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- Publicada em 11 de Outubro de 2018 às 01:00

Como salvar a democracia na Europa

Depois da tempestade (É Realizações, 278 páginas, tradução de Pedro Sette-Câmara), volume organizado pelo teórico político e professor Luuk Van Middelaar e pelo economista e professor Philip Van Parijs tem como subtítulo Como salvar a democracia na Europa e faz parte da Coleção Abertura Cultural da editora.
Depois da tempestade (É Realizações, 278 páginas, tradução de Pedro Sette-Câmara), volume organizado pelo teórico político e professor Luuk Van Middelaar e pelo economista e professor Philip Van Parijs tem como subtítulo Como salvar a democracia na Europa e faz parte da Coleção Abertura Cultural da editora.
Middelaar escreveu o notável discurso proferido pela ocasião do recebimento do Prêmio Nobel da Paz concedido à União Europeia em 2012, leciona na Universidade de Leiden e de Louvain e colabora com o Le Monde, Wall Street Journal e com os princípios veículos de imprensa da Holanda. Van Parijs é professor em Louvain, já lecionou em Harvard e em Oxford e recebeu em 2001 o Francqui, o mais conceituado prêmio científico da Bélgica.
Os organizadores apresentam textos de grandes especialistas como Jürgen Habermas e Paul Scheffer sobre origens e desafios das democracias europeias, justiça e legitimidade e solidariedade e proteção. A obra é apresentada por Herman Van Rompuy, que foi presidente do Conselho Europeu. Ele fala sobre o desafio do populismo, a necessidade de liderança, a falsa antinomia entre a política "europeia" e a "nacional" e o futuro da democracia na Europa.
Em discussões estimulantes, de coração aberto, os autores expressam temores e esperanças pelo projeto europeu, num momento em que a Europa, com a crise do Euro, se viu em meio a uma tempestade. O tema central do volume é a legitimidade democrática da Europa e das suas instituições. Uns veem pouquíssima democracia europeia e outros veem demasiada presunção de Bruxelas. A crise do euro expôs a tensão entre democracia e uma união monetária e entre os estados-nação da União Europeia. As questões da crise migratória e dos nacionalismos tornam indispensável este livro para entender a política e a economia na Europa e, igualmente, para entender o que se passa em países como o Brasil, onde, no momento eleitoral, se discutem aspectos de democracia, imigração e questões de nacionalidade e economia. Na medida em que desenvolvemos a capacidade para identificarmos a natureza dos desafios que enfrentamos, podemos tentar, ao menos, descobrir as melhores maneiras de abordá-los.

Lançamentos

O gemido animal do homem (Editora Alcance) é a obra poética mais recente do poeta, palestrante e editor gabrielense Rossy Berny, que completa 42 anos de carreira literária. Segundo o professor Ricardo Barberena, prefaciador, "o livro é uma cartografia lírica dos gemidos e apresenta a animalidade daquele sujeito que não recusa a rebeldia no seu contido cotidiano. É um poema germinante de uma esperança da partilha do sensível".
Alice no País das Maravilhas (Ciranda Cultural, 24 páginas), livro pop-up baseado na obra clássica de Lewis Carroll e John Tenniel, em cenas pop-up incríveis, mostra a emocionante aventura de Alice no País das Maravilhas, com o Gato de Cheshire, o Chapeleiro Maluco e muito mais. As ilustrações são da obra original. O livro foi publicado originalmente pela MacMillan Children's Books em 2016.
Neoliberalismo - Desmonte do Estado Social (Libretos, 198 páginas), do professor doutor Plauto Faraco de Azevedo, ex professor da Ufrgs e da Pucrs e, atualmente, da ESMP, apresenta reflexões consistentes e desmistificadoras da mensagem neoliberal. O autor trata de desemprego, privatizações, exclusão social e concentração de capital no mundo atual e propõe a defesa da dignidade humana, com base em estudos históricos e filosóficos.

