Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

LIVROS

- Publicada em 21 de Março de 2019 às 21:48

Populismo e autoritarismo na América Latina

Muito já se disse, pensou e escreveu sobre o populismo e o autoritarismo em nossa América Latina. Um dos livros mais marcantes é o grande ensaio Veias abertas da América Latina, do saudoso jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, que alguns ainda veneram, mas que o autor, alguns anos antes de morrer, disse que era obra da sua juventude e que as teses principais estavam superadas. O livro apresenta, em síntese, uma visão de que os culpados pelos nossos problemas seriam os ricos estrangeiros e as nações capitalistas e que necessitávamos de heróis para enfrentá-los.
Muito já se disse, pensou e escreveu sobre o populismo e o autoritarismo em nossa América Latina. Um dos livros mais marcantes é o grande ensaio Veias abertas da América Latina, do saudoso jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, que alguns ainda veneram, mas que o autor, alguns anos antes de morrer, disse que era obra da sua juventude e que as teses principais estavam superadas. O livro apresenta, em síntese, uma visão de que os culpados pelos nossos problemas seriam os ricos estrangeiros e as nações capitalistas e que necessitávamos de heróis para enfrentá-los.
O clássico Do bom selvagem ao bom revolucionário, do jornalista, escritor, professor universitário e diplomata liberal venezuelano Carlos Rangel (1929-1988) é uma resposta ao livro de Galeano e foi publicado pela primeira vez em português, em Lisboa, em 1976, por Aee Uliseea e, no Brasil, em 1982, pela UNB de São Paulo. Com o título Mitos e falácias sobre a América Latina (352 páginas, R$ 49,90), a Faro Editorial lançou, há poucos dias, a terceira edição em língua portuguesa do livro referencial de Rangel, que estudou no Bard College (Nova Iorque) e na Sorbonne, em Paris.
Rangel expõe as mazelas de um sistema falido, acusou o patrulhamento ideológico em universidades, disse que nós, latino-americanos, devemos enfrentar nossas falhas, cultivar a verdadeira democracia, desordenada, pluralista e independente de manipulações e, assim, aproveitarmos as condições que temos para o êxito, com a essencial liberdade de imprensa. Rangel foi um profeta que ninguém ouviu e hoje o florescimento limitado do liberalismo tem uma grande dívida com o pensamento dele. Lançada há mais de 40 anos, a obra foi elogiada por Ortega y Gasset, Julián Marias e Octavio Paz, entre outros, e segue como um guia para entender o pensamento vitimista, o autoritarismo e a ascensão frequente de líderes populistas.
Há quem não concorde com as ideias de Rangel, mas todos que pretendam entender nossos mitos e falácias latino-americanos e nossos problemas mais profundos e sombras mentais devem levar em conta o que ele escreveu, antes de tirar conclusões tantas vezes apressadas e eivadas de erros.
A reedição da obra de Rangel vem em boa hora, momento em que precisamos nos ver, nos conhecermos melhor e buscarmos novos caminhos.

