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- Publicada em 16 de Agosto de 2018 às 23:18

Amor a Roma, amor em Roma

Roma, a cidade eterna, uma das cidades-mãe do mundo ocidental, não tem apenas a glória do passado, como diz o maior cantor, Tony Bennett, antes de cantar I left my heart in San Francisco. Roma tem a glória de sempre e uma vida inteira não basta para conhecer os cenários onde brilhou Marcello Mastroianni, sob a batuta de Federico Fellini.
Roma, a cidade eterna, uma das cidades-mãe do mundo ocidental, não tem apenas a glória do passado, como diz o maior cantor, Tony Bennett, antes de cantar I left my heart in San Francisco. Roma tem a glória de sempre e uma vida inteira não basta para conhecer os cenários onde brilhou Marcello Mastroianni, sob a batuta de Federico Fellini.
Brava Serena (320 páginas, Não Editora), segundo romance do publicitário porto-alegrense Eduardo Krause, autor de Pasta senza vino, história de amores e sabores ambientados em Florença, na Toscana, também é, acima de tudo, uma história de amores e sabores com ambientação em Roma. O autor celebra a cidade, Mastroianni e o ar que parece o hálito de Saturno, deus romano do tempo.
Roberto Bevilacqua, obrigado a se aposentar pela empresa em que trabalhou a vida toda, decide deixar o Brasil e muda-se para Roma, onde pretende viver seus últimos anos e o que resta de sua juventude. Sem mais vínculos com o Brasil, leva grandes lembranças e remédios. As reminiscências e os atos aparentemente pequenos vão crescendo com a narrativa.
Krause, felizmente, não é desses escritores que gostam de pirotecnias verbais, enredos intrincados, jogos de palavras vazios e outros malabarismos desnecessários e chatos. Ele tem uma boa história para contar e sabe como, com linguagem que flui como água de rio.
Roberto Bevilacqua se vê envolvido por um milagre televisivo e, entre referências literárias, cinematográficas e turísticas, vai conhecendo, bravamente, a brava Serena. Em italiano, brava é corajosa, elogiável. Roberto resgata o tempo perdido, redefine o presente e o modo de encarar a vida, o tempo e o amor, enquanto sorve algumas dezenas de garrafas de ótimos vinhos. Vinhos sabem mais que bibliotecas inteiras, vinhos trazem memórias, lembranças e sensações que pareciam estar mortas.
Roberto passou sua lua de mel em Roma, com o grande amor de sua vida, que não está mais na terra. Ele tinha planos de passar uma temporada de silêncio e solidão na cidade, mas os novos acontecimentos foram mudando seus rumos e revelando que antes de fechar os olhos pela última vez a vida pode nos apresentar surpresas. E das boas.

Lançamentos

Jane Eyre (Editora Zahar, 536 páginas, tradução de Adriana Lisboa), edição comentada e ilustrada do clássico e mais conhecido romance de Charlotte Brontë (1816-1855) publicado em 1847, em toques góticos, traz a trajetória de uma mulher forte e explora questões de classe, sexualidade, religião e gênero. Ela busca respeito, espaço e autonomia financeira, num mundo de homens. Apresentação de Antonia Pellegrino e notas de Bruno Gambarotto.
O coração da música - vida e obra dos grandes mestres (BesouroBox, 144 páginas) do pianista, regente de óperas e professor Paul Trein, fala de vida e obra de Händel, Mozart, Beethoven, Brahms e Wagner e diz: a música, fluída, etérea, fugaz e misteriosa, repetível ad infinitum, em qualquer lugar e de modo sempre diferente, é uma revelação mais alta do que a filosofia. Paul criou a Academia Internacional de Verão, em Konz, Alemanha, para pianistas jovens de todo o mundo.
3 X 4 Vis(i)ta (Ideograf Gráfica Editora, 346 páginas, bilíngue), de Carlos Krauz, Helena dAvila, Laura Fróes e Nelson Wilbert, com textos de Paula Ramos, Mario Röhnelt e outros, mais fotos de André Venzon, Vera Chaves Barcellos e outros, traz as exposições e "visitas" do grupo 3x4 em ateliês de artistas. As visitas resultaram na criação e mostra dos trabalhos dos quatro integrantes, a partir de conversas com os artistas, suas obras e espaços de trabalho.

