Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Meio Ambiente

- Publicada em 26 de Abril de 2022 às 03:00

Construção gera cerca de 70 mil caçambas de resíduos

Em Porto Alegre, cada empresa do segmento recolhe, em média, 2 mil m³ de caliça mensalmente

Em Porto Alegre, cada empresa do segmento recolhe, em média, 2 mil m³ de caliça mensalmente


MARCELO G. RIBEIRO/ARQUIVO/JC
Em média, uma empresa que recolhe resíduos sólidos provenientes da construção civil, encaminha mensalmente para reciclagem 2 mil m³ da chamada caliça . São cerca de 500 caçambas a cada 30 dias. Sem contar com o serviço clandestino, o movimento pode ultrapassar 70 mil caçambas/mês. Os dados são da Associação dos Transportadores de Caçambas Estacionárias de Porto Alegre.
Em média, uma empresa que recolhe resíduos sólidos provenientes da construção civil, encaminha mensalmente para reciclagem 2 mil m³ da chamada caliça . São cerca de 500 caçambas a cada 30 dias. Sem contar com o serviço clandestino, o movimento pode ultrapassar 70 mil caçambas/mês. Os dados são da Associação dos Transportadores de Caçambas Estacionárias de Porto Alegre.
A entidade possui entre seus quadros, 41 empresas registradas. A presidente, Guacira Ramos, diz que ainda existem outras 100 empresas que não integram a associação. Há, ainda, um número impreciso de pessoas que oferecem um serviço não regularizado. "Empresas pequenas movimentam cerca de 200 caçambas por mês e outras empresas de grande porte podem chegar a 800", explica Guacira.
A empresária destacou que, nos dois últimos anos, viveu o melhor momento para seu negócio. Apesar de ter negociado a demissão de funcionários por medo de ficar sem trabalho durante a pandemia por Covid-19, Guacira conta que foi surpreendida com um movimento acima da média. "Dobrei o número de caçambas, aumentei a quantidade de caminhões e tive que contratar mais trabalhadores do que tinha", garante.
Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (instituída pela Lei 12.305/ 2010), os Resíduos da Construção Civil (RCC) são aqueles gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação escavação de terrenos para obras civis. Conforme o Conselho Nacional do Meio Ambiente são resíduos da construção tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.
As obras residenciais ou comerciais que utilizam processos construtivos convencionais, ou seja, estrutura de concreto armado associada a vedações em alvenaria com blocos de concreto ou cerâmicos, geram entre 0,10 e 0,15 metros cúbicos de RCCs por metro quadrado de área construída. Deste total, 50% desse volume se referem à alvenaria, concreto, argamassas e cerâmicos; 30% à madeira; 10% ao gesso; 7% ao papel, plástico e metais; e 3% são constituídos de resíduos perigosos e outros resíduos não recicláveis, inclusive rejeitos.
Na prática, quatro iniciativas podem ajudar a controlar os resíduos na construção civil: uso de materiais de construção sustentáveis; reutilização de matéria-prima de demolição; reciclagem de materiais e sistemas de contenção de resíduos no canteiro de obras.

Gesso é um dos insumos que demanda cuidados no descarte

Sebanella produz 2,5 mil toneladas de gesso reciclado por mês, informa Sebastian Pereira

Sebanella produz 2,5 mil toneladas de gesso reciclado por mês, informa Sebastian Pereira


Sebanella/Divulgação/JC
Entre os materiais provenientes da construção, demolição ou reforma de residências e prédios comerciais ou residenciais, está o gesso. De baixo custo-benefício se comparado a outros produtos frequentemente utilizados pelas arquitetos, o gesso é um material de fácil manuseio, podendo ser modelado de diversas formas, o que faz com que a decoração do ambiente seja original e possa transmitir a personalidade do cliente. Contudo, quando é preciso retirá-lo de um ambiente para uma reformulação no design, deve ser descartado de forma correta.
Devido às suas características físicas e químicas, o gesso não pode ter contato direto com o meio ambiente. Constituído de sulfato de cálcio di-hidratado, em contato com o oxigênio da água oxida-se e torna-se tóxico para o meio ambiente. Ou seja, a dissolução do material provoca a sulfurização dos solos e a contaminação dos lençóis freáticos.
No site do Departamento Municipal de Limpeza Urbana da Capital (DMLU), há uma cartilha que informa o destino correto de todo lixo produzido em Porto Alegre. Especializada na reciclagem de resíduos de gesso, a empresa Sebanella é a pioneira nesse segmento. Localizada em Canoas, possui outros 108 pontos de coleta no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Resíduos provenientes da construção civil, como gesso acartonado (drywall), gesso convencional (é a placa que não contém papel), moldes de gesso originados em diferentes segmentos (indústrias matrizarias de sapato, louças sanitárias, gerados na criação de objetos decorativos e até moldes dentários), são transformados de forma ecológica, em uma fonte de insumos para outros processos e aplicações.
A Sebanella produz 2,5 mil toneladas de gesso reciclado por mês. A empresa recebe o material também dos estados de Santa Catarina e Paraná. Sebastian Pereira, diretor da recicladora, conta que todo o material processado é vendido para a indústria de cimento. "No futuro, queremos investir em duas fábricas: uma de blocos de gesso reciclado e outra de gesso agrícola ensacado", conta. O gesso reciclado tem seu uso no campo como corretor da salinidade do solo. O gesso agrícola no solo também visa aplicar cálcio e enxofre e melhorar o ambiente em subsuperfície.
Outro projeto da empresa é a parceria com condomínios, para facilitar o descarte do material proveniente de reformas nas unidades residenciais. Na última semana, a Sebanella concedeu o selo EcoFriendly ao Condomínio Panamby, localizado na Zona Leste de Porto Alegre. Composto por torres com um total de 342 apartamentos mais um conjunto de 22 casas, o condomínio conta com uma caixa específica para o recolhimento do gesso proveniente de obras, intervenções de design e outros.