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Cinema

- Publicada em 17 de Setembro de 2021 às 03:00

Escolas e renovações

Hélio Nascimento
A morte do ator Jean-Paul Belmondo fez com que os cinéfilos de todo o mundo voltassem, utilizando a memória e também os recursos permitidos pela admiração inabalável a clássicos eternos, ao período mais rico do cinema francês, na qual três escolas se destacaram, todas elas erradamente classificadas como integrantes de um movimento universalmente conhecido como nouvelle-vague. É que aquele intérprete participou de todas as três, além de ter atuado numa série de filmes integrados àquela corrente mais preocupada com resultados de bilheteria. O termo nouvelle-vague foi usado de forma inapropriada pois colocou no mesmo barco autodidatas que aprenderam a fazer cinema estudando, principalmente, o cinema norte-americano nas salas de cinematecas, com cineastas interessados em manter a narrativa clássica de forma inovadora e com aqueles interessados em criar uma nova linguagem, a partir de elementos extraídos de outras artes. Depois que o fim da Segunda Guerra Mundial permitiu que parte expressiva do cinema produzido nos Estados Unidos fosse exibida na França, tornando conhecidas obras-primas como Cidadão Kane, de Orson Welles, os jovens da cinemateca começaram a ocupar seu espaço, principalmente com Jean-Luc Godard, François Truffaut e Claude Chabrol. Estes, sim, formaram o trio maior da nouvelle-vague. O primeiro filme de Godard, Acossado, produzido em 1960, foi protagonizado por Belmondo, que também trabalharia com Truffaut e Chabrol, e pela americana Jean Seberg e dedicado pelo cineasta a Monogran Pictures, uma pequena empesa dedicada a filmes de ação produzidos com pequenos orçamentos. Era uma forma da nova geração valorizar a importância que tiveram filmes de gênero no desenvolvimento do cinema. Por outro lado, era inegável a influência de Alfred Hitchcock na obra de Chabrol e Truffaut, sendo que o segundo chegou mesmo a publicar um livro-entrevista com o autor de Vertigo.
A morte do ator Jean-Paul Belmondo fez com que os cinéfilos de todo o mundo voltassem, utilizando a memória e também os recursos permitidos pela admiração inabalável a clássicos eternos, ao período mais rico do cinema francês, na qual três escolas se destacaram, todas elas erradamente classificadas como integrantes de um movimento universalmente conhecido como nouvelle-vague. É que aquele intérprete participou de todas as três, além de ter atuado numa série de filmes integrados àquela corrente mais preocupada com resultados de bilheteria. O termo nouvelle-vague foi usado de forma inapropriada pois colocou no mesmo barco autodidatas que aprenderam a fazer cinema estudando, principalmente, o cinema norte-americano nas salas de cinematecas, com cineastas interessados em manter a narrativa clássica de forma inovadora e com aqueles interessados em criar uma nova linguagem, a partir de elementos extraídos de outras artes. Depois que o fim da Segunda Guerra Mundial permitiu que parte expressiva do cinema produzido nos Estados Unidos fosse exibida na França, tornando conhecidas obras-primas como Cidadão Kane, de Orson Welles, os jovens da cinemateca começaram a ocupar seu espaço, principalmente com Jean-Luc Godard, François Truffaut e Claude Chabrol. Estes, sim, formaram o trio maior da nouvelle-vague. O primeiro filme de Godard, Acossado, produzido em 1960, foi protagonizado por Belmondo, que também trabalharia com Truffaut e Chabrol, e pela americana Jean Seberg e dedicado pelo cineasta a Monogran Pictures, uma pequena empesa dedicada a filmes de ação produzidos com pequenos orçamentos. Era uma forma da nova geração valorizar a importância que tiveram filmes de gênero no desenvolvimento do cinema. Por outro lado, era inegável a influência de Alfred Hitchcock na obra de Chabrol e Truffaut, sendo que o segundo chegou mesmo a publicar um livro-entrevista com o autor de Vertigo.
Um ano antes de Godard ter realizado seu primeiro filme, Alan Resnais causou impacto em todo o mundo com Hiroshima, Meu Amor, um longa-metragem que não apenas confirmou o talento expresso em vários filmes curtos e também no notável média-metragem Noite e nevoeiro. O primeiro longa de Resnais é também um marco inovador, repassado de elementos enriquecedores, inclusive na maneira como abordou o tema da agressividade humana, relacionando a cidade devastadas e as milhares de vítimas à humilhação sofrida por uma jovem francesa, ferida na alma por intolerantes e repressores. Resnais continuou uma carreira brilhantes e em 1974 realizou Stavisky, sobre a corrupção na França, na década de 1930, quando então contou com o trabalho de Belmondo no papel do protagonista. Resnais não pertencia a nouvelle-vague. Sua escola foi o curta-metragem e também um interesse sobre a literatura, a música, a pintura e também pela técnica das histórias em quadrinhos. Mas foi aquele que mais se destacou entre os franceses na segunda metade do século passado. Hiroshima é ao mesmo tempo um poema recitado, uma ópera, um documentário e uma vigorosa denúncia de atos criminosos praticados em nome da civilização.
Uma terceira corrente foi aquela de jovens formados pelo IDHEC, o instituto de estudos cinematográficos da França. O mais destacado entre os alunos foi Louis Malle, que trabalhou com Belmondo quando realizou O ladrão aventureiro, em 1966. Ele havia iniciado, a carreira com O mundo do silêncio, realizado em parceria com o comandante Jacques Cousteau, um documentário sobre o fundo do mar, em 1956. Logo em seguida, com Ascensor para o cadafalso, mostrou que havia surgido um novo cineasta. A fama foi alcançada com o filme seguinte, Amantes, com a brilhante utilização de um dos sextetos para cordas de Brahms na faixa sonora. Malle realizou também alguns filmes no cinema norte-americano, entre eles Atlantic City. E havia também uma quarta corrente, voltada para temas acessíveis a um público mais amplo, como as das comédias de Philippe de Broca, com o qual Belmondo trabalhou em Cartouche, em 1962, e os filmes de Claude Lelouch, que dirigiu o ator em O homem que eu amo, em 1969. Foi uma época esplendorosa do cinema francês, que, como alguns outros, anda à espera de novos nomes de brilho pelo menos semelhante.
 
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