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- Publicada em 12 de Julho de 2018 às 22:09

Hilda Hilst, intensa e ousada

Detalhe da capa do livro

Detalhe da capa do livro


DIVULGAÇÃO/JC
A escritora paulista Hilda Hilst, nascida em Jaú (SP), cidade dos cafeicultores, em 1930, e falecida em 2004 na Casa do Sol, teve uma vida intensa, amorosa, ousada, produtiva e sempre mostrou excentricidade. Nos últimos anos, vida e obra de Hilda têm merecido atenção e este ano ela será a homenageada da prestigiada Festa Literária de Paraty (Flip). Ela produziu poesia, prosa e peças de teatro.
A escritora paulista Hilda Hilst, nascida em Jaú (SP), cidade dos cafeicultores, em 1930, e falecida em 2004 na Casa do Sol, teve uma vida intensa, amorosa, ousada, produtiva e sempre mostrou excentricidade. Nos últimos anos, vida e obra de Hilda têm merecido atenção e este ano ela será a homenageada da prestigiada Festa Literária de Paraty (Flip). Ela produziu poesia, prosa e peças de teatro.
Eu e não outra - a vida intensa de Hilda Hilst (Tordesilhas, 232 páginas, R$ 40,00), biografia lançada há poucos dias, é um mosaico de fontes, documentos e fotos conhecidas e inéditas da vida de Hilda. Laura Folgueira, jornalista, tradutora e pesquisadora de literatura brasileira, estudiosa da obra de Hilda, e Luisa Destri, jornalista, pesquisadora e professora, são as autoras. Elas estudam e pesquisam a vida e a obra de Hilda há nada menos do que 14 anos. Neste livro, focaram suas atenções na vida da escritora, no seu aspecto mais íntimo e humano, e as informações sobre os livros e escritos de Hilda são mencionadas apenas para retratar episódios da vida da autora de obras como O caderno rosa de Lori Lamby e Cartas de um sedutor.
Homenageada pela maior festa literária do País, definitivamente presente no mainstream, a vida e a obra de Hilda permanecem vivas e passam bem pelo julgamento do tempo e dos leitores, que são os que mais interessam, e, igualmente restam examinadas e admiradas pela crítica literária e pelos acadêmicos.
A obra trata do nascimento de Hilda no interior de São Paulo até sua morte e retrata, com base em 40 entrevistas, pesquisas nos arquivos e diários, visitas à casa da escritora, depoimentos de críticos, amigos e familiares, a juventude glamourosa na capital e a decisão de recolher-se num sítio. O livro fala dos livros pornográficos, da fantasia de ser freira , da vontade de ser reconhecida e trata dos muitos amores vividos por uma mulher que tinha plena consciência de como se construía não apenas na forma pública, mas também literária.
"Eu queria aproveitar a vida, a minha mocidade, o que eu tinha de bonito. Queria que as emoções passassem todas por mim antes de me dedicar a escrever, com o afinco desesperado com que depois me dediquei." Palavras de Hilda Hilst.

Lançamentos

  • Mário Ferreira dos Santos - Filosofia e cosmovisão (É Realizações Editora, 336 páginas), é o terceiro volume da Coleção Logos. A obra inaugura o projeto filosófico de Mário e abre a chamada Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais. O pensador e filósofo fala de identidade, razão, dualismo, metafísica, experiência, consciência, ética, afetividade, intuição e estética, entre dezenas de tópicos relevantes.
  • 68 - Como incendiar um país (Veneta, 256 páginas), de Maria Teresa Mhereb e Erick Corrêa, organizadores, traz textos deles e de outros autores sobre 1968, o ano que marcou a História. A obra faz parte da Coleção Baderna e contém ilustrações, quadrinhos e documentos relacionados com o movimento que incendiou Paris e várias partes da França. Passados 50 anos de 1968, livros como este auxiliam na avaliação dos acontecimentos.
  • Anarquia e utopia - faça uma todo dia (BesouroBox, 192 páginas), do escritor, jornalista, professor, roqueiro e cineasta porto-alegrense Carlos Gerbase, traz textos publicados durante cinco anos no caderno de cultura de Zero Hora. Eles retratam temas cotidianos com ironia, falando de jornalismo, mulheres no comando, artistas exilados, civilização, Polanski, escrita dos cientistas, Tio Chico, política, a moral do tio Jack e dicas de português.

