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Inovação

- Publicada em 04 de Maio de 2021 às 03:00

App proporciona logística planejada em conjunto

Sartori integrou um grupo de testes que contou com 90 agricultores da Cotrijal

Sartori integrou um grupo de testes que contou com 90 agricultores da Cotrijal


/Danúbia Goes dos Santos/Cotripal/Divulgação/JC
O conceito de compartilhar nunca esteve tão em voga. Transcendendo a mania criada pelas redes sociais, o verbo ganha um significado diferente no mundo dos negócios. Em busca de competitividade, empresas apostam no compartilhamento de estruturas e em ferramentas capazes de encurtar distâncias e simplificar processos.
O conceito de compartilhar nunca esteve tão em voga. Transcendendo a mania criada pelas redes sociais, o verbo ganha um significado diferente no mundo dos negócios. Em busca de competitividade, empresas apostam no compartilhamento de estruturas e em ferramentas capazes de encurtar distâncias e simplificar processos.
Consciente desta tendência, a Federação das Cooperativas Agropecuárias do RS (Fecoagro) e 30 cooperativas saíram na frente ao trazer ao agronegócio o conceito difundido mundialmente por empresas como Uber, Amazon e Airbnb.
Lançada no dia 20 de abril, a plataforma SmartCoop deve interligar 173 mil produtores, responsáveis, juntos, por mais de 50% da safra de grãos do Rio Grande do Sul. Segundo o coordenador do projeto, Guillermo Dawson Jr, a diferença é que na SmartCoop a tecnologia está na mão do produtor.
"A plataforma foi construída através da intercooperação entre diversas cooperativas gaúchas e está à disposição dos produtores, visando maior competitividade para ambos. Estamos no jogo e conscientes que este é o caminho para inserir o produtor no ecossistema de inovação digital".
A ferramenta permitirá ações arrojadas de compra conjunta pelas cooperativas, compartilhamento de máquinas e implementos, e diversas outras ações que proporcionam uma logística planejada em conjunto. "A palavra do momento é compartilhar. Essa é uma ferramenta que traz escala aos produtores e eficiência no uso de serviços. É muita racionalização de tempo e redução no deslocamento físico das pessoas, ressalta o presidente do maior conglomerado de cooperativas gaúchas, a CCGL, Caio Vianna.
Uma das grandes novidades trazidas pela SmartCoop é um gerenciador de compartilhamento de equipamentos. A ideia é que a prática ganhe espaço nas lavouras gaúchas e reduza a subutilização do maquinário das propriedades gaúchas, podendo, inclusive, se transformar em uma ferramenta de renda extra ao agricultor. O coordenador da Rede Técnica Cooperativa (RTC), Geomar Corassa, confia em grandes potencialidades para o projeto.
Mas a SmartCoop traz diversas outras vantagens às propriedades gaúchas. Além de concentrar em um mesmo local milhares de dados e organizar as informações de cada talhão, ela reduz deslocamentos do produtor e dos técnicos.
"São ações focadas em rapidez, que permitem maior presteza e facilitam o planejamento da atividade", salientou Vianna. Para ele, o lançamento é um momento histórico para o cooperativimo. "Quando entrei no movimento, víamos as demais cooperativas como concorrentes. A criação de grupos como a CCGL inverteu a lógica e começamos a ver as cooperativas vizinhas como possibilidades de ganhos", lembra. Posição compartilhada pelo presidente da Cotrijal, Nei Mânica. Segundo ele, a ferramenta leva conhecimento e confiança ao homem do campo.
Ao aderir, o produtor passa a receber, em tempo real, atualizações de dados que alimentam um grande banco de inteligência artificial em que decisões essenciais são tomadas de modo a otimizar a competitividade da produção primária. Por exemplo, uma previsão meteorológica de chuva processada no sistema pode acionar ou travar uma aplicação de defensivo, aumentando a efetividade da aplicação dos recursos. Por outro lado, um diagnóstico por imagem via satélite em determinado talhão ajuda o produtor a manejar seu cultivo. Agilidade que pode significar ganhos reais, uma vez que, de posse dos dados, é possível melhorar a rentabilidade.
Outro exemplo vem na hora de pensar a compra de produtos e serviços. A plataforma reúne todos as cooperativas interessadas em determinado item, lança aos potenciais fornecedores a demanda, abre a chamada de compra, compila as propostas recebidas e, assim que o item é escolhido, o sistema informa o vencedor automaticamente.
Pela SmartCoop, o produtor também poderá negociar sua safra junto à cooperativa. Outra funcionalidade é o chamado Barter. O mecanismo, que consiste na compra de insumos com pagamento futuro em produto final, também poderá ser feito dentro da ferramenta.
Produtores têm agora um argumento determinante para ingressar na era digital: a confiabilidade de uma ferramenta desenvolvida por sua própria cooperativa. Foi com essa certeza que o agricultor de Pejuçara (RS) Tiago Sartori aderiu à plataforma SmartCoop. Integrando um grupo de testes que contou com 90 agricultores, o cooperado da Cotripal surpreendeu-se com a facilidade e praticidade do sistema. "A SmartCoop foi construída para ser ágil e prática e ouviu a opinião dos produtores para isso. Em muitas plataformas eu não me sentiria seguro para vender minha safra. Sabendo que a minha cooperativa desenvolveu a plataforma, sinto que estamos entrando na era digital de mãos dadas com quem a gente confia", destacou.
Com 38 anos, sendo 15 à frente da propriedade da família, Sartori garante que as inovações são essenciais para assegurar a manutenção das novas gerações no campo. Uma percepção que guiou o trabalho das cooperativas ao desenvolver a SmartCoop.

