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Estradas

- Publicada em 15 de Março de 2022 às 03:00

Alta do petróleo altera regra de concessões de rodovias

Mudança já será aplicada nos próximos processos licitatórios do governo federal

Mudança já será aplicada nos próximos processos licitatórios do governo federal


/ANDRESSA PUFAL/JC
O preço do petróleo, que já vinha em escalada devido a pandemia e disparou com a guerra entre Rússia e Ucrânia, levou o Ministério de Infraestrutura a decidir modificar os próximos contratos de concessão.
O preço do petróleo, que já vinha em escalada devido a pandemia e disparou com a guerra entre Rússia e Ucrânia, levou o Ministério de Infraestrutura a decidir modificar os próximos contratos de concessão.
O objetivo é evitar problemas de caixa para as empresas nos primeiros anos do contrato, etapa que prevê os investimentos mais pesados em obras -o petróleo é matéria-prima para o asfalto, que representa um alto custo nessa etapa.
Nos editais das próximas rodovias, a equipe do ministro Tarcísio de Freitas incluiu a previsão para reajustes de preços considerando uma combinação entre dois índices - IPCA, o índice tradicional de preços medido pelo IBGE, e IGP-DI (Índice Geral de Preços por Disponibilidade Interna), medido pela Fundação Getúlio Vargas.
Segundo Natália Marcassa, secretária de Fomento, Planejamento e Parcerias do Ministério da Infraestrutura, essa foi uma saída para tentar compensar a alta exorbitante do preço de insumos, principalmente asfalto. "Decidimos mesclar o índice com 70% de IPCA e 30% de IGP-DI", afirmou Marcassa. "O IGP-DI consegue captar as variações cambiais que incidem sobre insumos da indústria e da construção."
Para a secretária, a combinação permite que a inflação percebida pelo concessionário seja mais próxima da sua realidade. Hoje, os contratos estão 100% indexados ao IPCA. A outra opção para amortizar impactos imprevistos no preço dos insumos é o uso do hedge cambial, uma espécie de fundo que poderá ser usado para reduzir altas de insumos e que já fazia parte das regras dos contratos de concessão de rodovias. "O vencedor terá de escolher qual opção vai querer, e caberá à ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres] autorizar ou não."
Marcassa afirma que essa nova ferramenta foi uma outra saída para tentar evitar o desastre ocorrido nas concessões do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, que não previu válvulas de escape para situações de crise financeira no país.
Muitas dessas concessões estão sendo devolvidas por enfrentar desequilíbrios decorrentes da diferença entre receitas e despesas. Hoje, um terço dos gastos realizados pelos concessionários está atrelado à pavimentação das vias e o componente asfáltico é diretamente afetado pela alta do petróleo.
Desde janeiro deste ano, a alta acumulada do barril tipo Brent já é de 60%, com o preço saindo de US$ 89 para US$ 109 a sexta-feira (11) - dias antes, contudo, a cotação chegou a bater em US$ 140. Em janeiro de 2016, o barril era cotado a cerca de US$ 30.
A escalada da cotação do petróleo se deve à pandemia, que ao longo de dois anos, levou os principais países a cortarem sua produção. Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, os preços subiram ainda mais, por medo de que o escoamento do produto pudesse ser bloqueado, segundo analistas de mercado - a Rússia é grande exportadora de petróleo e gás e parte desses combustíveis se dirige à Europa.
O governo incluiu a nova cláusula que permite indexar os reajustes por uma composição de IPCA e IGP-DI no edital da rodovia Rio-Valadares (BR-116/493/465), entre MG e RJ. O leilão está previsto para maio deste ano e a obra prevê investimentos estimados em R$ 9,2 bilhões e gastos com manutenção e operação de R$ 8,5 bilhões.
Esses desembolsos virão da duplicação de cerca de 310 km de vias, 245 km de faixas adicionais e construção de 65 passarelas, além de área de descanso para caminhoneiros.
O novo modelo também será importante para o sucesso do leilão dos quase 4.000 quilômetros das Rodovias Integradas do Paraná, que serão leiloadas neste ano e exigirão cerca de R$ 40 bilhões em investimentos em obras.
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