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- Publicada em 24 de Agosto de 2018 às 01:00

Paulo Vellinho, sonhos e conquistas

Paulo Vellinho - O realizador de um sonho chamado Springer (Fronteira, 370 páginas), do experiente e consagrado jornalista Mario de Santi, traz as memórias de um dos maiores empreendedores brasileiros, o empresário caxiense Paulo D'Arrigo Vellinho, hoje com 91 anos. Durante 61 anos, trabalhou afanosamente em busca de sonhos e realizações.
Paulo Vellinho - O realizador de um sonho chamado Springer (Fronteira, 370 páginas), do experiente e consagrado jornalista Mario de Santi, traz as memórias de um dos maiores empreendedores brasileiros, o empresário caxiense Paulo D'Arrigo Vellinho, hoje com 91 anos. Durante 61 anos, trabalhou afanosamente em busca de sonhos e realizações.
Mario de Santi iniciou como jornalista na Veja e na Abril-Tec. Depois foi repórter, chefe de redação e diretor regional da Gazeta Mercantil, num total de 15 anos. Durante oito anos, foi gerente regional de O Estado de S. Paulo, Agência Estado e Broadcast em Porto Alegre.
Paulo Vellinho começou a trabalhar aos 18 anos, como vendedor autônomo em um pequeno negócio que mesclava comércio e indústria artesanal, depois foi executivo de um minúsculo fabricante de refrigeradores domésticos. A partir daí, durante décadas, foi presidente ou vice de empresas como Springer, Coemsa, Avipal e atuou em entidades como Fiergs, Abinee, Confederação Nacional da Indústria e Associação Gaúcha de Avicultura.
Vellinho transformou a pequena oficina de refrigeração em uma grande empresa, associada à Admiral e a nomes do tamanho da Carrier e da Midea; e viveu intensamente os precários anos 1950, a tumultuada década de 1960, com suas crises e transformações, os anos 1970, do milagre econômico e das crises do petróleo, a perdida década de 1980, a virada nos anos 1990 e os primeiros anos do século XXI, com as polêmicas experiências político-econômicas.
O texto, competente e ágil, mostra como Paulo Vellinho, com muito trabalho, determinação, disciplina e habilidade no trato com todos, construiu, com Dona Ruth, uma bela família de quatro filhos, netos e bisnetos, a trajetória profissional impressionante e como, depois de viúvo, redescobriu o amor com a empresária Lourdes Fellini, guerreira como ele.
A obra tem apresentações de Humberto Barbato, presidente da Abinee, e do ex-ministro Delfim Netto, que diz: "A minha admiração por sua personalidade íntegra, corajosa, sempre pronta a engajar-se no bom combate, firmou em mim a certeza de que nosso Paulinho é, mesmo, um raro exemplar que demonstra quanta qualidade e grandeza pode ter um ser humano".
Nesses tempos pós-modernos de raras referências e lideranças boas, a vida e obra de Paulo Vellinho, que acreditou em si e no Brasil, inspiram e dão esperança.

Lançamentos

A maldição de Eros & outras histórias (Farol 360 páginas), quarto livro do brilhante jornalista Flávio Dutra, traz minicontos, contos e crônicas bem escritos, plenos de finos humor e ironia, retratando as aventuras eróticas, cômicas e por vezes tristes, que vivem as pessoas nesses dias rápidos e surpreendentes. "Permite um assédio? Politicamente correto, era a forma como abordava o sexo oposto na mesa ao Aldo" é um dos minicontos.
O amuleto de Leila - Um caso árabe-gauchesco (Chiado, 320 páginas) é o quarto romance do escritor paranaense Gilberto Abrão, filho de imigrantes sírios. A narrativa traz Otto, filho de pastor evangélico, nascido num vilarejo do interior gaúcho, que vai se envolver com sua exuberante professora de português e de artes sexuais. Em paralelo, um palestino muçulmano casa-se com a filha de um palestino. Conflitos vão surgir.
Nada será como antes - 2013 (Libretos, 216 páginas), do jornalista e mestre em Comunicação Alexandre Haubrich, traça um panorama crítico dos dias de protesto de 2013, o ano que não acabou, na cidade onde tudo começou. Reportagem minuciosa e pulsante, traz, entre outros textos, as reflexões das principais lideranças do movimento, na tentativa de entender o significado dos acontecimentos.