Uso do aplicativo auxilia agricultores a ganhar escala e integrar processos

Informações são essenciais para garantir a máxima assertividade nas tomadas de decisão

Informações são essenciais para garantir a máxima assertividade nas tomadas de decisão


/Adolfo Wechwert/Divulgação/JC
Desafiado a começar o trabalho na SmartCoop, o produtor rural Tiago Sartori conta que optou pelo microcomputador, onde abasteceu a plataforma com dados sobre os talhões, os últimos plantios, datas de semeadura e aplicações já realizada de agroquímicos.
Ao longo das semanas, baixou o aplicativo no celular e viu a plataforma ganhar importância em seu dia a dia, com a oferta de informações relevantes, imagens de satélite da propriedade e previsões meteorológicas por talhão e até um referencial de produtividade média comparada à de outros, indicando oportunidades de melhorias.
O sistema funciona on-line e off-line, o que ajuda a driblar as dificuldades de conexão típicas das propriedades rurais brasileiras.
"Temos o que há de melhor em tecnologia para gestão nessa ferramenta. A gente finalizou a colheita, a máquina ainda nem saiu do talhão e a gente já pode inserir a produtividade média da área no sistema, apresentando comparativo com o resultado de outros produtores anônimos", explica, lembrando que os dados servem como parâmetros já que o sistema preserva a identidade e todas as informações de cada usuário. Uma concorrência talhão a talhão que, segundo ele, estimula o agricultor a fazer cada dia melhor.
As inovações fazem parte da rotina da propriedade de 358 hectares que trabalha com 295 hectares de lavouras de milho, soja e trigo no Planalto Médio gaúcho. Ao lado dos irmãos Flávio e Moacir, Tiago segue o legado do pai Benjamin Sartori, que do alto de seus 80 anos ainda acompanha a produção e as melhorias promovidas na propriedade. A grande diferença, conta Tiago, é que, agora, mais do que um caderninho de anotações, os produtores dispõem da SmartCoop para armazenar e auxiliar na interpretação dos dados.
"O técnico pode marcar no sistema um ponto da lavoura onde diagnosticou um problema e recomendar uma aplicação de fungicida, por exemplo. Com meu celular, consigo ir mais tarde neste mesmo local que foi reportado e conferir", salientou, reforçando a relevante ação que a Rede Técnica Cooperativa (RTC) vem exercendo na orientação dos produtores.
A Smartcoop reúne empenho tecnológico e das equipes das cooperativas e algumas das melhores referências em inteligência artificial e cruzamento de dados. Como este aplicativo está ligado a várias cooperativas agropecuárias e estas em conjunto possuem uma unidade de pesquisa e experimentação (CCGL TEC) em rede com mais de mil técnicos à campo (RTC) e trocando experiências entre si, a evolução nos manejos e tecnologia das áreas rurais irá ganhar velocidade, estima Vianna
Afinal, informações são essenciais para garantir a máxima assertividade nas tomadas de decisão sobre o futuro da fazenda. Há alguns anos, conta Tiago, a família avaliava a aquisição de terras para ampliar a produção. Depois de estudos, a decisão foi por mudar o foco e investir em um sistema de irrigação. "É a forma de termos um seguro dentro da propriedade", reforçou. Os pivôs atendem hoje 115 hectares, elevando a produtividade média em cerca de 20%. Em plena colheita da safra 2020/2021, Sartori comenta que, enquanto a produtividade da soja é de 76 sacas/ha nas áreas de sequeiro, as irrigadas estão atingindo a marca de 92 sacas/ha. No milho, a colheita está acima de 242 sacas/ha.
 