Tributo ao pinhão

Definitivamente, para mim, nascido na fértil, verdejante e laboriosa Bento Gonçalves em meados do século passado, não existe outono e inverno dignos desse nome sem a degustação de pinhões, muitos pinhões, cozidos, assados e de outras formas, inclusive em deliciosos risotos. O grande chef francês Phillipe Remondeau, que viveu muitos anos em Porto Alegre, utilizou o pinhão com técnicas requintadas para fazer a massa de pinhão e o pinhão caramelizado que acompanhava o bife ancho com molho de vinho Merlot.
Semente de várias espécies de pinheiros, o pinhão é símbolo do Paraná, a "Terra do Pinhão", e a comida mais típica de Santa Catarina, onde é degustado na forma de paçoca, entrevero e outros pratos. No Sul do Brasil há "festas do pinhão", com doces, sopas, frango ensopado, cordeiro ao molho de pinhão e outras iguarias. Nos primeiros anos da imigração italiana na serra gaúcha, conta-se que os imigrantes garantiram sua sobrevivência comendo pinhões. Há quem diga que foram "obrigados" a devorar passarinhos diante da penúria dos inícios, mas esta história fica para outro dia, que os fiscais do Ibama andam por aí.
Preparado nas brasas da lareira ou da fogueira, na chapa do fogão de lenha, em panelas com água ou simplesmente comprado cozido nas belas estradas da Serra ou comprado pronto no supermercado, o pinhão, com proteína, lipídios, cinzas fibras, carboidratos, cálcio, magnésio, manganês, fósforo e ferro, é ótimo para a saúde, inclusive para o coração.
Assim como determinadas castanhas e a água de coco, ou como muitos alimentos orgânicos, o pinhão é dos nutrientes mais puros e naturais que existem, além de afastar o frio do inverno e ter aquele gostinho inconfundível. O pinhão inspirou nosso imortal do povo Mario Quintana, que escreveu: "Canção de inverno - Pinhão quentinho! Quentinho o pinhão! E tu bem juntinho / Do meu coração".
Num mundo cheio de maldade, injustiça, violência, falta de ética, problemas políticos e econômicos e outras coisas e partidas de futebol ruins, não deixa de ser um consolo a presença do pinhão neste tenebroso inverno, com a chuvarada feito dilúvio, o frio de renguear pinguim e o minuano nos chicoteando aí pelas esquinas. Pinhão é pureza, calor, natureza boa, lembranças de festas juninas e conversas regadas a chá, chimarrão, quentão e outras bebidas quentes, tipo assim vinho e uma canhazita.
O pinhão é uma das coisas boas do inverno, com sua simplicidade e valor energético. Junto com os pinheiros e sua importância histórica, cultural, econômica e ambiental para a Região Sul e para algumas partes da Região Sudeste de nosso Brasil, o pinhão é uma de nossas riquezas, um patrimônio, uma comida de verdade, alimento da alma e de todas as idades. Acho que poucos não gostam de pinhão, assim como poucos não gostam de chocolate, batatas fritas, espaguete, pizza e sorvete. Pinhão é quase unânime. Ah, não tenho parentes ou amigos que vendam pinhões e nem estou a serviço de alguma associação dos produtores de pinhões - faço propaganda gratuita e torço para o preço do pinhão baixar.

A propósito...

Uns fogem do pinhão alegando que ele é calórico. Papo gordofóbico, não inteiramente real. Cem gramas de pinhão têm 130 e poucas calorias. Quem come pinhão fica saciado, come menos. Bom, a pessoa que consome pinhão fica com vontade de comer mais e mais pinhão. Recomendo ioga e meditação e não passar de um quilo de pinhão por dia. Tudo o que é exagerado é errado, mesmo a degustação das gostosas sementes de pinheiro. Aproveite a onda de cozinha fusion e prepare os pinhões locais com técnicas de culinária francesa, italiana, orientais e brasileiras. Aproveite que o pinhão ainda é puro, ético, verdadeiro, nutritivo e barato, coisas raras hoje. Ah, os sabidos índios caigangues comiam pinhão.