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Jornal da Lei

- Publicada em 10 de Setembro de 2019 às 03:00

Provedores dificultam identificação de criminosos cibernéticos

A demora de alguns provedores de conexão à internet em atualizar seus sistemas de identificação de usuários da rede mundial de computadores tem dificultado o trabalho de policiais encarregados de investigar crimes cibernéticos. A afirmação é do coordenador do Laboratório de Inteligência Cibernética do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Alessandro Barreto.
A demora de alguns provedores de conexão à internet em atualizar seus sistemas de identificação de usuários da rede mundial de computadores tem dificultado o trabalho de policiais encarregados de investigar crimes cibernéticos. A afirmação é do coordenador do Laboratório de Inteligência Cibernética do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Alessandro Barreto.
O problema decorre, principalmente, da resistência de algumas empresas em fazer os investimentos necessários para migrarem da tecnologia IPv4 para o IPv6 - protocolo de internet (do inglês, Internet Protocol, ou IP) lançado em 2012 como uma resposta à ameaça de saturação dos "endereços" numéricos que identificam cada computador, servidor, celular, tablet ou dispositivo conectado à rede.
Criado no início da década de 1980, o IPv4 opera com "endereços" de 32 bits, suportando cerca de 4,3 bilhões de IPs em todo o mundo. As combinações numéricas que identificam um IP permitem a conexão dos equipamentos em rede. Ou seja, para realizar uma pesquisa, enviar um e-mail ou acessar as redes sociais, o internauta tem que necessariamente utilizar um equipamento com um número de IP autenticado.
Ocorre que, conforme a internet se popularizou, o número de endereços ainda disponíveis no protocolo IPv4 foi diminuindo rapidamente, motivando a Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (do inglês, Icann) a lançar o IPv6, que usa 128 bits, possibilitando um número infinitamente maior de combinações numéricas.
De acordo com Barreto, com a saturação do antigo protocolo, provedores que ainda não migraram para o protocolo IPv6 passaram a atribuir um mesmo IP a mais de um internauta. "Alguns provedores, por várias questões, não querem fazer a migração. Então eles pegam um endereço de IP e compartilham (entre vários clientes). Já pegamos um único IP sendo usado por 1.020 aparelhos. Como vamos chegar à conexão?", questiona Barreto, explicando como isso dificulta o trabalho dos investigadores.
"É como se tivéssemos uma autopista com mil veículos, todos da mesma cor, e com uma mesma placa. Por isso, alguns abusadores e exploradores sexuais deixam de ser identificados", comenta o coordenador, sustentando que a quinta fase da Operação Luz na Infância, deflagrada na semana passada para investigar a suspeita de crimes de exploração sexual contra crianças e adolescentes, também foi prejudicada por essa questão.
"Isso não afeta só crimes de abuso e exploração sexual infantil. Afeta fraudes eletrônicas, crimes eleitorais, o que quer que seja que exija a identificação do responsável. Asseguro a todos vocês que os números da Operação Luz na Infância poderiam ser maiores", afirma Barreto sobre os 105 mandados de busca e apreensão cumpridos em 14 estados, no Distrito Federal, e em outros seis países - Chile, El Salvador, Equador, Panamá e Paraguai, além dos Estados Unidos, onde um investigado foi detido no estado do Michigan.
Se todos os provedores migrarem para o protocolo IPv6, os números de IPs disponíveis aumentarão e o sistema suportará muito além dos cerca de 4,3 bilhões de endereços. Com isso, será mais fácil distinguir os equipamentos conectados à rede.
"No Brasil, o Marco Civil da Internet estabelece que os provedores de conexão têm que fornecer informações que nos permitam individualizar a autoria e a materialidade de delitos. A legislação é clara quanto a isso", completa.
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