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- Publicada em 04 de Abril de 2019 às 22:13

As viagens de Eduardo 'Peninha' Bueno

Eduardo Bueno, jornalista, tradutor, escritor e gremista fanático, ou simplesmente Peninha, iniciou sua fulgurante carreira de jornalista em 1976 na Zero Hora, onde trabalhou até 1996. Voltou para a Zero Hora em 2017. Seus textos sobre a geração "beat", suas clássicas traduções das obras de Jack Kerouac (On the Road e Viajante solitário), suas crônicas viajantes sobre contracultura, novo jornalismo, livros, comportamento, ecologia, política, história e muitos outros temas, apresentam uma verdadeira salada pop sobre dezenas de assuntos essenciais das últimas décadas, a partir de muitas leituras, pesquisas, visão livre e saudáveis toques de ousadia.
Eduardo Bueno, jornalista, tradutor, escritor e gremista fanático, ou simplesmente Peninha, iniciou sua fulgurante carreira de jornalista em 1976 na Zero Hora, onde trabalhou até 1996. Voltou para a Zero Hora em 2017. Seus textos sobre a geração "beat", suas clássicas traduções das obras de Jack Kerouac (On the Road e Viajante solitário), suas crônicas viajantes sobre contracultura, novo jornalismo, livros, comportamento, ecologia, política, história e muitos outros temas, apresentam uma verdadeira salada pop sobre dezenas de assuntos essenciais das últimas décadas, a partir de muitas leituras, pesquisas, visão livre e saudáveis toques de ousadia.
No fim dos anos 1990, Peninha tornou-se celebridade nacional pela publicação da coleção Terra Brasilis, utilizando criativa linguagem irreverente para falar de nossa história colonial. A coleção vendeu inacreditáveis um milhão de exemplares e mostrou que os brasileiros estavam interessados em sua História, especialmente se contada de uma forma bem--humorada e diferente daquela dos tantas vezes chatos livros escolares de História.
Textos contraculturais, crônicas anacrônicas & outras viagens (L&PM Editores, 296 páginas), é o primeiro livro do autor a apresentar a reunião de sua produção jornalística de mais de 40 anos. Apresentados pelo editor e pintor Ivan Pinheiro Machado e pelo próprio autor, os textos vão desde a "revelação" de On the Road nos anos 1970 até o revoltado, pungente e comovente texto sobre Brumadinho.
Drogas, sexo, muito rock'n'roll e a eterna paixão pela obra de Bob Dylan, claro, que estão nos textos, junto com os porres de Charles Bukowski, a descoberta da América, o genocídio americano, Truman Capote, Tom Wolfe, Norman Mailer, reflexões sobre o "gaúcho", a geração Putin, capitães e marechais, a homenagem à mãe do Peninha no Dia das Mães e outras viagens. Digamos que o livro de Peninha não é uma estrada, são muitas viagens, como diriam os pensadores novos baianos.
A multiplicidade de temas, o espírito libertário e rebelde e a gostosa e lisérgica mescla de jornalismo, história, literatura, ficção e mais os lances autobiográficos mostram que Textos contraculturais, crônicas anacrônicas & outras viagens é, tipo assim, a suma do Peninha, seu bergmaniano Fanny&Alexander, seu Onde anda Dulce Veiga? do grande Caio Fernando Abreu. Está tudo e mais um pouco lá. É muito demais.

