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LIVROS

- Publicada em 12 de Dezembro de 2019 às 21:23

Michel Houllebecq e o espírito do tempo

Alguns o consideram o maior escritor do século XXI. Questão de opinião.

Alguns o consideram o maior escritor do século XXI. Questão de opinião.


ED ALFAGUARA/DIVULGAÇÃO/JC
Com seu romance mais recente, Serotonina (Alfaguara, 238 páginas, tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht), o romancista, poeta e ensaísta francês Michel Houllebecq volta a ocupar o posto de um dos escritores mais lidos e discutidos da atualidade, especialmente na França. Alguns o consideram o maior escritor do século XXI. Questão de opinião. Um dos maiores e mais polêmicos ele é, com certeza. Há quem considere que Serotonina antecipou a crise dos coletes-amarelos na França.
Com seu romance mais recente, Serotonina (Alfaguara, 238 páginas, tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht), o romancista, poeta e ensaísta francês Michel Houllebecq volta a ocupar o posto de um dos escritores mais lidos e discutidos da atualidade, especialmente na França. Alguns o consideram o maior escritor do século XXI. Questão de opinião. Um dos maiores e mais polêmicos ele é, com certeza. Há quem considere que Serotonina antecipou a crise dos coletes-amarelos na França.
Houllebecq já recebeu a Legião da Honra, distinção máxima do governo da França e, com o romance O mapa e o território, venceu o prestigiado prêmio Goncourt em 2010. Ele é autor, também, de Partículas elementares, Plataforma e Submissão. O jornal El País registrou que Houllebecq tem um faro indiscutível para captar o que os alemães chamam de Zeitgeist: o espírito do tempo. É por aí.
Serotonina apresenta um homem de meia-idade, burocrata amargo e depressivo, que trabalhou no Ministério da Agricultura e decide fugir de tudo e de todos, em particular de sua namorada japonesa, que mora em Paris. Ela é infiel, gosta de sexo grupal e zoofilia. A narrativa vai mostrando a masculinidade degradada do personagem, que, para seguir vivendo, embora sem emoções ou desejos, vai consumindo um novo e poderoso antidepressivo.
Como acontece em outros livros do autor, o contexto social do personagem é bem descrito e, neste caso, a globalização e a crise da agricultura na França, motivada por problemas de relações com a União Europeia, fazem parte da narrativa e mostram que a vida é, tantas vezes, bem mais do que a mera literatura. Falando em literatura, há quem reclame - com certa razão - que os textos de Houllebecq não são propriamente literários. A crítica faz lembrar os romances de Sartre, que valiam mais pelas ideias e teses do que pela carpintaria literária, Faz parte.
Enfim, Houllebecq segue com sua missão de provocar, incomodar e jogar reflexões e questionamentos sobre seres humanos e situações contemporâneas. Bota o dedo das feridas e nos faz pensar sobre nós e a vida. É muito.

