se preocupem e não se assustem meus queridos 11 leitores, que logo, logo, depois dos comerciais imaginários, eu volto dando palpites rápidos sobre tudo e todos, em tempo real. Vou falar até daquela caveira de burro gigante que acho que está enterrada no vestiário do Inter.
Cronista é especialista em generalidades, mas lembrem que a crônica é também um momento para relaxar um pouco, ao menos. Crônica é refresco para quem escreve e para quem lê. Crônica é o registro da vida e do tempo. Será, então, que tem que ser rápida? Acho que nem tanto e que sempre é bom não terminar uma crônica com uma pergunta. Já tem perguntas demais por aí. Me aguardem. Fui. (Jaime Cimenti)
 

lançamentos

  • A sementinha que conquistou a Lua (Intus Forma, 26 páginas) é um dos quatro livros gratuitos que a escritora e consultora Ana Pregardier está lançando online. Uma maçaneta no chão; Família Gorgonzola e As moedas do mundo são os outros títulos em e-book, todos sobre educação financeira para crianças.
  • Entre a vida e a morte - um médico em tempos de pandemia e de guerra (Trigais Editora, 148 páginas), do médico e escritor Nelson Carús, fala da vida do Dr. Scylla Teixeira, jovem médico alegretense, na Missão Médica Brasileira durante a I Guerra Mundial. Jovem, enfrentou uma grande guerra e a gripe espanhola.
  • Adultos (Intrínseca, 400 páginas, R$ 34,80), de Emma Jane Unsworth, escritora e roteirista premiada, narra a vida de Jenny, que tinha emprego ótimo, casa própria e um namorado fotógrafo famoso. Aí foi chutada depois de de sete anos, odeia o emprego e comprou o pior croissant de todos os tempos. Mas tudo está prestes a piorar, nesta sátira da vida contemporânea.