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coluna

- Publicada em 15 de Outubro de 2020 às 21:53

Cinco ou dez segundos, uma eternidade

Charge de Gerson Kauer

Charge de Gerson Kauer


GERSON KAUER/ev/Divulgação/JC
O homem entrou no gabinete do juiz sem pedir licença, e sacou uma enorme faca. O jovem magistrado - em sua primeira semana de jurisdição na comarca - pensou que fosse a última. Sentado como estava, ele teria poucas chances de se defender, os escapar.
O homem entrou no gabinete do juiz sem pedir licença, e sacou uma enorme faca. O jovem magistrado - em sua primeira semana de jurisdição na comarca - pensou que fosse a última. Sentado como estava, ele teria poucas chances de se defender, os escapar.
Em pé e com a faca na mão, o homem fitava o juiz de maneira intrigante. Passaram-se alguns segundos - uma eternidade, na verdade. O homem, então, falou:
- Eu matei dois vizinhos e vim me entregar.
O juiz pediu que o homem colocasse a faca sobre a mesa, ao que ele obedeceu ordeiramente.
O magistrado guardou a arma numa gaveta e chaveou-a. Pediu que o homem sentasse. Chamou o escrivão e a polícia foi avisada. Entrementes, o homem ficou detido em uma sala do fórum.
Pouco depois, chegaram os policiais. Ninguém havia sido assassinado ou ferido. Os vizinhos, dados como vítimas, alheios aos acontecimentos, passavam bem.
O homem era um doente mental.
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(Sintetizado a partir de um caso real, relatado pelo magistrado Gilberto Ferreira, do TJ-PR, em "A Justiça Além dos Autos", publicação do CNJ).

Dinheiro com aquele cheiro...

(Da série 'Ainda não vimos tudo')
A Polícia Federal deflagrou na quarta-feira uma operação para investigar desvios de recursos de combate ao coronavírus e apreendeu dinheiro vivo dentro da cueca do senador Chico Rodrigues (DEM-RR). Foram quase R$ 30 mil. Parte das notas estava entre as nádegas. Fotos e vídeos registraram o momento da apreensão. A operação foi deflagrada com autorização do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, para investigar desvios milionários em recursos de combate à pandemia destinados por meio de emendas parlamentares à Secretaria de Saúde de Roraima.
O senador é... membro da Comissão Mista do Congresso Nacional que acompanha - e como!... - a execução de recursos relacionados ao combate ao coronavírus.
Em tempo: segundo a "rádio-corredor" da OAB de Roraima, o esconderijo corporal do senador recebeu exclusivamente cédulas do lobo-guará. É que as notas de R$ 200 ocupam menos espaço.

O STF e os 2%

A decisão de Marco Aurélio Mello de soltar o traficante André do Rap ampliou as críticas ao STF nas redes sociais. Um levantamento feito pela .MAP Consultoria em Inteligência de Dados, a partir de amostras de um universo de 2,192 milhões de postagens no Twitter, indica que a liberdade do criminoso concentrou 14% das discussões nas redes em três dias.
Foram 308 mil postagens, feitas principalmente por público de direita, influenciadores e..., claro, políticos. Predominaram os ataques ao Supremo, num comportamento superficial padrão torcida de futebol, sem aprofundamento da discussão à luz da legislação penal e da Constituição. Viralizou a reprodução de matérias da imprensa.
Pela tabulação da .MAP, o apoio ao STF alcançou apenas 13% dos usuários, considerando todos os públicos nas redes. O doloroso para as Excelências Supremas certamente será constatar que, pela opinião pública - sem influenciadores - o apoio é ainda menor. A Corte levou apenas 2% de confiabilidade.

Convivência com o poder

O "estratégico" Chico Rodrigues, 69 anos - de profissão engenheiro agrônomo, mas vivente - e convivente político desde seu primeiro mandato como vereador (1989-1991) - é senador (mandato de oito anos) desde 1º de fevereiro de 2019. Já foi governador de Roraima.
E ele foi pulando - e voltando - pelos partidos da vida: PTB (1989-1995), PPB (1995-1997), PFL (1997), PTB (1997-1999), PFL (1999-2007), DEM (2007-2012), PSB (2012-2015), PSDB (2015-2017) e DEM (2017-presente). A política brasileira é assim.

Comunismo 'manuélico'

No Pampa Debates, ao vivo, o apresentador Paulo Sérgio Pinto perguntou à candidata Manuela d'Ávila (PcdoB): "O seu comunismo é chinês ou cubano?"
Ela foi rápida na resposta: "Não é nenhum dos dois. O meu comunismo é o que a gente vai construir juntos no Brasil".
E logo empinou o nariz.

A propósito

A estatística oficial da OAB gaúcha fechou a última quarta-feira (14) com 87.868 inscrições. São 44.563 do gênero feminino e 43.305 do masculino. Entre estagiárias/os a vantagem também é delas: 717 x 565.

Cuidados com a polissemia

O professor de Português Paulo Flávio Ledur relata, ao Espaço Vital, curioso caso de polissemia, ocorrido na Comarca de Cedral (MA), relatado pelo desembargador Marcelo Elias Matos. Em audiência, um homem - depondo como testemunha - diz que "trabalhava e morava na fazenda do réu", ao que o magistrado pergunta se ele seria "caseiro" do réu. O depoente dá um pulo na cadeira e expressa feições de aborrecimento.
É que na maioria das regiões brasileiras, caseiro é aquela pessoa que cuida de um sítio ou casa de campo, mas na Baixada Maranhense é o nome que se dá "a pessoa que tem um caso, um relacionamento amoroso com outra, geralmente do mesmo sexo". Como se vê, a polissemia - que é a multiplicidade de significados de uma palavra - impõe severos cuidados nas comunicações.