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JC Logística

- Publicada em 27 de Julho de 2018 às 01:00

Frete tabelado leva empresas à frota própria

Tabelamento decorrente da greve dos caminhoneiros, que paralisou o País por 11 dias, em maio, está levando muitos setores a repensar e verticalizar seu modelo de negócio

Tabelamento decorrente da greve dos caminhoneiros, que paralisou o País por 11 dias, em maio, está levando muitos setores a repensar e verticalizar seu modelo de negócio


/JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
Estadão Conteúdo
Com pouca esperança de reverter o tabelamento do frete no curto prazo, empresas começam a formar frotas próprias de caminhões para driblar o aumento do custo. A Cargill informou que analisa a aquisição de uma frota própria de veículos e a contratação de motoristas. Na mesma linha, o Grupo JBS comprou 360 caminhões em junho para ampliar sua frota e tem em vista a aquisição de outras unidades.
Com pouca esperança de reverter o tabelamento do frete no curto prazo, empresas começam a formar frotas próprias de caminhões para driblar o aumento do custo. A Cargill informou que analisa a aquisição de uma frota própria de veículos e a contratação de motoristas. Na mesma linha, o Grupo JBS comprou 360 caminhões em junho para ampliar sua frota e tem em vista a aquisição de outras unidades.
"Essa é a tendência - e digo isso com um certo pesar, porque não é o nosso negócio", comentou o presidente da Associação Nacional dos Usuários de Transportes (Anut), Luis Henrique Teixeira Baldez. Mas ele confirma que diversas empresas, não só do agronegócio, estão formando frota. Algumas já tinham caminhões e estão retomando o uso. Outras estão recorrendo a leasing ou aluguel de frotas inteiras.
O aluguel de caminhões tem sido a solução de curto prazo, já que há dificuldade em obter veículos novos. "A entrega é só para fevereiro do ano que vem", disse o diretor executivo do Movimento Pró Logística da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja), Edeon Vaz Ferreira.
Com caminhões e motoristas próprios, as empresas tentam escapar dos preços mínimos do frete fixados pelo governo que, em alguns casos, chegam a 100%. "Instalou-se um grau de insegurança jurídica muito grande e essa foi a forma que as empresas encontraram para continuar operando", diz Vaz.
Em seu comunicado, a Cargill afirma que as compras de serviços de transporte sempre ocorreram com base na oferta e na procura. "Com o tabelamento, indústrias e exportadores terão que repensar a forma como irão operar no Brasil, pois cria-se uma ruptura no funcionamento natural da cadeia de suprimentos e desequilibra os contratos, a ponto de comprometer a confiança na expansão sustentável do agronegócio", enfatizou no comunicado o diretor de grãos e processamento da Cargill para América Latina, Paulo Sousa.
A Cargill acrescentou que "o tabelamento é um atraso ao modelo econômico-social brasileiro e traz enormes impactos financeiros para a população que mais necessita de alimentos". Na segunda-feira, as entidades do agronegócio divulgaram um comunicado alertando para as consequências do tabelamento do frete: mais inflação, insegurança jurídica e o afastamento de investimentos do País. O Supremo Tribunal Federal analisa a constitucionalidade do tabelamento do frete.
A Cargill disse ainda que o tabelamento do frete rodoviário vai inviabilizar a comercialização antecipada de grãos. "Uma alternativa a essa fixação de preços altíssimos que a empresa analisa para a próxima safra é justamente o investimento na verticalização das operações, ou seja, aquisição de frota própria de caminhões e contratação de motoristas", disse a trading.
Para Sousa, indústrias de processamento de produtos agrícolas e empresas exportadoras serão forçadas a mudar seu modelo de atuação: em vez de comprar grãos com retirada nas fazendas ou nos armazéns no interior, serão forçadas a adquiri-los somente com entrega nas fábricas e nos portos. "Desta forma, se reduz o risco ao máximo, permitindo a utilização de frota própria nas rotas de alta eficiência entre fábricas e portos, maximizando uso das hidrovias ou ferrovias - as quais são mais eficientes e agora se tornam juridicamente muito mais seguras", disse o executivo.
Para a trading, a lei também incentiva agricultores que ainda não têm caminhões a adquirir seus veículos próprios e, os que já têm, a ampliar sua frota de maneira significativa. "Isto pode comprometer ainda mais o equilíbrio do mercado e tornar o excesso de oferta de caminhões um problema substancialmente maior", ressaltou o executivo.
Sousa ponderou ainda que produtores com maior capacidade de investimento conseguirão, com frotas próprias, incorporar à sua receita os benefícios de um frete artificialmente sobrevalorizado, enquanto pequenos produtores e produtores rurais da agricultura familiar serão forçados a se organizar em cooperativas de frete ou perderão competitividade.
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