Dia da criança

Sim, ainda temos crianças, graças a Deus. O mundo não acabou e, nos segundos que escrevo estas linhas, estão nascendo os recém-nascidos, que depois de um mês serão bebês até os dezoito meses e depois crianças até os 12 anos. Tem umas crianças que desde pequenas são "crionças", meio assim feras brabas. Outros nascem, viverão e quem sabe morrerão sorrindo e felizes. Algumas crianças "high tech" dão a impressão de que ganharam seu primeiro smartphone ou tablet no berçário. Gosto de pensar que cada recém-nascido traz esperanças de pessoas e um mundo melhor, e que sua pele novinha é como aquelas páginas brancas dos cadernos escolares, onde tudo estava por ser escrito.
Confesso que fui criança. Meus olhos viram pela primeira vez a luz do sol na luminosa e verdejante Bento Gonçalves. Antes dos brinquedos de corda e a pilha, brinquei com bolas de gude, carrinho de lomba feito em casa, besta de Guilherme Tell feita com cabides domésticos, bodoque montado com galhos de árvore e tiras de borracha de câmara de pneu e até tive um pequeno laboratório onde fabricava pólvora, ou uma espécie dela e outros compostos químicos. Brincávamos de polícia e ladrão, sem quaisquer conotações políticas, que éramos inocentes barbaridade no tempo do Gumex. No chão, pulávamos na sapata ou amarelinha, como chamam alguns. Com uma bolinha, dois pedaços de madeira e alguns gravetos estava pronto o jogo do taco. Tínhamos muita confiança infantil nos nossos tacos.
Futebol no campinho, vôlei onde fosse possível e andar de bicicleta para gastar as energias. Sol, chuva, frio, geada, ventos e as quatro estações definidas eram vividos direto nas nossas peles ainda com poucas cicatrizes. Nossas infâncias eram mais infantis, nosso mundo tinha menos violência, muros, ruídos e poluição. Tinha mais regras e proibições. Hoje as crianças têm mais liberdade (ao menos em casa ou na escola), milhões de escolhas e vontades. Muitas são adeptas do sistema de monarquia ou ditadura infantil. Enfrentam um mundo violento, barulhento, poluído, com mil problemas, mas seguem em frente, que o futuro e o mundo são delas. Elas não devem ir atrás dos adultos, os adultos é que devem segui-las, o mundo e a fila andam.
Que bom que ainda temos contações de histórias, brinquedos que envolvem os corpos e as almas, brinquedos pedagógicos e que nem tudo é digital. Que bom que ainda temos mundo e crianças reais, dessas que podemos abraçar presencialmente. As crianças são nossa reserva ecológica, nossa esperança de natureza e tempos melhores. Junto com o amor, a música, o esporte, as artes e a espiritualidade, é o que temos de melhor.
Infelizmente temos muitas crianças em estado de vulnerabilidade, carentes de saúde, educação, segurança e moradia. Crianças que têm sua infância, seus sonhos, seus estudos e seus brinquedos roubados. Crianças que não têm dia da criança e que logo enfrentam barras e os problemas de adultos. E ainda por cima adultos que não foram crianças ou que mataram as crianças que foram um dia.

A propósito...

Sempre é bom lembrar que criança tem tudo a ver com criar, criatividade, busca do novo. Sonhos de infância e juventude são nossos maiores tesouros. Quem não sonhou na infância pode sonhar depois. Sempre dá para sonhar enquanto os olhos não se fecham pela última vez. E quem sabe até depois, vivendo em outras dimensões. Viver e trabalhar com o prazer e a seriedade com os quais as crianças brincam não deve ser apenas um sonho. Levar a sério a brincadeira, brincar de ser sério, sorrir e olhar feito crianças é o que nos salva. Principalmente neste Dia da Criança, no qual as brigas municipais, estaduais e federais, infelizmente, não são brigas de criança.