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Transporte rodoviário

- Publicada em 06 de Outubro de 2020 às 03:00

Consórcio do seguro DPVAT tem ao menos mais seis baixas

MPF pediu retenção de R$ 4,4 bilhões da Líder Seguradora por acusações de fraude e má gestão

MPF pediu retenção de R$ 4,4 bilhões da Líder Seguradora por acusações de fraude e má gestão


/ALEXANDRO AULER/arquivo/JC
Ao menos outras seis seguradoras anunciaram desligamento do consórcio que gere o seguro DPVAT, o seguro obrigatório para indenizar vítimas de acidentes de trânsito. Elas seguem bancos e grandes empresas do setor em uma debandada inédita na história do seguro.
Ao menos outras seis seguradoras anunciaram desligamento do consórcio que gere o seguro DPVAT, o seguro obrigatório para indenizar vítimas de acidentes de trânsito. Elas seguem bancos e grandes empresas do setor em uma debandada inédita na história do seguro.
Com as novas saídas, o grupo desistente já soma mais de 70% do consórcio. As baixas ocorrem em meio a acusações de fraudes e má gestão que levaram o Ministério Público Federal a pedir, em agosto, bloqueio de R$ 4,4 bilhões da Seguradora Líder, que administra o consórcio.
Há alguns dias, as seguradoras Sancor, Sinaf, Fator, Previmax, Usebens e Invest comunicaram o desligamento voluntário à Seguradora Líder, empresa que administra o seguro. Segundo as regras do consórcio, a comunicação de saída deve ser feita até 90 dias antes do fim do ano.
Nos últimos dias, foram outras dez, entre elas as maiores participantes do consórcio, como as subsidiárias para o setor dos bancos Caixa Econômica Federal, Bradesco e Banco do Brasil e as seguradoras Porto Seguro, Tokio Marine, Mapfre, Sompo, entre outras.
As seguradoras evitam comentar as razões da saída. A Usebens disse apenas que "não possui mais interesse em participar do consórcio DPVAT para que possa se dedicar integralmente a sua estratégia de distribuição de seguros no Brasil".
A Sinaf disse que não iria comentar. A reportagem tentou contato com as outras empresas por diversos canais de atendimento, mas não teve retorno.
O mercado vê a debandada como uma estratégia para reduzir danos à imagem e e risco de eventuais responsabilizações criminais, caso os processos contra a Líder cheguem a condenações, em um momento em que os ganhos do consórcio foram reduzidos com o corte no valor do seguro.
Ao fim de 2019, já após o início das denúncias e também após corte nos prêmios, 17 empresas deixaram o consórcio. Elas representavam 25% das ações. Com as baixas de 70% dos acionistas em 2020, ficam no grupo apenas empresas de menor porte.
A Seguradora Líder não tem comentado a debandada. Em nota enviada à reportagem, diz que os movimentos de entrada e saída são naturais e não prejudicam a operação do seguro, que vem passando por um processo de modernização dos canais de funcionamento.
"Nada muda para o cidadão: motoristas, passageiros e pedestres continuam protegidos. E a Seguradora Líder permanece comprometida em atender todas as vítimas de acidente de trânsito do Brasil", afirma a empresa.
Responsável por fiscalizar o setor, a Susep (Superintendência de Seguros Privados) também diz que não há risco ao consumidor, alegando que o seguro DPVAT ainda tem recursos para cumprir seus compromissos por três anos.
O governo vê o movimento como um reforço proposta de pôr fim ao monopólio da Líder na oferta do seguro DPVAT, cuja primeira tentativa, em 2019, foi suspensa pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O seguro DPVAT foi alvo de denúncias de mau uso do dinheiro arrecadado - com a compra, por exemplo, de veículos e garrafas de vinho - e de conflitos de interesse e favorecimento de sindicatos de corretores.
Em 2015, a Líder passou a ser investigada pela Operação Tempo de Despertar, que apurou fraudes na concessão dos seguros e deu início a uma série de questionamentos ao consórcio e fiscalizações por parte da Susep e do TCU (Tribunal de Contas da União).
O consórcio é questionado também pelo sindicato dos trabalhadores da Susep (Superintendência de Seguros Privados), que vê repasses irregulares de recursos do DPVAT a sindicatos de corretores e conflito de interesses na gestão do órgão regulador.

Vendas de veículos se recuperam em setembro, com 207,7 mil unidades comercializadas, mas queda no ano é de 32%

Modelo Strada teve boa procura e ajudou a Fiat a liderar as vendas

Modelo Strada teve boa procura e ajudou a Fiat a liderar as vendas


/FCA/DIVULGAÇÃO/JC
As vendas de veículos novos continuam reagindo após o tombo do início da pandemia do coronavírus e registraram o melhor desempenho mensal para o ano, com 207,7 mil unidades vendidas em setembro, incluindo caminhões e ônibus. Para se ter uma ideia, em abril, primeiro mês completo de pandemia, foram vendidos 55,7 mil veículos.
Segundo dados preliminares do mercado, o resultado de setembro é 13% maior que o de agosto, mas 11% inferior ao do mesmo mês do ano passado. No ano, as vendas totais somam 1,37 milhão de veículos, queda de 32,3% no comparativo com igual período de 2019. Até agosto a queda era de 35%.
Para o presidente da Bright Consulting, Paulo Cardamone, as vendas só não foram maiores porque há falta de alguns modelos no mercado. "As empresas estão operando em ritmo reduzido, em razão das medidas de segurança contra a Covid-19, por isso há falta de alguns modelos e automóveis, caminhões e até tratores", afirma.
Também há falta de componentes pois os fornecedores estão em situação semelhante e não estavam preparados para essa retomada mais rápida do que o esperado no início da pandemia. Na próxima quarta-feira, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) deve rever sua projeção feita em junho de queda de 40% nas vendas em relação a 2019 para porcentual abaixo desse.
O diretor da marca Fiat, Herlander Zola, diz que novas projeções indicam queda de 30% neste ano. Logo no início da pandemia, o presidente da FCA Fiat Chrysler, Antonio Filosa, foi o primeiro executivo do setor a prever queda de 40% para o mercado total.
Hoje, a marca está ampliando a produção e tem fila de espera de 30 a 60 dias para seu modelo mais vendido, a picape Strada, que foi líder de vendas neste mês, desbancando o Onix, da General Motors.
Para ele, as vendas nos últimos três meses do ano devem manter uma queda de 10% a 12% no comparativo com os respectivos meses de 2019, o que deverá resultar em um mercado total próximo de 1,9 milhão de unidades, ante 1,67 milhão previstos pela Anfavea.
Com o bom desempenho da Strada, a liderança em vendas em setembro ficou com a Fiat, posto que não ocupava há cinco anos. Essa é a quarta vez que a picape é o modelo mais vendido em um mês - as vezes anteriores ocorreram 2014 e 2015. É o único modelo desse segmento a ocupar essa posição até agora. A Fiat vendeu 39 mil automóveis e comerciais leves em setembro, 30% deles da Strada.