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- Publicada em 15 de Julho de 2021 às 21:46

O anjo do voo JJ-3054


REPRODUÇÃO/JC
Na tarde de 17 de julho de 2007, um empresário, 40 anos de idade, almoça com a mulher e os filhos, algumas horas antes da decolagem do fatídico voo JJ-3054. No meio da tarde, a esposa deixa o marido no aeroporto Salgado Filho. Mas ele tinha a intenção de ir para São Paulo só no dia seguinte. Por isso, remarcara a passagem para a manhã do dia 18. Detalhe sutil: o empresário tinha uma namorada, profissional liberal bem-sucedida, 30 de idade, moradora no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
Na tarde de 17 de julho de 2007, um empresário, 40 anos de idade, almoça com a mulher e os filhos, algumas horas antes da decolagem do fatídico voo JJ-3054. No meio da tarde, a esposa deixa o marido no aeroporto Salgado Filho. Mas ele tinha a intenção de ir para São Paulo só no dia seguinte. Por isso, remarcara a passagem para a manhã do dia 18. Detalhe sutil: o empresário tinha uma namorada, profissional liberal bem-sucedida, 30 de idade, moradora no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
E foi para o apartamento dela que ele se dirigiu, de táxi, logo após ser deixado no aeroporto pela esposa. Assim, apesar da tarde hibernal, chegou ao Moinhos ainda com dia claro. Beijos e abraços iniciais, os amantes conversaram, degustaram queijos e vinhos etc. A noite seria prazerosamente longa. Como a tevê, o rádio e os celulares estavam desligados, só havia o conveniente som ambiente, proporcionado pela sucessão de músicas no - à época moderno - aparelho de CDs.
Enquanto isso, o Brasil recebia a notícia chocante: ao aterrissar em Congonhas, às 18h48m50s, o Airbus A-320 da TAM atravessara a pista molhada - e todos sabem o desfecho.
Alheios, em seu "ninho de amor" no Moinhos, o empresário e a namorada acordaram cedo e tomaram o café da manhã no dia 18. Não leram jornais, não escutaram rádio e nem ligaram a tevê. Ele pegaria o avião para São Paulo às 9h30min. Sentiu uma certa consternação no aeroporto, mas não se flagrou.
A moça o levara para o aeroporto - mais um vez, ouvindo apenas música produzida pelos CDs. Tal estado de alienação do mundo não é surpreendente: os únicos grupos que jamais deixam de acompanhar as notícias via rádio, tevê e jornal são os profissionais da comunicação, os intelectuais e os assessores políticos. A maioria das pessoas, porém, vive encapsulada em seu mundo de interesses particulares, vez por outra dado uma espiada nos assuntos públicos.
Após se despedir da moça, o empresário reassumiu o papel de marido atencioso. Fez o que prometera à sua mulher no dia anterior: ligar "de São Paulo" na terça-feira pela manhã. Do outro lado da linha, ela estava aos prantos. Quando se refez da emoção, a mulher perguntou se o marido trocara de voo. Foi, então, que ele deu a resposta serena, mas enfática, que o incriminou de forma inapelável: "Não. O voo foi tranquilo. Cheguei, jantei e dormi bem".
Mais lágrimas do outro lado da linha.
Em seguida, o empresário ficou sabendo de todo o sofrimento vivido por sua família na noite anterior, diante da certeza de sua morte. A mulher acabou pedindo separação do marido. Há quem tivesse encarado com bom humor o desfecho, sugerindo ao empresário que apresentasse a namorada como o "anjo do voo JJ-3054", que o livrou da morte.
Durante uma semana, o homem foi impedido pela mulher, com o apoio dos filhos, de entrar em casa para pegar suas roupas. Em seguida, ele foi morar num flat. Alguns meses depois, o empresário e sua esposa separaram-se consensualmente numa das Varas de Família do Foro de Porto Alegre.
O empresário e a namorada - que fora o anjo do voo JJ-3054 - mantiveram um dilacerado relacionamento por mais alguns meses. Quando terminaram o idílio, ele mudou-se para outra cidade. Ela incrementou sua carreira profissional. É vida que segue.
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(Sintetizado a partir de um dos capítulos do livro "Moinhos de Vento - História de um bairro de Porto Alegre", escrito pelo jornalista Carlos Augusto Bissón - Editora da Cidade, 2008).

