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Cinema

- Publicada em 02 de Junho de 2022 às 17:26

O retorno de um herói

Hélio Nascimento
Nunca antes um festival de cinema havia prestado a um ator cinematográfico uma homenagem como a que foi encenada há alguns dias no de Cannes. Festivais como o daquela cidade francesa sempre tiveram a necessidade da presença de astros e estrelas do universo cinematográfico, essas figuras indispensáveis para a indústria do cinema. Mas o espetáculo dedicado a valorizar o lançamento mundial de Top Gun - Maverick, uma segunda parte do filme que Tony Scott realizou em 1986, exibido no Brasil com o título de Ases indomáveis, superou todas as homenagens antes prestadas a figuras tornadas famosas através do cinema. Tom Cruise, certamente, poderá a partir de agora ser chamado de rei de Cannes. Ele teve direito a jatos da foça aérea francesa colorindo o céu com as cores da bandeira e até mesmo recebeu uma Palma de Ouro especial por sua contribuição ao cinema. Exagero, dirão alguns com certa razão. Porém, é preciso realçar as causas de tanto entusiasmo por parte dos organizadores do festival. O cinema tem enfrentado nos últimos anos um inimigo poderoso, que todos conhecem e contra ele até tenham pessoalmente lutado e também perdido parentes e pessoas amigas. Aos poucos, a recuperação vai se fortalecendo e tudo está a indicar que não será desta vez que o sonho de alguns -o fim do cinema e a vitória da tela pequena e do comodismo - será concretizado. O novo Top Gun, que está sendo supervalorizado por parte da crítica, não deixa de ser uma peça de resistência. Não era a intenção, pois o filme foi realizado antes da pandemia e teve seu lançamento adiado depois que um de seus produtores, o próprio Cruise, se negou a utilizar o streaming para torná-lo conhecido. O cinema, portanto, foi valorizado. Este é o primeiro motivo das homenagens prestadas ao ator.
Nunca antes um festival de cinema havia prestado a um ator cinematográfico uma homenagem como a que foi encenada há alguns dias no de Cannes. Festivais como o daquela cidade francesa sempre tiveram a necessidade da presença de astros e estrelas do universo cinematográfico, essas figuras indispensáveis para a indústria do cinema. Mas o espetáculo dedicado a valorizar o lançamento mundial de Top Gun - Maverick, uma segunda parte do filme que Tony Scott realizou em 1986, exibido no Brasil com o título de Ases indomáveis, superou todas as homenagens antes prestadas a figuras tornadas famosas através do cinema. Tom Cruise, certamente, poderá a partir de agora ser chamado de rei de Cannes. Ele teve direito a jatos da foça aérea francesa colorindo o céu com as cores da bandeira e até mesmo recebeu uma Palma de Ouro especial por sua contribuição ao cinema. Exagero, dirão alguns com certa razão. Porém, é preciso realçar as causas de tanto entusiasmo por parte dos organizadores do festival. O cinema tem enfrentado nos últimos anos um inimigo poderoso, que todos conhecem e contra ele até tenham pessoalmente lutado e também perdido parentes e pessoas amigas. Aos poucos, a recuperação vai se fortalecendo e tudo está a indicar que não será desta vez que o sonho de alguns -o fim do cinema e a vitória da tela pequena e do comodismo - será concretizado. O novo Top Gun, que está sendo supervalorizado por parte da crítica, não deixa de ser uma peça de resistência. Não era a intenção, pois o filme foi realizado antes da pandemia e teve seu lançamento adiado depois que um de seus produtores, o próprio Cruise, se negou a utilizar o streaming para torná-lo conhecido. O cinema, portanto, foi valorizado. Este é o primeiro motivo das homenagens prestadas ao ator.
O próprio Cruise aparece na tela, antes do início da ação, saudando os espectadores e realçando a importância do espaço onde serão projetadas as imagens do filme. Este ineditismo não é a única virtude da produção. Cruise exigiu, por exemplo, a presença do ator Val Kilmer, um dos protagonistas do primeiro filme, que teve a carreira prejudicada por motivos de saúde. Ele está presente naquela cena que é a melhor do filme, quando exibicionismos permitidos pelas novas tecnologias são substituídos por valores humanos. E também não foi esquecido o diretor Tony Scott (1944 - 2012), realizador do primeiro filme e a cuja memória o segundo é dedicado. Scott iniciou a carreira em 1983 com um admirável filme fantástico, Fome de viver, e depois explorou sempre com competência principalmente o gênero da ação, entre eles Maré vermelha, que, tendo a Guerra Fria como tema, tinha aquela fala de Gene Hackman, um militar comandante de um submarino, para um oficial liberal vivido por Denzel Washington: "Estamos aqui para defender a democracia, não para praticá-la". Ao colocar na tela o nome de Scott, o novo filme não deixa de por no seu devido lugar o diretor desta segunda parte, Joseph Kosinski, que se deixa levar por uma série de lugares-comuns, entre eles os sorrisos e os abraços que solucionam em instantes conflitos abordados de forma superficial. Numa época em que jogos eletrônicos são a grande influência no cinema de ação, Kosinski sem dúvida é mais um servo a obedecer às ordens emanadas de um poder superior, algo que ele faz com inegável competência.
Filmes sobre pilotos em guerra são muitos, alguns deles clássicos dos mais legítimos, não faltando mesmo documentários como Memphis Belle, que William Wyler realizou em plena Segunda Guerra Mundial. Almas em Chamas, dirigido por Henry King em 1949, é outro clássico sobretudo ao realçar o sacrifício e os valores humanos, este colocados em segundo plano numa guerra. O filme dirigido por Kosinski não deixa de tratar este tema, mas o faz de forma superficial ao deixar escapar a oportunidade de colocar para o público a desvalorização do ser humano substituído pelas máquinas. Tal ameaça é ligeiramente abordada, quando o protagonista diz "não agora". E tudo termina numa festa e numa reconciliação geral. Mas é só acompanhar o noticiário atual para constatar a ingenuidade de tal epílogo. Filmes como este têm a importância de trazer o público de volta aos cinemas. Espera-se apenas que não sejam os únicos.
 
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