Abaixo o estresse natalino

Natal, fim de ano, balanços, festas, comilanças e compras inevitáveis, lista de promessas não cumpridas, planos para o ano que vem. Melhor não pensar muito no que não foi feito, cumprido ou dito e não lembrar demais dos que já foram e nas groceries dentro e fora das redes sociais. Melhor pensar nas delicatessen e no fato de estar vivo. Claro que vamos sobreviver às orgias natalinas.
Com o tempo, as pessoas aprendem a valorizar coisas essenciais como respirar, dormir, se alimentar bem, fazer exercícios (inclusive aqueles na horizontal, ou na vertical) e, enfim, buscar a tal qualidade de vida, em meio a tanta informação e possibilidades do mundo veloz e doido que a gente habita.
Navegando pela internet e procurando assunto interessante para meus seletos leitores, dou de olhos num texto publicado na Exame.com sobre mindfulness e fornecendo 13 dias para melhor o bem-estar mental. Bem interessante, nessa época em que política, economia, comportamento, fofocas e outras news andam a mil nas redes sociais, com todo mundo falando tudo, a toda hora, querendo ser ouvido, respondido, debatido e, se possível, aplaudido. Todo mundo produtor, diretor, roteirista e protagonista do próprio filme. Não é mole.
Passam 40 mil pensamentos por dia em nossas cabeças, três por cento é processado por nossas mentes. Mas precisamos manter os pés no chão, o foco e a resiliência. Nosso corpo e nosso cérebro precisam de calma, descanso. Mindfulness é conscientização e atenção, e os grandes executivos, que não são bobos, adotaram-na.
Segundo a famosa coach indiana Sarika Jain, que por 13 anos trabalhou no mundo corporativo em Nova Iorque, existem 13 dicas para melhorar nossa saúde mental. Permitir-se sentir suas emoções, meditar de manhã ou após uma reunião carregada, é a dica número um. Praticar a gratidão pela manhã é a segunda. Quando acordar, pense em coisas e pessoas que merecem sua gratidão. Caminhada meditativa, em silêncio, observando a natureza, é a terceira. A quarta dica é a refeição contemplativa, ao menos uma por dia em silêncio, concentrando-se nos alimentos.
A quinta dica é eliminar pensamentos que distraiam do que realmente importa. A sexta é alimentar a mente com conteúdos saudáveis, livro, música, informações importantes. A sétima dica é conectar-se com a natureza, com rio, parque ou plantas. A oitava dica para praticar a mindfullness é encontrar amigos interessados na consciência e na atenção. A nona é passar alguns minutos por dia, ao menos, meditando. Como décima dica é aconselhável fazer uma atividade que alimente a mente, corpo e alma, como exercícios, yoga ou artes marciais
A décima primeira dica é escrever um diário, após meditar 10 minutos pela manhã, um diário particular, honesto e verdadeiro, à mão ou online. Não poste no Facebook! A décima segunda é comer coisas saudáveis e nutritivas, nada de comidas processadas ou açúcar. Prefira alimentos naturais e sazonais. A última dica é descansar bem, dormir bem o número necessário de horas de sono.

Lançamentos

  • Lutz - A história da vida de José Lutzenberger, o grande ambientalista do Brasil (APCEF/RS e AGE Editora, 368 páginas), organizado pelo escritor Alcy Cheuiche, apresenta textos dos alunos dele sobre a fantástica trajetória de Lutz. A obra vem em momento adequado, quando discutimos sobre meio ambiente e outras questões vitais.
  • A cor da Esperança (Editora Falange Produções, 208 páginas), romance do jornalista, escritor e roteirista Renato Dornelles, é sua estreia na ficção. A narrativa se passa numa comunidade de periferia. Um jovem ex-morador retorna ao local trazendo tráfico de drogas, tiroteios e mortes. Dona Esperança, antiga moradora, reage na defesa da família.
  • Mentalidades matemáticas na sala de aula (Penso Editora e Instituto Sidarta, 236 páginas, tradução de Sandra Maria Mallmann da Rosa), das norte-americanas Jo Boaler, Jen Munson e Cathy Williams, oferece atividades desafiadoras e instigantes que estimulam conexões e representações visuais da matemática.

A propósito...

É claro que não é fácil seguir todas as dicas e que será preciso combinar antes com os familiares, os amigos, vizinhos e colegas de trabalho, bem como com a torcida do Flamengo, que ganha tudo. A não ser que você more sozinho no litoral, aí combina tudo com você mesmo. Falando sério, a vida é breve, passa rápido, melhor curti-la de modo alegre, saudável, e as dicas da Sarika indicam bons caminhos. Claro que sempre deve haver algum tempo, espaço e oportunidade para algumas rebeldias, criatividades e excessos, senão a coisa toda fica muito chata. É isso, concentre-se, conheça-se, preste atenção em você, no que está a sua volta e nos outros. Seja vivo! (Jaime Cimenti)