Cafés em Porto Alegre

A querida e competente Laura Glüer, jornalista, professora universitária, palestrante, pós-doutora informal em cafelogia e criadora do site Café Combustível, me convidou para uma tarde agradável sobre cafés, música, Porto Alegre e outros milhares de temas simpáticos que pousaram na mesa do Café Correto, um dos mais antigos da cidade, criado em 1992 e pilotado por Waldyr Beuren. No Centro Histórico está o café e confeitaria Matheus, de 1947, provavelmente o vovô dos cafés da cidade.
Porto Alegre não tem cafés multicentenários como os lendários Zur Letzten Instanz de Berlim (1621); El Florian de Veneza (1720); Tortoni de Buenos Aires (1858); Café de Flore de Paris (década de 1880) e o Café Nicola de Lisboa (1929), com sua esplanada voltada para o Rossio. Chegaremos lá. O Correto tem 26 anos, o Café do Porto, da Cacaia Bestetti, tem 23 anos e, junto com o Jazz Café, do Dirceu Russi, e do Bar Azteca, do Ricardo Koeche, deu um upgrade para o Moinhos.
Café é milenar. Dizem que os antigos africanos faziam uma pasta com ele, alimentavam animais e também utilizavam para fortalecer guerreiros. Depois vieram a Arábia, a primeira loja de café em Constantinopla, em 1475; Veneza, em 1570; e Inglaterra, em 1652 - aí para o resto do planeta.
Em Porto Alegre, na Rua da Praia, 1.234, de 1964 a 1976, o Rian foi nosso café preferido, tipo a sala de nosso lar. Servia milhares de cafezinhos por dia e um chocolatinho servido numa xicrinha de cafezinho. Na saudosa Confeitaria Rocco, na Riachuelo com Dr. Flores, nossa memória proustiana degusta biscoitinhos, chás, torradas, cafés e Toddy. Não só nas lembranças que o Centro Histórico sobrevive e precisa do nosso carinho.
Da passagem do Rian até meados dos anos 1980, quando surgiram os grandes shoppings, ficamos lamentando pelos cantos a ausência de cafés. Hoje, os cafés se espraiaram pela cidade, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Os porto-alegrenses, que antes tomavam café de pé no Centro, passaram a sentar, conversar, conviver e a pedir café da forma como devem ser as pessoas: quente, doce e forte. Nada contra café sem açúcar ou chafé americano, mas é que eu tinha que usar a comparação ensinada por minha nonna italiana, que gostava de um café do tipo correto: uma dose de espresso mais um pouco de grappa, Sambuca ou brandy.
Os aposentados, apesar das várias maldades que fazem com eles, estão vivendo mais tempo e ainda têm uns pilas para o café. Podem curtir os amigos sorvendo lentamente cafezinhos, apreciando o desfile das pessoas e da vida, levando a sério a brincadeira ou brincando de ser sério. Observam a pátina do tempo caindo lenta ou rápida e jogam fora ou armazenam conversas. A turma do Cacu, um dos melhores exemplos de confraria, há décadas, nas manhãs de sábado e domingo, no Shopping Moinhos, toma café e fala de economia, política, futebol, mulheres, homens etc. - especialmente etc. Os rapazes são bons cronistas, especialistas em generalidades, têm boa memória e quase sempre dispensam o auxílio do dr. Google.
 

a propósito...

Até pouco tempo, no Brasil, não consumíamos o melhor café. Os melhores grãos iam para o exterior. Precisávamos das divisas. Não havia muitos tipos de café à disposição. Cafezinho era gentileza para as antigas visitas de vizinhos, parentes e amigos, que apareciam até sem avisar. A etiqueta era bater na porta antes de entrar. Nos ambientes de trabalho, segue a tradição da rubiácea, agora em muitos casos paga pelos consumidores. Verbas e cortesias andam escassas. É a crise: tem igreja evangélica devendo aluguel, escola privada fechando e mendigo aceitando esmola à prestação. O cafezinho segue preferência nacional, democrático, republicano e ótimo pretexto para conversas e silêncios confortáveis. (Jaime Cimenti)