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- Publicada em 07 de Junho de 2018 às 23:45

Desenvolvimento sustentável e justiça global

Políticas para o desenvolvimento humano sustentável, justiça internacional, desigualdades econômicas e sociais e euforia em torno da globalização são temas candentes, relevantes para nosso tempo. Se as nações não buscarem respostas e ações conjuntas e imediatas, vamos seguir com desigualdade, violência, guerras e outras barbaridades que o profundo desnível que separa as nações provoca.
Políticas para o desenvolvimento humano sustentável, justiça internacional, desigualdades econômicas e sociais e euforia em torno da globalização são temas candentes, relevantes para nosso tempo. Se as nações não buscarem respostas e ações conjuntas e imediatas, vamos seguir com desigualdade, violência, guerras e outras barbaridades que o profundo desnível que separa as nações provoca.
Ética, política e desenvolvimento humano: a justiça na era da globalização (Educs, 414 páginas, tradução de Benno Dischinger), segunda edição revista e atualizada, de Thomas Kesselring, professor-doutor pela Universidade de Heildelberg. Foi publicado no Brasil pela primeira vez em 2007, e na Alemanha em 2003, seguindo, infelizmente, atual no tocante a temas internacionais envolvendo questões ético-políticas associadas ao tema da justiça e do desenvolvimento humano, neste nosso mundo marcado, cada vez mais, pelos processos de globalização econômica e cultural.
Kesserling, que já atuou como professor convidado na Ufrgs, na Universidade Pedagógica de Moçambique, na Universidade de Caxias do Sul e em várias universidades dos Estados Unidos e da Europa, bem como em Angola, El Salvador e Índia, trata de ética aplicada, relações multiculturais, educação, ecologia e sustentabilidade, psicologia do desenvolvimento e lógica. Ele reaviva a discussão filosófica sobre política para o desenvolvimento e justiça internacional que vem se realizando nos últimos 50 anos.
A obra, fruto de décadas de pesquisas, leituras e reflexões, além de outros méritos, traz aos leitores discussões e análises críticas sobre aspectos positivos e negativos da globalização e traz propostas para a construção de um trabalho conjunto em favor do desenvolvimento justo e sustentável para os humanos. É enfatizado, especialmente, o papel das nações ricas na busca de melhor convivência mundial.
"Em termos éticos, quando se trata de legitimar as regras de distribuição de bens sociais e políticos essenciais, é preciso partir do pressuposto de que todos os seres humanos têm a mesma dignidade e autonomia. Uma política que não compartilha desse pressuposto desemboca numa simples política do poder e é inconciliável com uma autêntica política para o desenvolvimento", escreve Kesselring no final.

Lançamentos

Diferenças (Edição do autor, 60 páginas), do cantor, compositor e escritor Rodrigo Munari, narrativa infantojuvenil ilustrada pelo publicitário e artista plástico Felipe Munari, nasceu de uma música e da necessidade de exercitarmos respeito, tolerância e inclusão. Numa escola, os diferentes alunos buscam harmonia, mas medo, ética, preconceito, amizade, enfrentamento e crescimento entram na história e nem tudo sai como esperado.
Segue anexa minha sombra (Class, 176 páginas), da jornalista, editora, poeta, roteirista e ex-diretora do Instituto Estadual do Livro Laís Chaffe, apresentado por Celso Gutfreind e Márcia Ivana de Lima e Silva, traz poemas de várias formas e conteúdos. Há muita sensibilidade, humor, inteligência poética e referências a Quintana, Drummond, Bandeira, Poe, Shakespeare e Leminski. Tipo: "Todos estes que lá estão/Atravancando o caminho do Parcão/Eles pastarão/ Eu pastorzinho".
A faca entrou - Assassinos reais e a nossa cultura (É Realizações, 246 páginas, tradução e notas de André de Leones) do consagrado ensaísta, médico e psiquiatra Theodore Dalrymple, pseudônimo de Anthony Daniels, retrata criminosos da atualidade. A obra é uma parábola do caráter disfuncional de nossa própria cultura e da negação da culpa e retrata, hilária, sem sentimentalismo, nosso progresso moderno como de fato ele é.
 

