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- Publicada em 26 de Agosto de 2018 às 23:19

O que pensam os chineses sobre as eleições de 2018

Grupo de acadêmicos chineses e especialistas brasileiros analisou o cenário atual e o futuro do Brasil

Grupo de acadêmicos chineses e especialistas brasileiros analisou o cenário atual e o futuro do Brasil


THIAGO COPETTI/ESPECIAL/JC
Na última semana, logo após o prazo final para os partidos brasileiros registrarem seus candidatos à presidência, um grupo de acadêmicos chineses se reuniu para analisar o cenário atual e o futuro do Brasil a partir do novo panorama político. Não era um grupo qualquer. Organizado pelo Centro de Estudos Brasileiros do Instituto da América Latina, que fornece estudos ao governo chinês para elaboração de suas políticas com a região, contou com a presença do Chen Duqing, ex-embaixador no Brasil, entre 2006 e 2009. O diplomata é um profundo conhecedor do País: viveu no território brasileiro entre os anos 1980 e 2009, somando, entre idas e vindas, 13 anos de vivência no Brasil.
Na última semana, logo após o prazo final para os partidos brasileiros registrarem seus candidatos à presidência, um grupo de acadêmicos chineses se reuniu para analisar o cenário atual e o futuro do Brasil a partir do novo panorama político. Não era um grupo qualquer. Organizado pelo Centro de Estudos Brasileiros do Instituto da América Latina, que fornece estudos ao governo chinês para elaboração de suas políticas com a região, contou com a presença do Chen Duqing, ex-embaixador no Brasil, entre 2006 e 2009. O diplomata é um profundo conhecedor do País: viveu no território brasileiro entre os anos 1980 e 2009, somando, entre idas e vindas, 13 anos de vivência no Brasil.
A apresentação do cenário eleitoral foi feita por Diego Martins, consultor empresarial, e por Tatiana Molina, doutora em ciências políticas pela Universidade Federal Fluminense e pesquisadora convidada da Universidade de Pequim. Além das dúvidas sobre como o PT irá ao pleito (com Lula ou com Fernando Haddad), outros temas abordados pelos chineses são as polêmicas relacionadas a Bolsonaro. "O Bolsonaro é como Le Pen (Marine, ex-candidata de extrema-direita para a França), mas não há no Brasil há um equivalente ao Macron", avaliou Chen.
Bolsonaro já teria dado a entender que, se eleito, poderá causar empecilhos nas relações com o gigante asiático. Em diferentes entrevistas e posts, disse que "a China não está comprando do Brasil, a China está comprando o Brasil" e que "é preciso estabelecer limites legais e propositalmente não utilizados nesta área".
Para Chen, porém, as ameaças são apenas retórica de campanha. Ele acredita que, independentemente de quem será o eleito, não haverá mudança ou encolhimento nas relações sino-brasileiras. "Depois da crise de 2008, é a China que tem sido o país mais positivo para o Brasil. A continuidade dessa relação independe da ideologia", avalia.
Os questionamentos vão além de apenas um candidato e remetem a problemas nacionais. Zhang Yong, do departamento de economia do centro sino-brasileiro, questionou o futuro das reformas - em sua avaliação, necessárias para o desenvolvimento do País. "Não vejo um candidato que levaria isso adiante, ou por falta de vontade, ou por falta de capacidade política", opina Zhang.
Para He Shungrong, pesquisadora da área de relações internacionais, a imprevisibilidade não é apenas sobre as eleições. "Isso se estende também ao futuro da economia do País. Essas incertezas todas agravam ainda mais um cenário mundialmente incerto, como o atual", avalia.

Bolsonaro x China

Neste ano Bolsonaro já incomodou o governo chinês. Em fevereiro, como deputado federal, em roteiro pela Ásia, ignorou Pequim e visitou apenas Taiwan. Ao passar apenas pela ilha que busca a independência, representando o Congresso, gerou forte crítica do governo de Xi Jinping no Brasil.
César Maia, em post feito em seu twitter, em março, divulgou documento enviado pela República Popular da China criticando a visita a Taiwan. No texto, a embaixada chinesa diz que a visita do deputado a Taiwan viola o “princípio de uma só China, consenso amplo da comunidade internacional e política explicitamente defendida pelo governo e Congresso” e que foi “uma afronta à soberania e integridade territorial da China”, o que poderia “causar eventuais turbulências”, já que o Brasil mantém relações diplomáticas com a China, e não com Taiwan.