Quanto gastamos

Os custos com insumos para a construção civil tiveram nova alta em junho, de acordo com o Índice Nacional do Custo da Construção. De janeiro a junho, a elevação do custo com materiais e equipamentos foi de 16,2%; e, nos últimos 12 meses, 34,1%.
É um preocupante recorde histórico para o período, desde que a série começou a ser divulgada pela Fundação Getúlio Vargas, em 1996.

Informática & 'solucionática'...

O Tribunal de Justiça (TJ-RS) tentando explicar a pane de sua informática na terça-feira, produziu uma pérola de falta de clareza: "A instabilidade registrada decorre de problema na estrutura de banco de dados (...) Essa impossibilidade de comunicação com o banco de dados é responsável pela indisponibilidade temporária de diversos sistemas de informática. As empresas fornecedoras do serviço, tanto de software quanto de hardware, foram acionadas para buscar a solução do defeito com urgência. Testes efetuados indicaram não haver falha diretamente relacionada à plataforma PexIp, utilizada para realização de videoconferências. Entrave durante o uso da ferramenta foi detectado na gravação de audiências, o que está relacionado ao banco de dados e não à PexIp. A DITIC indica como alternativa que a gravação seja efetuada pelo sistema DRS, nas salas multiuso dos foros".
Ah, importantíssimo: a nota referiu nominalmente os seis caciques que participaram da reunião, juntamente com servidores de informática.

Padrão de qualidade

No meio forense, a "rádio-corredor-advocatícia-gaúcha" não perdeu a oportunidade. Rapidamente difundiu que "o tribunal está em envolvente campanha, junto ao CNJ, para ganhar o troféu Eficiência 2020/2021".
Há controvérsias.

Direitos de transmissão

A Câmara dos Deputados concluiu na quarta-feira (14) a votação do projeto sobre o televisionamento futebolístico. O texto prevê a exclusividade ao clube mandante, nos chamados direitos de arena, referentes à transmissão ou reprodução do jogo. A matéria segue para análise do Senado.
Segundo o relator, deputado federal Júlio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF), "o projeto permite aos clubes organizar sua própria transmissão". Atualmente, a negociação é feita pelo mandante e pelo visitante. (PL nº 2.336/21).

A maior queima

Pode ter sido apenas um acidente - causado pela falta de prevenção e/ou desleixo. Mas - intencionalmente, ou não - o incêndio no prédio da Secretaria de Segurança Pública do Estado foi a maior queima de arquivos da história do Rio Grande do Sul.

Cuidados com a bipolaridade

Um trabalhador da Sulgás - Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul, que foi despedido após se envolver em um desentendimento com sua chefe, deverá ser reintegrado, pois sofre de transtorno bipolar. A decisão é da 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4), ao confirmar sentença.
O trabalhador foi admitido por concurso na empresa pública de economia mista, em 2003, e despedido em 2019, sob a alegação de "desídia com sua atividade e insubordinação", após duas sindicâncias instauradas. A primeira decorreu de ele ter usado ferramentas e recursos da empresa em benefício próprio; a outra resultou de atitude agressiva e descontrolada em uma discussão com sua superior.
Sentença e acórdão consideraram "a farta documentação comprovando a grave doença depressiva, submetendo o trabalhador a tratamento por medicamento de uso contínuo" (...) "tendo chegado a tentar o suicídio mais de uma vez, precisando ser afastado da atividade e receber auxílio-doença". (Processo nº 0020697-42.2019.5.04.0001).