Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

- Publicada em 13 de Março de 2020 às 03:00

A guerra às drogas nos Estados Unidos

Embora seja obra de ficção, o livro tem elementos que se confundem com um livro-reportagem

Embora seja obra de ficção, o livro tem elementos que se confundem com um livro-reportagem


REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC
A fronteira (Harper Collins, 784 páginas, R$ 79,90), novo livro best-seller de Don Winslow, ex-investigador, treinador antiterrorista e consultor de justiça, em síntese, relata profunda e minuciosamente a maior guerra que os Estados Unidos já enfrentaram: a guerra às drogas. Embora seja obra de ficção, o livro tem elementos que se confundem com um livro-reportagem.
A fronteira (Harper Collins, 784 páginas, R$ 79,90), novo livro best-seller de Don Winslow, ex-investigador, treinador antiterrorista e consultor de justiça, em síntese, relata profunda e minuciosamente a maior guerra que os Estados Unidos já enfrentaram: a guerra às drogas. Embora seja obra de ficção, o livro tem elementos que se confundem com um livro-reportagem.
Don Winslow vive entre a Califórnia e Rhode Island e já escreveu vinte livros, incluindo o famoso best-seller A força. Uma de suas obras, Selvagens, foi adaptada para o cinema por Oliver Stone, escritor e diretor vencedor de três Oscars.
Guerra às drogas, epidemia de heroína nos Estados Unidos e guerra com cartéis são alguns dos elementos do livro, que narra como o uso massivo de heroína voltou ao cenário norte-americano de forma ainda mais devastadora. Os direitos da obra foram adquiridos pela FX para ser transformada em série de TV.
O protagonista da história é o agente antidrogas Art Keller, que precisa combater a epidemia de heroína no país. Ele percebe que está cercado de inimigos, incluindo políticos que querem destruí-lo. Sua guerra não é apenas contra os cartéis, mas com o seu próprio governo.
O romance mostra que além dos usuários que foram presos nos anos 1980 e soltos recentemente, a droga passou a ser usada por ex-militares viciados em analgésicos durante as guerras e por usuários de crack que se beneficiaram do barateamento do valor da heroína. A narrativa ainda traz o dia a dia de novos usuários, pessoas comuns, como uma dona de casa e uma caixa do Starbucks que passam a fazer uso "recreativo" da droga.
O livro é uma forte crítica à política de combate às drogas nos Estados Unidos, já que é comum atribuírem o problema apenas aos produtores mexicanos. Don Winslow mostra que um muro não solucionará o problema e não impedirá a entrada de drogas nos EUA. O autor mostra um mercado consumidor crescendo vertiginosamente graças a traficantes que moram em grandes apartamentos de Chicao e Nova York e trabalham em Wall Street.
Como se vê, a leitura da obra é útil para nós, brasileiros, igualmente envolvidos com problemas semelhantes.