Safra cresceu com a inovação

Ao longo dos últimos 15 anos, a safra gaúcha cresceu mais de 77%. O Rio Grande do Sul passou de uma colheita de 20 milhões de toneladas em 2006 para uma projeção de 35,5 milhões de toneladas em 2021, segundo dados do IBGE.
Os ganhos em escala estão muito acima da maioria dos grandes setores produtivos mundiais e explicam-se com base em uma única e incontestável razão: a inovação. Se colhemos hoje a maior safra de soja de nossa história, 160% acima do obtido em 2006, é porque há sementes, insumos e equipamentos. Mas também há inovação substancial nos processos que regem a atividade agropecuária, muitos deles alicerçados no conceito de cooperação.
“A inovação não se limita à tecnologia aplicada na produção. Há uma nova geração de jovens chegando à administração das propriedades com uma nova forma de pensar, que inclui também a revisão de processos e a intercooperação”, pontua o presidente da CCGL, Caio Vianna.
O presidente da OCB, Márcio Freitas, lembra que o Brasil tem os agricultores mais jovens do planeta, com média abaixo dos 50. Nos Estados Unidos, o índice está na casa dos 60 e na Europa, nos 70. “Temos um agricultor de nova geração e precisamos de ferramentas de nova geração. Precisamos de inovação, e inovação custa caro”, disparou.
Segundo o presidente da Fecoagro/RS, Paulo Pires, a ferramenta é um divisor de águas para a produção gaúcha porque agregará um ganho expressivo de competitividade aos cooperados. “Temos em mãos uma tecnologia que, além de facilitar o dia a dia do produtor, permitirá que ele negocie sua produção e possa adquirir produtos em melhores preços, que esteja ao lado da cooperativa 24 horas por dia mesmo não estando lá fisicamente”, pontua.
 
 

Ganhos proporcionados pela ferramenta às cooperativas serão informados em Brasília

OCB apresentará a SmartCoop ao Ministério da Agricultura, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal

OCB apresentará a SmartCoop ao Ministério da Agricultura, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal


/Leticia Szczesny/Divulgação/JC
Inédito, o projeto chamou atenção da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) a Brasília (DF). O presidente da OCB, Márcio Freitas, informou que abordará a SmartCoop com líderes do Congresso Nacional, com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e com integrantes do Supremo Tribunal Federal.
"A humanidade está em busca de ferramentas novas e processos evolutivos, o que foi acelerado com a pandemia", completou. Segundo dados da Aliança Cooperativa Internacional (2020), as cooperativas estão presentes em 150 países, contando atualmente com 1,2 bilhões de associados, distribuídos em 3 milhões de cooperativas e, ainda, mantêm 280 milhões de postos de trabalho.
A Smartcoop, que foi desenvolvida após dois anos de trabalho tendo como base conceitual e metodológica o projeto de tese de doutorado de Dawson Jr, contou com a participação efetiva de dezenas de técnicos das diversas cooperativas aderentes ao projeto. Os dirigentes e técnicos das cooperativas também foram buscar conhecimento no Vale do Silício e na Alemanha.
Construída pela empresa de soluções de tecnologia Meta, tem uso em versão para desktop e aplicativo para celular. Voltado para o trabalho de campo, permite alimentação on-line e off-line, driblando um dos grandes entraves das propriedades rurais brasileiras que é o fraco sinal de internet em áreas rurais.
O vice-presidente da Meta, Claudio Carrara, ressalta que ela coloca produtores cooperados alinhados com as necessidades da Indústria 4.0 só evidencia que o setor cooperativo não pode ficar de fora de toda essa transformação que acontece no mundo.
"O agro, juntamente com o segmento financeiro, é o setor brasileiro mais bem preparado e competitivo no cenário internacional. Possui tecnologia, gente, inteligência e capacidade de otimização e produtividade. São muitas as variáveis que posicionam o Brasil como protagonista e, nesse jogo, vai se sobressair quem apostar na tecnologia, desde a produção em si, aproveitar todo o potencial dos cultivos, até na análise e na interpretação de dados que tudo isso gera", afirmou o executivo da Meta.
Com investimento estimado em R$ 4.5 milhões, a SmartCoop teve custo rateado entre as cooperativas envolvidas no projeto e contou com o apoio do Sescoop/RS e da Ocergs. Para dar vida ao projeto, foi criada uma filial na Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL) com a finalidade específica de gerenciar a construção e a operação da plataforma, a qual se subordina a um regimento próprio e a um conselho gestor.
A ideia é que o grupo tenha autonomia para aprimorar a plataforma constantemente, oferecendo novos e potentes instrumentos de upgrade ao sistema.
A Smartcoop está disponível para associados das 30 cooperativas integrantes do projeto. São elas: Languiru, Santa Clara, CAAL, Cotrisul, Camnpal, Camal, Piá, Coagrijal, Coomat, Cotricampo, Cotrisel, Cotrijuc, Cooperoque, Cotrirosa, Coopermil, Coopatrigo, CCGL, Agropan, Cotribá, Cotrijal, Cotriel, Coagrisol, Cotripal, Cotrisoja, Cotrifred, Coagril, Cotrisal, Coopibi, Cotapel e Coasa.
Segundo o presidente da CCGL, Caio Vianna, o futuro do cooperativismo passa por antever as necessidades dos cooperados e buscar ferramentas que permitam avanços concretos em rentabilidade, produtividade e competitividade.
"Estamos no lugar certo, na hora certa e fazendo a coisa certa. As cooperativas do Rio Grande do Sul irão subir para um outro patamar, e o produtor reconhece que isso só é possível porque temos uma estrutura eficiente focada em atender às suas necessidades", pontuou.
Consciente de que as gerações que fundaram as cooperativas são as mesmas que seguem no controle das operações, Vianna informou que atrair os jovens para a administração dos negócios é essencial para a perpetuação dos projetos cooperativos. "Os jovens que estão chegando têm uma visão e necessidades diferentes. O SmartCoop fala a mesma linguagem deles e, sem dúvida, são eles que irão adotar e desenvolver essa ferramenta nas propriedades", completou Vianna.

