A vida continua

A carreata de protesto dos motoristas de aplicativos já era anunciada há mais dias. Eles têm razão quando se queixam do baixo preço recebido pelo quilômetro rodado, além de pagarem mico por promoções das empresas para fidelizar ou atrair clientes. Enquanto isso, o táxi comum tende a desaparecer. Parte é motorista veterano, que não se adapta ao sistema eletrônico.

Dito isso, há que se enxergar o panorama visto da ponte. O colunista usa aplicativo duas ou mais vezes por dia, e em todas as viagens procura saber a real. Alguns dizem que os ganhos são razoáveis se trabalharem de sol a sol e mais um pouco, em torno de R$ 8 mil a R$ 10 mil mensais brutos. Outros se queixam da baixa margem e consequente pífia renda.

Entre tantas outras atividades artísticas, quem está na rua da amargura são as pessoas do canto e da voz, que sobreviviam fazendo shows intimistas em bares e restaurantes, sem ter a retaguarda dos famosos, e sem gordura financeira acumulada. Muito triste tudo isso.

Diz uma das Leis de Murphy que nada está tão ruim que não possa piorar. É o caso de quem está internado ou espera vaga para cirurgias de outras doenças como câncer, coração e uma variedade enorme de outras morbidades. Essa história cruel com toda sua gravidade é abafada pelo barulho do coronavírus.

O Primeiro Cartório de Protestos de Porto Alegre está possibilitando o pagamento de emolumentos notariais e títulos levados a protesto em até 12 parcelas mensais pelo cartão de débito ou crédito.

As recentes decisões do presidente Jair Bolsonaro remetem à antiga imagem de um elefante em uma loja de cristais. Por menor que seja o movimento, o estrago é considerável, como é o caso da intromissão na Petrobras, quebradeira que mexeu profundamente com os investidores, agora mais do que nunca convencidos de que há forte insegurança jurídica para investir no Brasil.

Dá até para ouvir de longe o que Bolsonaro deve estar respondendo ante as críticas, um audível "e daí?". E daí, presidente, que o senhor não é o dono da loja. A Petrobras é uma empresa de capital aberto e como tal tem acionistas-donos também. Ou seja, a loja não é só sua. Elefantes em lojas de cristal costumam derrubar paredes de lojas vizinhas, como foi o caso.

A queda na aprovação do governo Bolsonaro é explicada por uma série de motivos, mas certamente o maior é a interrupção do auxílio emergencial. Os sem-dinheiro são a maior parcela da população, que não sabe e também não se importa com a briga do Capitão com os jornais. A parcela que realmente entende o conjunto da obra deve ser menor que 10%, e diminuindo. É a parcela que um deputado mineiro chamava de grande diretório nacional.