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Cultura

- Publicada em 20 de Março de 2019 às 01:00

'Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio-Grandense' tem lançamento nesta quinta-feira

Pesquisa de  Aldyr Garcia Schlee terá lançamentos nas cidades de Porto Alegre e Pelotas

Pesquisa de Aldyr Garcia Schlee terá lançamentos nas cidades de Porto Alegre e Pelotas


FRUCTOS DO PAIZ/DIVULGAÇÃO/JC
Caroline da Silva
No universo pampeano, constituiu-se o mundo do gaúcho: uma sociedade pastoril patriarcal e autoritária, com traços culturais bem definidos, baseada numa economia arcaica, vinculada à exploração do latifúndio e baseada na criação de gado. As linhas divisórias, que separaram impérios e separam países, não impediram o surgimento de uma cultura comum e de um modo particular de interpretação da realidade pampeana, a partir do espanhol ou do português, através de recriação linguística e rica diversificação léxica.
No universo pampeano, constituiu-se o mundo do gaúcho: uma sociedade pastoril patriarcal e autoritária, com traços culturais bem definidos, baseada numa economia arcaica, vinculada à exploração do latifúndio e baseada na criação de gado. As linhas divisórias, que separaram impérios e separam países, não impediram o surgimento de uma cultura comum e de um modo particular de interpretação da realidade pampeana, a partir do espanhol ou do português, através de recriação linguística e rica diversificação léxica.
O registro desses costumes típicos em verbetes chega ao público nesta quinta-feira (21), com o lançamento do Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio-Grandense (Fructos do Paiz, 989 págs, 2 vol.), às 10h, no Palácio Piratini, com presença de autoridades. A obra tem assinatura de Aldyr Garcia Schlee (Jaguarão, 22 de novembro de 1934 - Pelotas, 15 de novembro de 2018).
Em 2001, o escritor e tradutor bilíngue Schlee iniciou uma pesquisa minuciosa. Toda a sua atividade como ensaísta e ficcionista, nas duas línguas, está centrada no território literário da fronteira brasileiro-uruguaia. Sua atividade como tradutor levou-o a verter obras fundamentais da literatura gaúcha - platina e sul-rio-grandense - de autores como Domingo Faustino Sarmiento, Eduardo Acevedo Díaz, Javier de Viana, Ricardo Güiraldes, Francisco Espínola, João Simões Lopes Neto e Cyro Martins.
Ao lidar com a linguagem literária desses escritores, pôde perceber a importância e o significado de sua contribuição para um conhecimento mais preciso e mais amplo da cultura pampeana e da fala característica do homem do pampa. A linguagem literária gaúcha, nascida da espontaneidade da fala popular, reelaborada e desenvolvida por expoentes da literatura pampeana foi o cerne do estudo que resulta nesta publicação. Originando-se da linguagem empregada pelos autores - que, ao seu tempo (de 1811 a 1994), foram importantes intérpretes da realidade pampeana no Brasil, no Uruguai e na Argentina -, este dicionário enumera as expressões por eles utilizadas na tradução do mundo peculiar de vida do gaúcho do pampa sul-rio-grandense.
Além do lançamento em Porto Alegre, serão realizados eventos em Pelotas (onde Schlee sempre morou) e em Jaguarão (cidade natal) no próximo mês para celebrar a obra. O projeto gráfico é de Valder Valeirão. Sob o selo Fructos do Paiz - criado pelo próprio escritor - o livro tem patrocínio da Braskem, por meio do financiamento do Pró-Cultura RS. Sem fim comercial, a publicação será disponibilizada a instituições de ensino, de pesquisa e bibliotecas interessadas e, em breve, estará disponível para download. Para solicitar um exemplar, é necessário enviar mensagem para [email protected] com os dados da instituição (nome, CNPJ, endereço, pessoa responsável e seu CPF).
Segundo Andrey Rosenthal Schlee, diretor de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan, o dicionário é o elemento aglutinador de um grande projeto: "Tem uma questão educativa, de distribuição de exemplares em escolas, com palestras e mais a articulação de um site para baixar a versão digital gratuitamente". O herdeiro estará presente hoje na cerimônia: "Como sou um dos três filhos dele, me pediram para falar no evento. Não vai ser fácil, mas vou tentar cumprir essa tarefa que a Beatriz Araujo (Secretária de Estado da Cultura e editora do livro) me passou".
Para o filho, o fato do lançamento ser no Palácio Piratini é simbólico em dois sentidos: "Por um lado, é o reconhecimento da importância da obra. Por outro, o evento acontece no Salão Negrinho do Pastoreio, que é uma obra de referência de Simões Lopes Neto, autor igualmente pelotense. Parte do trabalho literário de Aldyr Garcia Schlee foi estudar, entender e fixar a obra de Simões Lopes Neto".
Andrey Schlee conta que o projeto não era para ter um lançamento póstumo. Inclusive, já hospitalizado, o escritor estava empolgado com a possibilidade de ver o dicionário finalmente pronto. "Quando tivemos a informação que estava terminado e poderia ir para a gráfica, foi quando ele piorou e acabou falecendo." Na opinião do filho, o pai se despede deixando um presente, e antecipa a emoção da ocasião: "É muito difícil. Será a primeira vez que a apresentação de um livro dele vai ocorrer sem a presença dele, sendo tão próximo, quatro meses e cinco dias após a morte. Então, isso é uma dor. Mas também é um presente, porque, de fato, é um legado. Ele contribui de outra forma, além dos textos literários próprios".
Doutor em Ciências Humanas, Aldyr Garcia Schlee publicou mais de 15 livros, entre contos, ensaios e romances, e sua obra integra mais de seis antologias.
Caroline da Silva
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