Bento Gonçalves

Vivemos num mundo complexo, dividido, aldeia global muito doida, velocidade de vida impressionante, nunca tantas mudanças em tão pouco tempo. Sozinhos tantas vezes em meio a milhões de sons, palavras, redes sociais e novidades a cada segundo, ainda por cima estamos no Brasil, em período de turbulência e transformação. Deus nos dê calma, serenidade e união mínima em torno de interesses realmente coletivos.
Existem, todavia, notícias boas e um Brasil que realmente dá certo. Acabo de ler o Informativo de Gestão 2018 do município de Bento Gonçalves, onde está o adequado lema: "Com trabalho Bento é muito mais". Bento está entre as 30 melhores cidades para investir, segundo a Revista Exame, e está entre as 50 cidades mais empreendedoras do País, segundo a Connected Smart Cities. No Idese, Bento é a primeira e é a sétima cidade mais desenvolvida no Estado. Na Sala do Empreendedor, em 2018, foram atendidas 16 mil pessoas. Cerca de 1,4 mil empresas foram abertas em 2018 e a taxa de desemprego é de 2,44% (no Brasil chega a 12,2%). Obras de infraestrutura, novo presídio, distribuição mensal de mais 4 mil toneladas de alimentos a entidades, adquiridos de 22 agricultores, primeira usina de resíduos sólidos do País, através de parceria público-privada e 24% de índice de reciclagem de lixo são outras notícias ótimas.
Na área da saúde e da cultura, as realizações e números são ótimos. Foram investidos R$ 863.837,94 em merenda escolar no primeiro semestre, para mais de dez mil alunos. Na Festa Nacional da Música, 600 pessoas foram atendidas nas oficinas culturais, e a primeira edição da Wine South America e o projeto Escolas no Palco - Festival Estudantil de Arte estão entre as muitas atividades culturais de uma cidade que tem um belo Centro Municipal de Cultura. Ao lado dos progressos na economia, Bento, nas últimas décadas, em especial, dedica-se a várias manifestações culturais, buscando equilíbrio entre bens materiais, educação e cultura.
Um dos dados que mais impressionam sobre Bento, em 2018, é a quantidade de turistas. Um milhão e meio de pessoas passou pela cidade no ano passado. Gramado, o segundo destino turístico nacional, teve a presença de cinco milhões. Bento tem o maior número de agroindústrias de vinhos, sucos e produtos vegetais do Estado.
A criação da guarda civil, aplicativo com todo o conteúdo do turismo, centro integrado de videomonitoramento e cercamento eletrônico, e programas acessuais com mais de mil encaminhamentos para vagas de emprego e 700 contratações são outras boas novas da Capital Brasileira do Vinho.
Por certo a cidade enfrenta muitos problemas e dificuldades, mas o fato é que a atitude dos cidadãos, dos líderes comunitários e das autoridades dos poderes constituídos tem dado boas respostas às demandas diárias de um mundo moderno, que exige muito de todos, em muitos aspectos. Bento e sua comunidade nos dão esperanças de pessoas e mundo melhores e isso é muito num planeta por vezes tão violento, desigual e problemático.
 

A propósito...

Nesse momento em que nós, brasileiros, estamos tentando sair de nossa maior crise econômico-financeira, ética, política e social, o exemplo de Bento Gonçalves é, definitivamente, inspirador. Claro que existem muitas cidades semelhantes no Rio Grande do Sul (algumas até próximas de Bento) e nos outros estados brasileiros, mas os números e os fatos impressionam e mostram como é possível construir uma sociedade e uma nação e deixar de ser apenas um país que ocupa um grande território. Deus siga abençoando Bento e seus habitantes e, por modéstia à parte, nem vou dizer que sou bento-gonçalvense. Bento é um presente de Deus para a humanidade. O Brasil agradece.

Lançamentos

  • Medicina do futuro - (Consultas via smartphone, análises genéticas, foco na prevenção: a nova era nos tratamentos de saúde) são os temas da matéria de capa da edição especial da National Geographic Brasil, editada por Fernando Dias Martins. Doação de órgãos, curas tradicionais chinesas, recuperação da Mata Atlântica e nômades pastores do Irã estão na revista.
  • O poder moderador na República Presidencial (Gen/Forense) de Borges de Medeiros, em cuidadosa edição encadernada, com apresentação do ex-ministro do STF Eros Grau, faz parte da Coleção Constitucionalismo Brasileiro, idealizada pelo IGP e editada pelo GEN/Forense, com o apoio da FGV e traz estudos de Direito Constitucional e o texto do anteprojeto de Constituição Federal para o Brasil de 1933.
  • A engenhosa tragédia de Dulcineia e Trancoso (Editora Penalux, 98 páginas), de W.J.Solha, romancista, poeta, ator e pintor, nascido em Sorocaba em 1941, é uma novela de cavalaria pós-moderna, dentro da lógica nordestina. Ele mescla Ariano Suassuna com Miguel de Cervantes e usa metalinguagem para misturar fartura interna de estilo e referências.