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Conjuntura

- Publicada em 23 de Março de 2021 às 03:00

Alta nos custos pode levar transportadoras ao colapso

Fatores como os reajustes no preço de caminhões e de semirreboques, assim como do óleo diesel, considerado o principal insumo para o veículo se locomover, afetam a atividade

Fatores como os reajustes no preço de caminhões e de semirreboques, assim como do óleo diesel, considerado o principal insumo para o veículo se locomover, afetam a atividade


/MARCELO G. RIBEIRO/arquivo/JC
Os reajustes no preço de caminhões e de semirreboques, assim como do óleo diesel, considerado o principal insumo para o veículo se locomover, têm afetado diretamente o setor de transporte rodoviário de cargas. A situação piorou e algumas empresas podem até mesmo falir. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística do RS (Setcergs), em 2019 as empresas pagavam cerca de R$ 500 mil pelo conjunto de caminhão zero quilômetro e a carroceria. Hoje, o mesmo conjunto custa R$ 750 mil, um aumento de 50%.
Os reajustes no preço de caminhões e de semirreboques, assim como do óleo diesel, considerado o principal insumo para o veículo se locomover, têm afetado diretamente o setor de transporte rodoviário de cargas. A situação piorou e algumas empresas podem até mesmo falir. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística do RS (Setcergs), em 2019 as empresas pagavam cerca de R$ 500 mil pelo conjunto de caminhão zero quilômetro e a carroceria. Hoje, o mesmo conjunto custa R$ 750 mil, um aumento de 50%.
A compra de pneus também tem sido um problema para o setor. Falta de estoque e ausência de um preço fixo estão entre as dificuldades enfrentadas. O diretor comercial da Tomasi Logística e vice-presidente de transportes do Setcergs, Diego Tomasi, informa que os pneus de um caminhão precisam ser trocados, em média, a cada três meses. O tempo pode variar conforme a distância percorrida pelo veículo.
De acordo com Tomasi, os pneus tiveram um aumento de preço médio de 35% entre 2020 e 2021. Fornecedores do produto comunicam que o valor pode sofrer alterações na semana da entrega em razão da taxa cambial e do preço do petróleo. O gerente comercial e de logística da Dinon Transportes, Marcelo Dinon, afirma que o pneu é o segundo maior custo da transportadora e comenta que a falta de um preço fixo remete ao início da década de 1990, quando muitos produtos tinham seus preços atualizados constantemente.
Com o aumento nos gastos, cresce a necessidade de repassar os novos custos ao valor do frete. De acordo com Dinon, o óleo diesel representa de 30% a 50% do custo de uma operação de transporte. O valor varia conforme o tamanho e o consumo do caminhão, bem como o caminho que ele fará para transportar a carga
Em comunicado oficial, o Setcergs destacou que os cinco reajustes no preço do combustível em 2021 resultaram na necessidade de incrementar 16,6% ao preço final do frete. Mas o repasse dos custos não tem sido tarefa simples para os transportadores.
O presidente do Setcergs, Sérgio Mário Gabardo, explica que a incerteza econômica trazida pela pandemia fez com que os contratantes de frete utilizassem menos o serviço. Com isso, empresas de transporte e logística costumam aceitar o trabalho sem repassar os reajustes. "A gente se obriga a ir por qualquer valor porque espera que amanhã melhore", afirma Gabardo.
Preocupado com a possibilidade de que as empresas do setor não consigam se manter ativas, Gabardo encaminhou aos governos federal e estadual um pedido por mais vacinas contra a Covid-19. A justificativa é que o aumento no número de pessoas imunizadas pode trazer a confiança para que empresas voltem a investir.
O presidente do Setcergs afirma que a vacinação é apenas um dos fatores que poderiam contribuir para uma retomada do setor e sugere que os governos se sentem junto aos transportadores para entender as demandas. "Faz horas que temos dificuldade para sermos ouvidos", relata.

