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Logística reversa

- Publicada em 18 de Fevereiro de 2020 às 03:00

Decreto obriga empresas a recolherem lixo eletrônico

Norma será implementada nos 400 maiores municípios do País, com mais de 80 mil habitantes

Norma será implementada nos 400 maiores municípios do País, com mais de 80 mil habitantes


JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL/JC
O decreto que regulamenta a logística reversa de produtos eletroeletrônicos, que obriga empresas do setor a implantarem sistemas de coleta desse tipo de resíduo e dar sua destinação correta, foi assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 12 de fevereiro. Uma solenidade no Palácio do Planalto marcou a assinatura da norma, além de oficializar convênios com prefeituras para a compra de equipamentos de coleta de lixo reciclável e compostagem de resíduos orgânicos.
O decreto que regulamenta a logística reversa de produtos eletroeletrônicos, que obriga empresas do setor a implantarem sistemas de coleta desse tipo de resíduo e dar sua destinação correta, foi assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 12 de fevereiro. Uma solenidade no Palácio do Planalto marcou a assinatura da norma, além de oficializar convênios com prefeituras para a compra de equipamentos de coleta de lixo reciclável e compostagem de resíduos orgânicos.
Em outubro do ano passado, o Ministério do Meio Ambiente assinou um acordo setorial com entidades que representam as principais empresas de eletroeletrônicos do País como forma de fazer cumprir a logística reversa. O termo consta na lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), e prevê o retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.
Atualmente, existem, segundo o governo, um total de 173 pontos de coleta de eletroeletrônicos no Brasil. O acordo, agora regulamentado em decreto, prevê que esse número aumente para 5 mil pontos até 2025, abrangendo os 400 maiores municípios do País, com mais de 80 mil habitantes, e representando, no total, 60% da população brasileira.
"Esse 60% da população brasileira, que, ao final de 2025, vai ser contemplado, representa uma parcela muito significativa dos resíduos de eletroeletrônicos que temos no Brasil", disse o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em coletiva de imprensa após a cerimônia. Segundo a lei, a logística reversa deve ser implantada na forma de regulamento ou de acordos setoriais e termos de compromisso firmados entre o poder público e o setor empresarial.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que o próximo setor que deve fechar um acordo com o governo federal é o de medicamentos. Segundo o ministro, é a área em que um acordo está mais avançado.
"Tudo aquilo que a gente tem de medicamento já vencido, fora de uso, em casa, e que não sabe o que fazer com ele, não se deve jogar no lixo comum, tampouco no vaso sanitário. O correto é devolver para o setor, que incinera ou faz o coprocessamento e, em última análise, manda para um aterro especializado em produtos controlados, que é o medicamento, nesse caso", disse o ministro.
Também foi anunciada, durante a solenidade, o lançamento de uma campanha nacional de recolhimento de resíduos eletroeletrônicos. A iniciativa está prevista para durar até o Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho.
A cerimônia no Palácio do Planalto marcou, ainda, a assinatura de 21 convênios, envolvendo 57 cidades, para financiar a compra de equipamentos de coleta seletiva de lixo reciclável, coleta e compostagem de resíduos orgânicos e instalação de centrais de triagem e tratamento de resídios de construção civil.
Ao todo, o governo federal vai repassar R$ 64 milhões, que também serão usados para a compra de biodigestores, contentores e instalação de ecopontos. Os investimentos devem beneficiar cerca de 1,3 milhão de pessoas. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, os recursos que serão repassados fazem parte do Fundo de Direitos Difusos do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
"Vivemos um caos no lixo do Brasil, de norte a sul, todas as regiões, infelizmente, com muitos problemas, e as prefeituras, sobretudo as pequenas, realmente, com uma dificuldade muito grande de encaminhar soluções que sejam ambientalmente corretas, viáveis economicamente e que empreguem mais tecnologia", disse Salles.

Brasileiros estão mais exigentes quanto à reciclagem, revela pesquisa da CNI

Principais materiais separados são os plásticos em geral e garrafas PET, alumínio e papel

Principais materiais separados são os plásticos em geral e garrafas PET, alumínio e papel


FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
Os brasileiros se preocupam com os impactos da produção sobre o meio ambiente, costumam boicotar marcas ou empresas por causa de comportamentos com os quais não concordam e estão mais conscientes sobre a necessidade de separar o lixo para reciclagem. As conclusões são da pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira - Consumo Consciente, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
"A atenção da população com os impactos da produção e do consumo está crescendo. As pessoas procuram saber o que acontece com o meio ambiente, com os trabalhadores e com os animais no processo de produção", observa o gerente-executivo de Pesquisas e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. "Isso mostra que, cada vez mais, as empresas precisam estar atentas aos impactos das suas atividades. As empresas que já fazem isso - e há vários casos no Brasil - têm mais facilidade de conquistar mercados", afirma Fonseca.
O levantamento, que ouviu 2 mil pessoas em 126 municípios, mostra que 38% dos entrevistados sempre verificam ou verificam às vezes se os produtos que comprarão foram produzidos de forma ambientalmente correta. O respeito ao meio ambiente pode fazer a diferença na conquista dos consumidores. Isso porque 31% dos brasileiros estão dispostos a pagar mais por produtos com baixa emissão de poluentes e resíduos.
Outros 32% optariam pelo produto ambientalmente correto se o preço fosse igual ao dos demais. Até entre os que afirmam que nunca verificam se a produção é ambientalmente correta, 50% escolheriam esses produtos. "Isso indica que o marketing de um produto como ambientalmente responsável pode atingir uma parcela significativa dos consumidores que não buscam ativamente essa informação", afirma a pesquisa.
De acordo com a pesquisa, 62% dos brasileiros já boicotaram marcas ou empresas que violam direitos trabalhistas, fazem testes ou maltratam animais, cometem crimes ambientais ou discriminações de qualquer tipo ou posicionamento político. No entanto, o que mais motiva os brasileiros a boicotar empresas ou produtos são as violações trabalhistas: 43% deixaram de consumir um produto ou usar um serviço de uma empresa que desrespeitou os trabalhadores.
Os brasileiros também têm mais consciência sobre o destino do lixo. O número de pessoas que separa o lixo para a reciclagem cresceu de 47%, em 2013, para 55% no ano passado. Esse percentual é maior na Região Sul, onde 66% separa o lixo. Em seguida, empatado dentro da margem de erro, aparece o Sudeste, com 64%. No agregado do Norte/Centro-Oeste, o número é de 45%, e, no Nordeste, de 42%.
Os principais materiais separados são plásticos em geral e garrafas PET, alumínio e papel, papelão e jornal. Mas o óleo de cozinha foi o material que apresentou maior crescimento na separação para reciclagem. O número de famílias que separam o óleo de cozinha subiu de 21%, em 2013, para 34% em 2019. A separação de embalagens longa vida (TetraPak) foi a única que diminuiu: passou de 28%, em 2013, para 20% em 2019.
Conforme a pesquisa, 25% dos entrevistados dizem que a maior dificuldade para reciclar produtos é a falta de coleta seletiva. Outros 23% da população afirmam que o principal obstáculo é a falta de costume e o esquecimento na hora de separar o lixo.