Plataforma levará avanços gerenciais ao campo

Mais do que um projeto de intercooperação, a SmartCoop deve se tornar uma referência para os produtores como ferramenta gerencial, rápida e descomplicada. Por meio da integração com a Rede Técnica Coooperativa (RTC), a plataforma será alimentada com resultados de pesquisa oriundos de diferentes regiões do estado.
Segundo o coordenador da RTC, Geomar Corassa, o sistema utiliza diversas formas de inteligência para auxiliar o produtor em tempo real. Estas soluções são essenciais na hora de enfrentar problemas no campo que exigem agilidade.
Com a SmartCoop, acrescenta ele, será possível entender mais a fundo as necessidades dos produtores, além de quais técnicas vêm trazendo mais ganhos. "Por meio do compartilhamento de informação, será possível fazer melhor, ir além e superar os limites de produtividade", prevê. Dados relacionados aos melhores manejos, desempenho de cultivares, melhores insumos dentre outros estarão contemplados na SmartCoop.
Uma das ferramentas disponíveis na SmartCoop, cita Corassa, é a previsão de tempo por talhão, algo bem mais preciso do que as tradicionais previsões realizadas por município ou região. Atuando no projeto desde sua concepção, Corassa pondera que a plataforma é mais uma forma de as cooperativas estarem ao lado do produtor.
 

Saiba mais sobre a SmartCoop

  • Funciona como uma ferramenta gerencial para o produtor, um local seguro e confiável onde ele poderá usufruir de tecnologias para a sua propriedade, seu cultivos e manejos, bem como, fazer a gestão do seu rebanho leiteiro.
  • Permite a programação e o agendamento de manejos, emitindo alertas quando a data programada se aproxima.
  • O sistema oferece ao produtor a previsão meteorológica por talhão, permitindo decisões individualizadas, e, consequentemente, manejos mais assertivos.
  • Possui ferramentas de inteligência que alertam o produtor sobre a melhor decisão a tomar porque cruza dados de previsão do tempo, condições sanitárias da produção e cultivos de cada talhão.
  • Oferece informações relacionadas às condições dos cultivos, por meio do monitoramento das lavouras via imagens de satélite. Com isso, o agricultor pode conferir no celular as alterações na saúde dos seus cultivos, mudanças no vigor das plantas ou problemas pontuais que estão acometendo os talhões.
  • Permite que os produtores reportem e armazenem dados relacionados a pragas, doenças, plantas daninhas dentre outros problemas.
  • Estabelece um ranking anônimo de produtividade, onde o produtor pode verificar o seu desempenho frente aos demais cooperados.
  • Funciona em modo on-line e off-line. Ou seja, quando o produtor está em área sem sinal de internet, o sistema armazena os dados para envio assim que ele estiver conectado novamente.
  • Conta com assistência técnica na palma da mão. Os mais de mil técnicos do sistema cooperativo podem interagir com os produtores pela plataforma, realizando o monitoramento e informando a presença de problemas (pragas, doenças, por exemplo) e auxiliando o produtor a tomar a melhor decisão.
  • A plataforma usa ferramentas de inteligência e gera indicadores estatísticos que ajudarão o produtor a entender a fundo a eficiência dos seus manejos, seus gargalos de produtividade, o desempenho do seu rebanho leiteiro, contribuindo para uma gestão com mais lucratividade.