Paralisação de transportadores é descartada pelo setor, que quer dialogar com o poder público para reduzir custo de insumos

Um dos caminhos a serem seguidos para melhorar a situação das empresas é o diálogo com governantes para tentar reduzir o custo dos insumos, aponta o diretor comercial da Tomasi Logística e vice-presidente de transportes do Setcergs, Diego Tomasi.
Para ele, este não é o momento adequado para uma paralisação, que poderia causar mais prejuízos do que trazer benefícios. Tomasi entende que há fases a serem vencidas antes de uma manifestação deste tipo. Para o dirigente, o melhor caminho é contar com o bom senso de todos na procura por uma solução para esse momento.
O presidente do Setcergs, Sérgio Mário Gabardo, também descarta a possibilidade de paralisação de transportadores neste momento. Ele afirma que os profissionais estão preocupados com a situação da população e querem colaborar durante a pandemia.
O gerente comercial e de logística da Dinon Transportes, Marcelo Dinon, compartilha da mesma ideia, mas relembra que os caminhoneiros autônomos passam por uma situação delicada, com cenário comparável ao de 2018, quando houve a greve dos caminhoneiros. Para ele, a melhor forma de resolver a situação é através do diálogo. "A gente está pressionado, esmagado, precisamos conversar", comenta.
Considerando a situação extremamente preocupante, Dinon afirma que o momento é para sentar com os clientes e sensibilizá-los de que os transportadores não podem continuar trabalhando sem repassar os custos. Para ele, o ideal seria que houvesse um acordo para que o frete fosse reajustado a cada 30 dias.
 

Empresas alertam que prejuízos acumulados estão 'esticando a corda'

Transportadores temem que custo dos insumos continue subindo

Transportadores temem que custo dos insumos continue subindo


/Lucas Saporiti/Dinon JCC Transportes/Divulgação/JC
Caso as negociações entre transportadoras e clientes não surtam efeito, o acúmulo de prejuízo por parte das empresas pode levar a um colapso do setor. É o que teme o gerente comercial e de logística da Dinon Transportes, Marcelo Dinon, ao comentar que os prejuízos estão "espichando a corda".
Segundo o executivo, chegará o momento em que "ela para de espichar ou arrebenta". O pior dos casos representaria o fechamento de muitas empresas transportadoras.
Sobre a possibilidade de empresas irem à falência, Dinon alerta que pode ser ruim com o reajuste no preço do frete, mas que seria pior sem as transportadoras operando. Ele afirma que o transporte é responsável por colocar os produtos na mão do consumidor. "Nós somos um setor muito importante e precisamos que exista essa sensibilização por parte das entidades de governo e por parte dos nossos clientes", conclui.
O diretor comercial da Tomasi Logística e vice-presidente de transportes do Setcergs, Diego Tomasi, explica que algumas empresas já estão repassando o custo dos insumos para o preço do frete e reconhece que a diferença pode ser paga pelo consumidor final, já que, segundo ele, 60% do que é transportado no país é feito por transporte rodoviário.
Para a Tomasi Logística, o repasse se trata de uma necessidade para manter as operações viáveis, já que houve redução no volume de carga. O diretor comercial da empresa, assim como o gerente da Dinon Transportes, acredita que os preços dos insumos continuarão subindo nos próximos meses. "O transportador está sofrendo muito, o momento é delicado", comenta Tomasi.
 

Transportadores pedem atenção das autoridades para as peculiaridades da atividade

O gerente comercial e de logística da Dinon Transportes, Marcelo Dinon, explica que o transporte rodoviário de cargas é um setor que tem inúmeras variáveis exclusivas.
Uma delas é a falta de controle sobre alguns fatores. Como exemplo, Dinon cita o acidente em que um caminhão de combustível explodiu sobre uma ponte na BR-386, em Estrela, no último dia 13.
Segundo ele, o fato fez com que a distância do trajeto entre Lajeado e Porto Alegre aumentasse de 200 para 300 quilômetros, mas o preço do frete permaneceu o mesmo.
O presidente do Setcergs, Sérgio Mário Gabardo, comenta que muitos caminhões não puderam utilizar os desvios porque as empresas que embarcam as cargas não possuíam a Autorização Especial de Trânsito (AET), licença obrigatória para veículos de carga com dimensões e ou peso excedentes.
Gabardo avisa que, em razão da pandemia, está difícil retirar a licença e sugere uma AET definitiva para evitar situações semelhantes.
O representante sindical também destaca que o setor precisa ser ouvido pelo governo estadual. Para ele, uma conversa com as transportadoras para questionar como o trajeto seria feito com o fechamento da ponte deveria estar entre as primeiras ações do governo após o acidente. "O transportador é esquecido", lamenta.