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Cinema

- Publicada em 17 de Julho de 2020 às 03:00

Música e imagem

Hélio Nascimento
A morte de Ennio Morricone, aos 91 anos de idade, deixou bem claro que ele havia se tornado o mais admirado entre todos os que escreveram música para o cinema. A repercussão de sua partida foi enorme em todo o mundo. Jornais dedicaram amplos espaços para sua biografia e para lembrar os filmes que ele enriqueceu com temas que por vezes prolongavam e por vezes aprofundavam o sentido das imagens. Televisões de todo o mundo organizaram retrospectivas integradas por filmes por ele musicados. Emissoras de rádio dedicaram programas especiais às suas partituras. Morricone recebeu duas vezes o Oscar da Academia de Hollywood. A primeira em 2007, pelo conjunto da obra, quando o prêmio foi entregue por Clint Eastwood, uma clara referência ao início do prestígio do músico, que havia trabalhado com Sergio Leone na trilogia que nos 1960 foi um dos pontos iniciais de uma série de filmes italianos baseados no western americano. Eastwood, como se sabe, havia sido o protagonista da trilogia formada pelos filmes Por um punhado de dólares, Por alguns dólares a mais e Três homens em conflito. Na ocasião, falando em italiano e tendo aquele cineasta como tradutor, Morricone disse que aquele prêmio não marcava o fim de uma jornada e sim o começo de outra. E tinha razão. Em 2016, desta vez concorrendo, ele ganhou outra vez o Oscar por sua partitura para Os oito odiados, de Quentin Tarantino.
A morte de Ennio Morricone, aos 91 anos de idade, deixou bem claro que ele havia se tornado o mais admirado entre todos os que escreveram música para o cinema. A repercussão de sua partida foi enorme em todo o mundo. Jornais dedicaram amplos espaços para sua biografia e para lembrar os filmes que ele enriqueceu com temas que por vezes prolongavam e por vezes aprofundavam o sentido das imagens. Televisões de todo o mundo organizaram retrospectivas integradas por filmes por ele musicados. Emissoras de rádio dedicaram programas especiais às suas partituras. Morricone recebeu duas vezes o Oscar da Academia de Hollywood. A primeira em 2007, pelo conjunto da obra, quando o prêmio foi entregue por Clint Eastwood, uma clara referência ao início do prestígio do músico, que havia trabalhado com Sergio Leone na trilogia que nos 1960 foi um dos pontos iniciais de uma série de filmes italianos baseados no western americano. Eastwood, como se sabe, havia sido o protagonista da trilogia formada pelos filmes Por um punhado de dólares, Por alguns dólares a mais e Três homens em conflito. Na ocasião, falando em italiano e tendo aquele cineasta como tradutor, Morricone disse que aquele prêmio não marcava o fim de uma jornada e sim o começo de outra. E tinha razão. Em 2016, desta vez concorrendo, ele ganhou outra vez o Oscar por sua partitura para Os oito odiados, de Quentin Tarantino.
Um ponto interessante e que merece ser lembrado no que se relaciona ao interesse de vários diretores pelo western é que aquele movimento não foi o primeiro sinal do fascínio que tal gênero ou tal período histórico exercia sobre o público italiano no início do século passado. No ano de 1910, mais precisamente em 10 de dezembro de 1910, estreava em Nova York a ópera La fanciulla del West, escrita por Giacomo Puccini. Esta ópera transcorre durante a corrida do ouro e depois da estreia nova-iorquina foi encenada em palcos italianos. Cabe aos conhecedores de tal obra e que também viram o filme de Tarantino constatar se há citações ou referências à ópera. Mas o fato de a partitura de Morricone ter sido premiada com o Oscar de música provavelmente é um sinal de que os musicólogos que formaram o júri de premiação tenham sido sensíveis a aproximações cabíveis no caso. Cada espectador tem o seu Morricone favorito e há muito o que destacar em seu trabalho para o cinema. E um de seus trabalhos mais elaborados é o que ele escreveu para Era uma vez na América, de Leone, a obra-prima do cineasta. As variações sobre a canção Amapola não são apenas referências a uma infância longínqua, pois surgem como a tradução para a linguagem dos sons do tema do esfacelamento causado nos indivíduos pelos antivalores de um mundo corrompido pela cobiça e a violência. E há também o célebre solo de oboé em A missão, de Roland Joffé, simbolizando a permanência do humanismo num universo dominado pela ambição e a brutalidade. E não é possível esquecer o glorioso tema que exalta o papel da justiça em Os intocáveis, de Brian DePalma. Assim como sempre será lembrada exaltação ao trabalho e ao pioneirismo em Era uma vez no Oeste. Lamenta-se apenas que a morte de Sergio Leone, antes do projetado filme sobre o cerco de Leningrado, certamente nos privou de um encontro de Morricone com a Sétima de Chostakovitch.
Desde que Serguei Eisenstein realizou Alexander Newski, em parceria com Serguei Prokofiev, que a música em cinema passou a ser valorizada. Nomes como Eric Wolfgang Korngold, Max Steiner, Miklos Rosza e mais recentemente John Williams são a prova de tal afirmação. E há casos como o dos encontros de Alfred Hitchcock e Bernard Hermann em vários clássicos nos quais a música não apenas enobrece como dá sentido e esclarece certas situações. E há também aqueles cineastas que souberam ver na música que faz parte da cultura humana, chamada por vezes de erudita, um elemento indispensável, como Stanley Kubrick em 2001, Ingmar Bergman em Gritos e sussurros, Luchino Visconti em Morte em Veneza, Louis Malle em Amantes, Glauber Rocha em Deus e o diabo na terra do sol. Por seu trabalho nos filmes antes lembrados e em muitos outros, Morricone ficará para sempre integrado a um processo que evidenciou o valor da união entre duas artes.
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