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Livros

- Publicada em 24 de Abril de 2020 às 03:00

Onde estamos, onde queremos ir?

Andrade, paulista, é um legítimo integrante da geração "baby-boomer"

Andrade, paulista, é um legítimo integrante da geração "baby-boomer"


REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC
A humanidade desgovernada (Chiado Books, 110 páginas, R$ 33,00), obra de Luiz Carlos de Andrade, formado em Direito, mestre em Ciência da Comunicação e pós-graduado em Direito pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e detentor de uma carreira bem-sucedida em comunicação e publicidade, traz 365 reflexões sobre nossos dilemas existenciais, morais, sociais e políticos contemporâneos e, em síntese, debate sobre onde estamos e para onde queremos ir.
A humanidade desgovernada (Chiado Books, 110 páginas, R$ 33,00), obra de Luiz Carlos de Andrade, formado em Direito, mestre em Ciência da Comunicação e pós-graduado em Direito pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e detentor de uma carreira bem-sucedida em comunicação e publicidade, traz 365 reflexões sobre nossos dilemas existenciais, morais, sociais e políticos contemporâneos e, em síntese, debate sobre onde estamos e para onde queremos ir.
Andrade, paulista, é um legítimo integrante da geração "baby-boomer" e já dirigiu peças teatrais, roteirizou curtas-metragens e escreveu vários livros de poemas, contos e dramaturgia.
O autor questiona sobre quem se leva muito a sério e pergunta se não é melhor acreditar em quem prefere ter critério. "Vale soar o alarme ou manter o charme?", pergunta Andrade, que reflete sobre um tempo no qual a humanidade nunca passou por tantas e tão rápidas mudanças. Valores, padrões éticos e tudo mais são questionados diariamente, por todo mundo, em todo lugar. Questões sobre poder e solidariedade estão nas páginas vibrantes do livro.
O autor já foi advogado e publicitário, mas se reconhece fundamentalmente como poeta e acredita no poder curativo da poesia. Seus textos trazem um pouco de prosa, de ensaio e filosofia, mas mais, muito mais, os textos estão carregados de poesia e boa subversão.
"Vale a serenidade da varanda, ou o celular que comanda?', "Vale a generosidade, ou a melhor casa da cidade?", são perguntas-poemas do autor, que, com as palavras, vai da leveza à acidez e acredita que "a poesia, além de encantar, se presta à missão de tirar as pessoas do lugar". Não é pouca coisa, ainda considerando que o livro é anterior à pandemia e, assim, apresenta até um tom certas vezes profético.
Enfim, uma obra instigante nesses tempos de coronavírus, de poucas certezas, escassos bons líderes, muitas mudanças rápidas e estonteantes, muitas perguntas sem respostas suficientes ou verdadeiras e visões de um futuro altamente incerto. Andrade escreve a partir dos olhos dos furacões que andam por aí, dentro e fora de nós.

