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- Publicada em 23 de Março de 2020 às 21:49

O aniversário da namorada do ministro


GERSON KAUER/DIVULGAÇÃO/JC
Por Carlos Alberto Bencke, advogado (OAB-RS nº 7.968)
Por Carlos Alberto Bencke, advogado (OAB-RS nº 7.968)
O ministro aquele, sempre pronto a novas conquistas, estava de caso com uma linda advogada que, meses antes, participara de uma audiência, ali surgindo o convite para um futuro encontro fora da corte.
O romance começou e seguiu, e, passado algum tempo, o casal fez uma viagem a Nova York para comemorar o aniversário dela em famosíssimo restaurante na Big Apple, daqueles que têm agendamentos e está lotado até para o ano seguinte. Mas o ministro não fez reserva, confiante no seu alto cargo que, por certo, lhe daria prerrogativas inimagináveis.
Lá chegando, o formal maitre logo perguntou:
- O senhor tem reserva?
- Sim, tenho. Meu nome é "José da Silva". Eu sou ministro da mais alta corte do meu país - e comprovo essa minha impoluta condição mediante a apresentação da identidade funcional, ademais exibida, agora também, junto com o meu passaporte diplomático. Cientifico-os de que aqui vim comemorar o aniversário da minha namorada.
Na consulta às anotações, o maitre não encontrou reserva. Comunicou ao ministro que, enfurecido, lá no seu íntimo, pensou: "Esse maitre está acostumado com quem não mente e vai acreditar em mim". Sustentou, então, que "isto é um absurdo, a reserva foi feita há mais de um ano, exijo a mesa etc.".
Os clientes presentes olhavam para a porta de entrada onde se formara o embrulho.
O maitre consultou o gerente, que consultou o diretor, que consultou... que consultou... e todos chegaram a uma conclusão: realmente teria havido uma falha. Daí porque dariam ao cliente e sua namorada uma mesa colocada em lugar estratégico, bem à vista de todos, para mostrar que estavam corrigindo um erro que consideravam monumental.
Afinal, se alguém nos Estados Unidos diz algo, aquilo é verdadeiro.
O ministro e sua encantadora namorada jantaram, brindaram com champanhe francesa, vinho finíssimo e caro, e saíram - ele triunfante, olhando com desdém o maitre, e após ter pago a conta de mais de US$ 1 mil.
A namorada, ao contrário, estava roxa de vergonha. A ponto de perder, ali mesmo, o estímulo do namoro quando, depois daqueles vários cálices, o alegre e romântico ministro cantarolou em inglês, no ouvido dela, versos de sofreguidão: "O amor quando acontece / A gente esquece logo / Que sofreu um dia...".
Uma semana depois, a rádio-corredor informou secamente: "Na volta ao país de origem, a namorada dispensou o ministro".

Itália 2020

Natural de Campo Bom (RS), radicada em Turim, Norte da Itália, desde 2009, onde trabalha para a Fiat, a advogada gaúcha Sabrina Strassburger (OAB-RS nº 65.910, licenciada) resume o que pode ser uma das explicações para o morticínio no país: "Alguns dizem que é porque se trata de uma nação com muitos idosos; outros afirmam que os jovens ficam morando com os pais anciãos até muito tarde e trazendo o contágio das ruas para casa; outros falam que é porque as regiões mais atingidas são zonas industriais, onde o nível de poluição é muito alto".
Até esta segunda-feira, ao meio-dia, a letalidade tinha levado 5.476 humanos.

Enigma nas alturas

Não faltam teorias e palpites sobre o que teria blindado Jair Bolsonaro da contaminação pelo coronavírus - afinal, chegou a 21 o número de brasileiros infectados que estiveram com ele nos EUA. Uma das hipóteses é a de que Bolsonaro livrou-se porque se deslocou, em terra firme, em um carro, acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Já os demais circulavam em vans que seguiam o presidente em suas agendas.
Mas, independentemente do seletivo transporte terrestre, o presidente voltou ao Brasil no mesmo avião em que estavam pessoas contaminadas.

Das redes sociais

Com o início da nova estação na sexta-feira passada, só se fala nisso: "O outono chegou aqui em casa, outonoquarto, outonobanheiro, outonasala, outonacozinha".
É tempo de começar a sonhar com a primavera.