Corruptos Anônimos

Corrupção é mais antiga que a Sé de Braga, que andar a pé e matar javali. Corrupção vai sobrevivendo, se metamorfoseando e se adaptando no tempo e no espaço feito uma barata asquerosa. Grupos de ajuda funcionam, estão aí os Alcoólicos Anônimos, os Jogadores Anônimos, os Neuróticos Anônimos, os Vigilantes do Peso e outros tantos que mostram que seres humanos juntos podem fazer coisas boas.
Corrupção, além de crime, é doença que afeta o elemento e a sociedade. Corrupção é inferno sem limites, muitas vezes até mesmo onde, no mundo, existem limites para tentar diminuir, ao máximo, a compulsão de meter a mão. Até nos países nórdicos e no Japão a corrupção segue. Que horror, na Suécia, uma ministra comprou uma barra de Toblerone com dinheiro público!
Os corruptos não se contentam nunca, e a praga é universal. É doença crônica, que, se não der para curar total, ao menos precisa de tratamento diário. Se não tem cura - e tomara que tenha - tem tratamento, como diz o outro. O combate à corrupção precisa ser diário, assim como o combate aos preconceitos de raça, classe, religião e sexo.
Pensando bem, acho que só criando o Corruptos Anônimos (o CA) para enfrentar o mal infindável. Aí o Pikety não precisaria ler e escrever tanto sobre desigualdade. Quem sabe os corruptos se reunindo em Versailles, no museu Vasa, em Estocolmo, em alguma mansão na península de Brasília ou em outros antros do planeta, possam curar-se da doença e purgar culpas e remorsos. Os corruptos devem chegar um a um, em carros discretos. Parece que o atual governador de Minas pensa em usar o Palácio Tiradentes como uma espécie de museu da corrupção, para ver se as coisas não se repitam.
Tomara que um dia a corrupção não seja mais crônica e incurável como o preconceito e a artrite reumatoide. Tomara que tenha cura em vez de tratamento. O ser humano, demasiado humano, sempre dá um jeito de se achar melhor que o vizinho em alguma coisa, sempre quer se dar bem, muitas vezes a qualquer custo. Quem sabe as reuniões do CAP revelem aos eternos mãos grandes que, no final, a coisa não vale a pena, que o crime não compensa, que estamos aqui nessa vida de passagem, que os limites estão pegando e que a cana anda duríssima.
Nas reuniões, poderiam ser exibidos filmes sobre Al Capone e outros chefões e, quem sabe, algumas reuniões poderiam ser no cinematográfico presídio de Alcatraz, a Rocha, em São Francisco, com suas celas de cinco metros quadrados e regulamento de ferro, onde Al Capone passou uma longa temporada e onde saiu só porque estava muito doente. Nas reuniões poderiam ser contados casos de amigos, familiares, homens e mulheres que conseguiram tomar uma parte, ou tudo que os corruptos tinham botado a mão. Seria bem terapêutico e pedagógico e ao final reinaria um clima de paz.
Depois das reuniões, os corruptos poderiam sair por aí distribuindo o que tomaram indevidamente da sociedade. As escolas, os hospitais, as delegacias e os presídios iriam agradecer muito. Todo mundo ia agradecer muito.

A propósito...

Brincadeira, ficção e delírios bem à parte, atacar o mal pela raiz seria interessante. Prevenir para não precisar remediar. Cura em vez de tratamento. Os frequentadores do CA poderiam prometer que ficariam duas horas sem roubar, de cada vez, e, em último caso, que roubariam só um pouco e sumiriam para o Caribe, sem causar maiores danos. Falando sério, agora, o combate à corrupção está andando, tem grandões presos e as coisas estão mudando. Melhor os malandros ficarem espertos, pois além de caírem nas redes sociais, eles estão caindo nas malhas da Justiça, que, espera-se, tenha sempre fios fortes.
Enfim, melhor se não precisar criar os Corruptos Anônimos e se eles sumirem antes disso. O sonho é livre.
 

Lançamentos

  • Nove - poesias, reflexões e crônicas (Urussanga, 312 páginas), do advogado e escritor Mauro Felippe, apresenta cerca de 200 poemas, reflexões e crônicas de muitas décadas, envolvendo amor, vida, trabalho, sabedoria e experiências múltiplas. Prefácios de Caroline Bortot e Sérgio Magrão, do 14 Bis e O Terço.
  • Você matou a gorda? (Editora Viseu, 172 páginas), do jornalista, articulista do Jornal do Comércio e contador Ivanor Ferronatto é um pitoresco e instigante romance sobre o desenrolar da convivência entre um casal e uma cachorra, relacionamento esse que durou 16 anos. Alegrias, tristezas e um julgamento no Júri estão na envolvente obra.
  • Sexo e sensualidade em Eça de Queiroz (Editora Movimento, 78 páginas), do arquiteto e escritor português A. Campos Matos, traz à tona aspectos nem sempre lembrados do romancista português, especialmente os ligados a sexo, bebida, comida e, claro, às relações amorosas, temas obsessivos do clássico Eça.