Dia Mundial do Livro e Quarententa

Neste 23 de abril, foi comemorado o Dia Mundial do Livro e o Dia dos Direitos do Autor. Homenagem criada em Paris em 1995, a data celebra uma das maiores criações da história da humanidade. No dia 23 de abril de 1616 morreram William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Inca Garcilaso de La Veja. A cada dia 18 de abril, no Brasil, celebramos o Dia do Livro Infantil, dia e mês em que nasceu o grande escritor Monteiro Lobato.
Em tempos de quarentena, o livro ganha importância ainda maior e muitas pessoas estão aproveitando o período para colocar a leitura em dia, ou, ao menos, ter nas mãos os livros que aguardavam no monte aquele da cabeceira para ser lidos, no todo, ou, quem sabe, em alguns trechos. Hoje em dia todo mundo lê ou tenta ler vários livros ao mesmo tempo, lê sobre os livros ou, na maior parte do tempo, anda "trecheando", lendo algumas partes. Eu resolvi ler o Sapiens nesta quarentena e acho que vou conseguir chegar no fim. Ele vinha enfeitando a mesinha da sala, agora está sendo devidamente manuseado e lido.
Quem fica confinado em hospitais, presídios, conventos, seminários, em casa, por alguma razão, ou quem trabalha como guarda-florestal, faroleiro ou outra tarefa em local isolado, sabe que pode contar com a companhia luxuosa dos livros. Com um livro você nunca está sozinho, é bom lembrar.
Nos anos setenta do século passado, fiz um intercâmbio estudantil nos Estados Unidos e morava numa cidadezinha de trezentos habitantes, no meio do inóspito estado de Kansas. Em meio ao frio, à neve, ao silêncio e vivendo numa pacata casa de família, os livros de Ernest Hemingway me salvaram do tédio. Com aquelas páginas eu vivi aventuras e guerras em vários locais do mundo.
Especialmente nos presídios, além dos livros de Direito, a leitura da Bíblia, o Livro dos Livros, pode ser útil e inspiradora. Presidiários que leem e resenham o livro ganham alguns dias de liberdade. Nada mal.
Mesmo em meio ao streaming e a outras tecnologias eletrônicas e digitais, o livro impresso ainda mantém seu charme e sua vitalidade. Os e-books vieram para chegar e, aos poucos ou não pouco, muitos vão se acostumando com os leitores digitais e lendo obras de todo tipo.
O fato é que a leitura solitária e silenciosa das páginas impressas é, ainda, uma experiência incomparável e inigualável para a sensibilidade, a inteligência e a imaginação. Muitos pais, mesmo os mais jovens, pedem que seus pequenos filhos leiam também livros impressos, com histórias infantis ou outros temas, como forma de ativar a criatividade, a inteligência e os poderes da imaginação e da fantasia.
O livro é uma espécie de jardim ou paraíso portátil. Há milênios, em suas muitas formas, vai mostrando sua perenidade e sua afinidade com os humanos, que na leitura têm um território infinito de liberdade, criação e aventuras. Com os livros as pessoas podem viajar por qualquer parte do mundo em volta das paredes de seus quartos. É muito.

Lançamentos

  • Uma maçaneta no chão (IntusForma, 40 páginas), e-book gratuito da educadora Ana Pregardier, será lançado no dia 30 de abril, às 11h, em live da autora, como colaboração nesses tempos de isolamento, e traz educação financeira para crianças e noções de economia. Na sala secreta do avô, Pedro vai descobrir como poderá comprar um celular.
  • Um copo de mar ( Libretos, 96 páginas, R$ 30,00), de Susana Vernieri, tem poemas sobre o mar, o amor, a morte, o Rio Grande e o diabo, com a premissa de que forma e conteúdo são balizados pela cultura. Eles trabalham o haikai e o tanka japoneses, o rondó português e o limerick irlandês. Vem com fotos feitas pela autora em Capão da Canoa, Florianópolis, Morro dos Conventos e Garopaba.
  • Não basta não ser racista: sejamos antirracistas (Faro Editorial, 192 páginas), da professora, consultora e escritora Robin Diangelo, trata da fragilidade branca e figurou por mais de 75 semanas no top 100 da Amazon. "Não basta só sustentar visões liberais ou condenar os racistas nas redes, é preciso que a mudança comece conosco", diz a autora.

A propósito...

Vivemos num mundo e numa época altamente eletrônica e digital, plena de imagens, palavras, notas musicais, sons e estímulos de toda ordem. O silêncio anda escasso. Mesmo em tempos de quarententa. Em tempos de quarententa é bom se abrigar nos amigos livros, largar um pouco o celular, o iPad, a tela da TV, o note e tudo mais e mergulhar nas páginas de obras que desafiam o tempo e o espaço e circulam pelo mundo há séculos, milênios.... Rubem Fonseca e Luiz Alfredo Garcia-Roza, dois escritores gigantes, nos deixaram há pouco. Na verdade, não se ventaram e nem desapareceram. Os livros são a reencarnação dos escritores. Livros são extensões da mãos, dos olhos, da mente, dos ouvidos, da imaginação e da memória. (Jaime Cimenti)