Candidato do além

Ontem me emocionei. No Instagram, a foto em cores de uma menina de três anos com olhos assustados, jorrando lágrimas, rosto avermelhado, as mãozinhas espalmadas apertando as bochechas, os cabelos em desalinho e o pior, o mais triste, o mais aterrador, a legenda: não gosto destas pessoas! não quero votar em ninguém! Assustaram a menina as fotos dos presidenciáveis. Não era só o retrato da infância do Brasil. Era a cara dos 50% ou 60% de nós que não quer votar, prefere anular ou votar em branco. A foto era de fazer corar frade de pedra, de cortar coração de escultura de mármore.
A coisa está bem complicada, quem não sabe? Muitos estão perdidos, não sabem se vão para a direita, esquerda, centro, centro-direita, centro-esquerda, para frente ou para trás. Sabem que podem ir para o espaço. Uns dizem que o filho do Macaco Tião, a neta da rinoceronte Cacareco (mais de 100 mil votos para vereador em São Paulo em 1959) ou o sobrinho do Mosquito, eleito prefeito de Vila Velha, que estão presos, seriam os candidatos ideais, justamente por já estarem na gaiola, onde também estão aves de rapina de bicos grandes e animais de outras espécies.
O Macaco Tião tinha o sólido apoio, em 1988, dos tendenciosos e hilários jornal Planeta Diário e revista Casseta Popular, que, como sabem, originaram o histórico Casseta & Planeta, Urgente!, tesouro nacional, marco da cultura televisiva pátria.
Macaco Tião mandou bem, foi o terceiro na corrida para a prefeitura do Rio, com 9,5% dos votos. Consta que não reivindicou cargos e vantagens. Tião e os outros bichos não tinham família na época e aí levavam vantagem por não precisar pendurar parentes em cabides de emprego. Macaco Tião tinha o hábito de jogar excrementos em autoridades. Os marqueteiros disseram que isso foi fundamental fixar a imagem do candidato.
Hoje a coisa tá russa, com o perdão da palavra, e a indignação de dezenas de milhões sequer encontrou um animal de estimação/votação para chamar de seu. Será que até nossos simpáticos bichos caíram no descrédito por causa de propinodutos? Coisa triste. Quem sabe a gente vota na Fênix, a mitológica ave que quando morre entra em autocombustão e, tempo depois, renasce das próprias cinzas? A Fênix carregava cargas pesadas e até elefantes. Quem sabe ela, eleita, carrega para o oriente nossos estatais elefantes brancos?
Fala sério, este espaço é público, de responsa. Cumprindo meu sagrado dever jornalístico, de compromisso com a sociedade, proponho solução do impasse eleitoral via candidato do além, que faria campanha através de um médium, a ser escolhido por nós. Sei lá, com todo o respeito, Getúlio, Tancredo, Brizola, Ulysses, Teotônio, Charles de Gaulle, Churchill ou Abraham Lincoln podiam baixar e tentar resolver os problemas desta terra que o saudoso brasileiro-londrino Ivan Lessa chamava carinhosamente de Bananão. Cartas para a redação, opinem, ajudem, coloquem seus tijolinhos na construção coletiva. Não me deixem só. O genial pensador Carlos Nobre dizia: quem é morto sempre aparece.
 

A propósito...

Os positivistas diziam que os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mortos. Aparicio Torelly, o Barão de Itararé, a batalha que não houve, simpático e sábio vovô da imprensa brasileira, disse: os vivos são cada vez mais governados pelos mais vivos. Acho que os mais vivos são governados pela Câmara Federal e pelos bancos. Entre os seres e os mundos visível e invisível, quem sabe vamos encontrar o caminho que nos levará para os píncaros do infinito. Tudo é possível neste mundo velho sem porteira de Deus, o céu é o limite. Mas disse o Barão de Itararé, de onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Graças a Deus este espaço terminou e até deu um pouco para a minha bolinha. (Jaime Cimenti)