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Energia

- Publicada em 13 de Julho de 2018 às 01:00

Petrobras retoma investimento em energia renovável

Gerações eólica e solar estão no radar da petrolífera, que vinha dando prioridade à exploração no pré-sal

Gerações eólica e solar estão no radar da petrolífera, que vinha dando prioridade à exploração no pré-sal


/AFP PHOTO/JC
Depois de quatro anos dando prioridade à exploração e produção de petróleo no pré-sal, a Petrobras decidiu retomar investimentos em energias renováveis. A estatal anunciou ter assinado memorando de entendimentos com a empresa francesa Total, com o objetivo de desenvolver projetos em conjunto nos setores de energia solar e eólica no Brasil.
Depois de quatro anos dando prioridade à exploração e produção de petróleo no pré-sal, a Petrobras decidiu retomar investimentos em energias renováveis. A estatal anunciou ter assinado memorando de entendimentos com a empresa francesa Total, com o objetivo de desenvolver projetos em conjunto nos setores de energia solar e eólica no Brasil.
O diretor de Estratégia, Organização e Sistemas de Gestão da Petrobras, Nelson Silva, reconheceu que, de fato, nos últimos anos, a companhia concentrou suas atividades no setor de óleo e gás para melhorar a situação financeira da estatal.
A empresa sofreu forte impacto financeiro com as revelações das investigações da Operação Lava Jato e pela queda dos preços internacionais do petróleo. Mas, no Plano de Negócios de 2018 a 2022, já estava previsto que a Petrobras voltaria a investir em fontes renováveis, de energia limpa, tendo em vista a tendência mundial para uma economia de baixo carbono, aliado ao grande potencial dessas fontes existente no Brasil.
"Não demos um passo atrás em termos de projetos de fontes renováveis, mas precisávamos fazer frente à situação financeira mais delicada. No plano de negócios, já começamos a olhar as perspectivas de longo prazo", disse Silva. O executivo afirmou que a ideia é identificar oportunidades nesses setores, preferencialmente em áreas terrestres que a Petrobras tem no Nordeste.
Atualmente, a estatal tem participações em quatro projetos de energia eólica no Nordeste num total de 104 megawatts (MW) de capacidade. A empresa tem ainda uma unidade de pesquisa e desenvolvimento de energia solar fotovoltaica de 1,1 MW no Rio Grande do Norte.
Especialistas do setor consideraram positiva a Petrobras se voltar para fontes renováveis. "É uma tendência mundial as grandes petroleiras se voltarem para energias renováveis. É positivo a Petrobras começar esses projetos de longo prazo", disse o advogado Carlos Maurício Ribeiro, especialista de óleo e gás do Vieira, Rezende Advogados. Já o advogado Alexandre Calmon, do escritório Tauil, Chequer, disse que é importante que a Petrobras inicie esses projetos, "mas o negócio que ser rentável".
Silva, da Petrobras, afirma que hoje essas fontes representam apenas 8% da matriz energética brasileira, mas que deverão atingir 20% em 2026. O diretor não descartou a possibilidade de as duas empresas participarem de futuros leilões de energia de fontes renováveis.
Para Rodrigo Leite, da Leite Roston Advogados, é um caminho natural as petroleiras se transformarem em empresas de energia. Segundo o diretor, ainda não há estimativa de investimentos, que só serão definidos quando os projetos forem identificados. O Plano de Negócios de 2019 a 2022, que está sendo elaborado, deverá conter os valores destinados a projetos em fontes renováveis.

Preços em alta e leilões dão fôlego a petroleiras

Empresas de óleo e gás estão diante de bom cenário para se reerguerem

Empresas de óleo e gás estão diante de bom cenário para se reerguerem


ANDR/DIVULGAÇÃO/JC
Com a reputação contaminada pela decadência da petroleira OGX - que fez parte do império X, de Eike Batista - e com projetos inviabilizados com a queda nos preços do petróleo, que atingiram níveis mínimos no início de 2016, empresas nacionais de óleo e gás estão diante de uma chance de se reerguer. A recuperação do preço do petróleo, a venda de ativos da Petrobras e o programa de leilões permanentes de blocos exploratórios da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustível (ANP) deram novas oportunidade para companhias como Petrorio, QGEP e Ouro Preto.
"Algumas coisas estão sendo revistas no setor, e a expectativa é que, mesmo em um cenário com preço de petróleo mais baixo, o mercado continue atrativo", diz o especialista em energia Daniel Rocha, diretor executivo da Accenture Strategy.
Na Petrorio (ex-HRT), a venda de ativos não só pela Petrobras, mas também por outras empresas de grande porte, como a Maersk, é vista como a principal oportunidade para novos negócios. Desde que a companhia foi reformulada, após atingir o fundo do poço, em 2013, o foco passou a ser campos maduros que não são mais do interesse das multinacionais. "São ativos que têm a ver com nossa expertise", diz o presidente da empresa, Nelson Queiroz Tanure. Segundo ele, a companhia tem olhado, para comprar, participações de até US$ 1 bilhão em campos já em fase de produção.
Funcionário de carreira da Petrobras e ex-executivo do grupo de Eike Batista, Rodolfo Landim, hoje presidente da Ouro Preto - de capital fechado -, afirma que a venda de ativos da estatal é uma oportunidade para as empresas do setor de médio porte, "principalmente para as brasileiras que conhecem as bacias sedimentares do País". Ele destaca ainda a melhora do preço do petróleo como fator que tem favorecido as companhias. O barril, que hoje está na casa dos US$ 77, chegou a valer menos de US$ 30 no início de 2016.
Na Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP), as alterações regulatórias, como a abertura do mercado para exploração do pré-sal e a simplificação das regras de conteúdo local, foram vistas como capazes de potencializar o setor. "Com essas mudanças, as grandes companhias estão voltando para o Brasil com intensidade. Para empresas do nosso tamanho, é importante que elas estejam aqui, porque permite nos atrelarmos a elas", diz o presidente da QGEP, Lincoln Guardado.
Rocha, da Accenture Strategy, destaca ainda o novo formato de leilões da ANP como propulsor das petroleiras brasileiras. Neste mês, a agência deverá divulgar um edital para licitar 158 blocos exploratórios de petróleo. O certame não será concluído em uma data específica, já que o modelo do leilão é permanente. "Eventualmente, um bloco não é interessante para uma empresa agora, mas uma mudança do cenário, como uma alta do petróleo, pode tornar o bloco atrativo", diz o consultor. "Esses leilões têm grande potencial", acrescenta.
 

Valor das empresas aumenta

Atento ao novo panorama do setor de petróleo e gás, o mercado financeiro já mudou o olhar para as companhias do segmento listadas na bolsa. A Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP), por exemplo, é hoje avaliada em R$ 4,2 bilhões - um aumento de 350% na comparação com setembro de 2016. A QGEP, porém, já foi muito mais valiosa: poucos meses após estrear na Bolsa, em 2011, seu valor alcançou R$ 6,6 bilhões.
A Petrorio também melhorou sua performance consideravelmente. A companhia, que começou como HRT e mudou de nome, passou de R$ 52 milhões, em setembro de 2015, para R$ 875 milhões hoje. Como ocorreu com a QGEP, o valor da Petrorio também está longe do que valia em 2010, quando abriu capital valendo R$ 5,7 bilhões.