O namorado Brasil

Dia dos namorados, melhor seria dia do amor. O amor é mais importante que as pessoas, que o tempo, mas só existe mesmo através deles. O amor é mar infinito, eternas ondas em movimento, no qual navegam e nadam pessoas, seres animados e inanimados e as várias dimensões da vida e da morte. É, ou deveria ser, pois para muitos que só cultivam o mal e o ódio em seus peitos sem corações, o amor é deserto frio, silencioso e solitário. Quem sabe nesse Dia dos Namorados os empedernidos deixem de ser petrificados para se enternecerem, mesmo sem perder a dureza, como disse o durão sensível Che Guevara, demasiada e complexamente humano. Quem sabe eles ouvirão um choro de Pixinguinha, contemplarão uma imagem do Cristo, uma foto de Madre Teresa, o sorriso de Dalai Lama, o olhar de São Francisco ou do Papa Francisco, ou uma simples flor do campo em meio às pedras e aí, talvez, lembrarão que nasceram e sobreviveram por atos de amor.
Amor pelo amor, por pessoas, por si próprio eu me amo, amor próprio eterno. Amor por pedras, plantas, flores, animais, por ideias e artes, amor simples e agradecido por mais um dia de vida, rumo ao infinito, que qualquer maneira de amor vale à pena, e as pessoas e os demais seres não morrem, ficam encantados, vivendo em outras dimensões. Morrem só quando ninguém mais lembra delas.
Amor não gosta de limites, explicações, definições e até tolera e aprecia frases que tentam, precárias, dizer o que ele é. Fernando Pessoa escreveu que todas as cartas de amor são ridículas, que ridículos são os que não as escrevem e que ridículas são as memórias sobre as cartas. Ridículo é não amar, muitas vezes pelo medo do ridículo. "Ame e dê vexame", dizia o Roberto Freire, saudoso psicanalista, que também dizia que "sem tesão não há solução".
Nesse nosso mundinho dividido, briguento, barulhento, cheio de guerras e desigualdades de várias espécies, repleto de pessoas individualistas e solitárias, conectadas e desconectadas, com egos do tamanho da Amazônia, mais do que nunca se deve pensar que o melhor que as criaturas podem fazer entre a rápida passagem entre o berço e o túmulo é amar. Está bem, mesmo que seja amor ao trabalho, que, aliás, é o maior relacionamento de nossas vidas. Só o amor constrói, diziam os antigos, nem tão antigos. Impossível ser feliz sozinho, segue cantando o Tom Jobim, que tanto amou as pessoas, o Brasil, a natureza e o planeta.
É possível o respeito aos indivíduos, assegurados pela História e pelas Constituições Federais e, ao mesmo tempo, o respeito e o amor ao próximo e à sociedade. Os países nórdicos têm bastante a dizer sobre isso. Não é fácil a conciliação, nunca foi e nunca vai ser. Mas é melhor conciliar do que sair se matando ou matando os outros por aí. Somos ainda uns macacos vestidos (sem querer ofender os símios) e precisamos nos comportar para viver em sociedade. Deus nos proteja e ajude ou, se não acredita em Deus, que nós mesmos nos protejamos.
 

a propósito...

Sim, o título lá de cima é Brasil namorado. Não foi por erro ou acaso. Queria desejar que nesse momento de altas crises municipais, estaduais e federais em nosso País, nesse momento em que nossa família tupiniquim está dividida, a gente consiga namorar e amar o Brasil. Copa do Mundo pode ajudar. Nas ruas, em casa, nas redes sociais, melhor segurar a ira e aí, quem sabe, não perder parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho e companheiros de tragos e cafezinhos. Muitas vezes, a melhor maneira de ganhar a discussão é não começá-la. Na democracia, o voto é secreto e o respeito é bom, as pessoas gostam, fortalecem a saúde e as amizades. Feliz Dia dos Namorados, com o jeito de amar que você quiser. (Jaime Cimenti)