Três volumes sobre o amor pelos livros

A Ateliê Editorial e a Edições Sesc São Paulo lançam a Coleção Bibliofilia, com três volumes, em formato de bolso, sobre o amor pelos livros. A coleção surge justamente em um momento de profundas mudanças no mundo do livro e do impresso, as quais tocam tanto a produção editorial quanto as formas de transmissão da linguagem escrita e seus mecanismos de recepção. O amor ao livro permanece para os colecionadores experimentados, leitores em geral e para os jovens amantes da leitura. O amor ao livro se converteu em movimentos de valorização da bibliodiversidade.
O que é um livro? (72 páginas, R$ 32,00), de João Adolfo Hansen, nascido em 1942, professor da USP, crítico literário, ensaísta e historiador da literatura brasileira, é o primeiro volume da coleção. O autor nos convida a refletir sobre os múltiplos significados do livro, um objeto artificial, material e simbólico, mercadoria, produto acabado de vários processos intelectuais, técnicos e industriais. O autor nos fala de hierarquização, divisão em categorias temáticas e dos livros como objetos de memória. Passa por figuras como Homero, Ovídio, os irmãos Grimm, Borges e Padre Antônio Vieira e aborda questões como a censura e o controle e mostra as mudanças nos modos de ler, trazidas pelas novas mídias. João fala da origem do livro, reconstrói a Biblioteca de Alexandria e trata da preservação dos grandes textos e como o leitor é parte fundamental do mundo do livro.
Da argila à nuvem (136 páginas, R$ 44,00), segundo volume da coleção, foi escrito pelo francês Yann Sordet, arquivista, paleógrafo e ex-diretor do Departamento de Obras Raras da Biblioteca Sainte-Geneviève e atual diretor da Biblioteca Mazarine, a mais antiga biblioteca pública da França.
Sordet nos mostra, através de minuciosa análise histórica dos catálogos, registros, inventários, índices, listas etc. e da atividade dos bibliotecários que os organizam, a importância do tema. O livro é ricamente ilustrado com fac-símiles de alta resolução de alguns catálogos antigos. A obra fará a alegria de bibliotecários, entusiastas da catalogação e todos interessados em tipografia, produção gráfica e editoração.
A Sabedoria do Bibliotecário (148 páginas, R$ 36,00), terceiro volume da coleção, de autoria do bibliotecário francês Michel Melot, ex-diretor do Departamento de Estampas da Biblioteca Nacional da França e da Biblioteca Pública de Informação do Centro Georges Pompidou e ex-presidente do Conselho Superior de Bibliotecas Francesas, presta uma homenagem aos profissionais da biblioteconomia e ressalta a importância do trabalho deles, que, muitas vezes, auxiliam o leitor perdido em uma infosfera atordoante. O bibliotecário é sábio porque sabe que nunca conseguirá abrir todos os livros e ama os livros como o marinheiro ama o mar. Melot também presta homenagem às bibliotecas e lembra que o bibliotecário é o primeiro autor de sua biblioteca.
Melot descreve com minúcias da profissão, com paixão e autoridade, e mostra os dilemas e contradições do ofício, bem como fala da temida "morte" do bibliotecário.

Lançamentos

  • Mel e dendê (Poche Libretos, 104 páginas, R$ 32,00), primeiro livro solo da poeta, compositora e ativista social Fátimas Regina Gomes Farias, traz a fauna e a flora da autora e versos como "O que chamas de solidão/ eu chamo de plenitude", "A vida é sopro divino/ Sopro final é a morte/ Que seja eterno o sonho/ de buscar a própria sorte".
  • Das pedras aos lambrequins - A preservação do patrimônio arquitetônico e urbano no Rio Grande do Sul do século XX (Editora Unisinos, Coleção Focus, 248 páginas, R$ 55,00), de Ana Lúcia Goelzer Meira, arquiteta, urbanista e mestra e doutora em Planejamento Urbano e Regional, analisa a evolução dos bens tombados e critérios usados nas obras de intervenção.
  • Bate-se numa criança (Editora Zahar, 104 páginas), de Sigmund Freud e Anna Freud, faz parte da coleção Freud & Seus Interlocutores. No caso, Freud dialoga com a filha e o volume traz o texto Bate-se numa criança, de S. Freud, e Fantasias de surra e devaneios, artigo inaugural de Anna, inédito no Brasil. O mesmo tema é tratado sob perspectivas diversas.

A propósito...

Como se constata, a Coleção Bibliofilia atualiza informações e paixões sobre o livro. O livro é um dos maiores objetos de design já criados pela humanidade e, depois de ter adquirido formas diferentes em milhares de anos, segue encantando leitores ao redor do mundo. De fato, mesmo depois de tantas inovações nas comunicações, em especial nos mundos eletrônico e digital, o livro impresso segue com sua mística especial. Nada substitui o prazer da leitura solitária e silenciosa do livro impresso. O livro impresso toca a sensibilidade, a imaginação e a inteligência de crianças, jovens e adultos como nenhum outro meio de comunicação. É muito bem-vinda a Coleção Bibliofilia. (Jaime Cimenti)