Fazendo as contas

Mas todos confiantes, já calculando: quanto falta para a estação das flores? Contando a partir de amanhã, quarta-feira, serão exatos 180 dias. Duros seis meses. A primavera começa na terça-feira, dia 22 de setembro.

Outra$ conta$

O notório ex-bancário João Vaccari Neto voltou - aos 61 de idade - ao ponto de onde foi tirado para a cadeia em 2015: as finanças do PT. Recebeu, na semana passada, de Lula e José Dirceu, a incumbência de traçar um plano de divisão do fundo partidário entre todos os diretórios, Brasil afora.
Do bolo oficial de R$ 2 bilhões, serão destinados, ao Partido dos Trabalhadores, R$ 204 milhões. A partilha deve chegar aos 3.187 diretórios permanentes. No ponto, o PT é a agremiação brasileira com o maior quantidade dessas representações municipais e estaduais. Tem, ainda, 289 comissões provisórias.
 

Do baú do Espaço Vital

Vaccari teve confirmadas pelo TRF-4 duas das três condenações criminais oriundas da Lava Jato. Somadas, as penas chegaram a 13 anos e dois meses. Ele cumpriu prisão de quatro anos e três meses desde 15 de abril de 2015, sendo liberado em 29 de agosto de 2019, em decorrência do polêmico indulto natalino concedido por Michel Temer em dezembro de 2018, em seu final de governo.
A vida segue límpida. E em matemática garantista, 13 anos e dois meses, menos quatro anos e três meses é igual a zero. Deu para entender?

O garantismo interesseiro

O Brasil padece de uma realidade perversa. Tem um sistema de Justiça ineficiente e que, de maneira geral, é feito para prender meninos pobres. Enquanto funcionou assim, não houve problema. Mas os escândalos do mensalão e a Lava Jato mudaram o paradigma - é o resumo de opinião do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo.
Uma de suas frases em entrevista à revista eletrônica Consultor Jurídico: "O Direito Penal chegou ao andar de cima, aquele dos ricos e poderosos, o que gerou uma reação garantista que rapidamente se espalhou".
Barroso também criticou o que chama de "garantismo à brasileira", no qual o processo não pode acabar até que se atinja a prescrição, e, se isso não ocorrer, tudo deve ser anulado. "Conheço muita gente em muitos lugares, até onde menos seria de se esperar, que tem essa mentalidade. Eu não tenho. O sistema penal que funciona evita a perversidade e diminui o índice de criminalidade."

Mudança de lides

O diagnóstico positivo de Davi Alcolumbre (DEM-AP) acabou impondo quarentena ao presidente do STF, Dias Toffoli. Em recolhimento forçado, os presidentes do Senado e do STF mudam hábitos em casa para trabalhar e ter contato com colegas.
Toffoli disse que está isolado dentro da residência e não tem contato com a filha e a funcionária que trabalha no local: "Estou almoçando em casa, eu mesmo lavo a minha louça, limpo meu quarto, estou tomando as precauções".
Embora todos os ministros estejam trabalhando em casa, a assessoria de imprensa do STF informou que não há registro de outro que esteja em regime de isolamento.

O topo da pirâmide

No Rio de Janeiro, diz-se em todas as rodas que "o vírus está principalmente na Zona Sul" e que "ele entrou no Brasil por meio de pessoas que voltaram do exterior". A conjunção pressupõe dispor de uma grana razoável.
Até ontem ao meio-dia, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, os dez bairros onde houve o maior número de pessoas infectadas eram Copacabana, Leblon, Ipanema e Barra da Tijuca.
Enfim...

Enfim...

A vida continua. Na sua carreira de compositor, Moacyr Luz também está de quarentena, no Rio de Janeiro. Em sua carreira, ele já assinou mais de 100 músicas gravadas por Maria Bethânia, Nana Caymmi, Beth Carvalho, Leny Andrade, Gilberto Gil e Leila Pinheiro.
No seu retiro compulsório, aos 61 de idade, ele acrescentou inspirados versos: "Tanto verde, tanto mar, não posso tocar. Quanta mesa, tanto bar, não pode sentar./ Tanta boca, tanto amor, nada adiantou, não posso beijar".