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Investimentos

- Publicada em 28 de Setembro de 2021 às 13:25

Regras para antecipação de recebíveis impulsionam mercado

Dispositivos determinam que as registradoras de recebíveis atuem como uma interface entre o lojista e potenciais financiadores

Dispositivos determinam que as registradoras de recebíveis atuem como uma interface entre o lojista e potenciais financiadores


FREEPIK/DIVULGAÇÃO/JC
Importante recurso para o fluxo de caixa das empresas, os recebíveis são todos os valores e ativos que uma empresa ou pessoa tem para receber, como pagamentos em cartão ou boleto bancário emitido, entre outros. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o uso de cartões de crédito e débito representou 46,4% do consumo das famílias no último trimestre de 2020. Ou seja, por representarem o cerne do faturamento dos negócios, podem ser importantes aliados na gestão financeira.
Importante recurso para o fluxo de caixa das empresas, os recebíveis são todos os valores e ativos que uma empresa ou pessoa tem para receber, como pagamentos em cartão ou boleto bancário emitido, entre outros. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o uso de cartões de crédito e débito representou 46,4% do consumo das famílias no último trimestre de 2020. Ou seja, por representarem o cerne do faturamento dos negócios, podem ser importantes aliados na gestão financeira.
Atento a esse mercado, o Banco Central (BC) determinou, em junho deste ano, novas regras e limites para os arranjos e antecipação desses ativos (quando quem detém os direitos sobre um recebível não tem condições ou não quer esperar até que o pagamento seja feito no prazo determinado e antecipa o recebimento deste). Os lojistas que utilizam cartões de débito ou crédito como forma de recebimento têm, com as novas normas, uma gama de opções para antecipar valores. "Agora, o lojista pode ter uma máquina da Cielo e antecipar com a Rede", explica Rafael Sobral, CFO da Blu, fintech brasileira que atua neste mercado.
Além disso, as alterações determinaram que as registradoras de recebíveis, sistemas autorizados e supervisionados pelo BC, atuem como uma interface entre o lojista que deseja obter crédito utilizando seus recebíveis e potenciais financiadores. As informações dos recebíveis são enviadas às registradoras por meio das credenciadoras ou subcredenciadoras escolhidas pelo lojista, as quais estabelecem conexão operacional com as primeiras. "Os dados, agora, concentram-se em um lugar só", diz Sobral. As registradoras, por sua vez, podem disponibilizar a qualquer financiador o acesso a essas informações, de forma simples e padronizada, com o consentimento expresso do lojista.
"A informação era inacessível. Com as regras, os dados vão para uma registradora, que armazena todos os recebíveis", explica Fernando Fontes, CEO da Central de Recebíveis (CERC), uma das três registradoras autorizadas a operar pelo Banco Central. As outras duas são a Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP) e a TAG, criada pela Stone. Segundo o CEO, esse tipo de empresa já existe no Brasil desde a década de 1990, mas tratava exclusivamente com bancos e instituições financeiras. Agora, com as novas determinações do BC, passou a ser conhecida pela sociedade em geral. Somente em uma semana de setembro, a CERC registrou R$ 88 bilhões em volume de operações, sendo que mais de 90% correspondia a operações de desconto ou antecipação dos recebíveis.
Na visão de Fontes, esses ativos mudaram muito ao longo dos anos, visto que as operações com cartões se potencializaram com a tecnologia e as possibilidades de compra e venda. "Hoje, tem os marketplaces, os aplicativos, as maquininhas e o local físico. E nós registramos todas as transações com cartões no Brasil", afirma. Para ele, esses ativos podem fomentar um mercado importante, configurando-se como uma espécie de "moeda". "Os lojistas podem passar a pagar mercadorias de seus fornecedores com os recebíveis", projeta.

Fintech conta com plataforma para antecipação de recebíveis

O mercado de recebíveis de cartões movimenta 1,5 trilhões de reais por ano e, no ano de 2019, cerca de 63% do volume transacionado em cartões correspondeu a movimentações feitas por cartão de crédito, um aumento de 19,8% em relação a 2018. Enxergando o potencial desse mercado, a fintech Monkey Exchange criou a plataforma Spike, solução que aproxima Pequenas e Médias Empresas (PMEs) e instituições financeiras em uma rede para a antecipação de pagamentos via cartão de crédito.
Com o Spike, os estabelecimentos comerciais terão melhores condições de antecipação das suas respectivas agendas de cartão de crédito, além de uma solução que dará acesso a uma plataforma digital, onde o empreendedor poderá consultar seus recebíveis e montar os parâmetros (volume, prazos, fornecedores) da antecipação, além de buscar todas as ofertas disponíveis pelos agentes financeiros cadastrados na plataforma. "Os lojistas poderão visualizar tudo o que tem a receber das adquirentes, cotar uma antecipação com vários bancos e fundos e por fim contratar a operação com quem melhor lhe atender, tudo isso com três clicks", explica Gustavo Muller, CEO da Monkey Exchange.
Com essa nova frente, a fintech se consolida como um dos maiores marketplaces de recebíveis da América Latina, estando presente em diversos tipos (duplicatas, arranjos de pagamentos entre outros). "Cada vez mais queremos criar novas soluções para inovar o mercado como um todo. Historicamente, os produtos de antecipação de agenda de cartões estavam muito concentrados nas grandes credenciadoras, mas com o Spike, queremos incluir novos agentes financeiros e dar mais acesso a esse mercado", afirma Muller.

Roit Bank lança solução para antecipar recebíveis a fornecedores

Com as recentes elevações das taxas de juros e o aumento da inflação, o crédito tem se tornado ainda mais caro para o setor produtivo no Brasil. É neste cenário que soluções desenvolvidas para a antecipação de recebíveis no mercado corporativo, tanto para mercadorias, quanto para serviços, ganham relevância e são cada vez mais fundamentais para a melhoria do fluxo de caixa das empresas. Pensando nisso, a fintech Roit Bank, em parceria com a Quasar Flash, lançou o chamado “Portal do Fornecedor”, com esteira única e automática, para a relação entre as empresas e seus fornecedores.
Baseado em inteligência artificial (IA), automação de processos e machine learning (aprendizado da máquina), no Portal, com a versão “White-label”, empresas poderão criar um canal único e automatizado para um relacionamento completo com seus fornecedores, desde ordens de compra, emissão e gestão de notas fiscais, comunicação ampla com as áreas e requisitantes, até todo o fluxo de antecipação e pagamento. “Nossas soluções reduzem o uso humano para inúmeras atividades das áreas de controladoria, compras, fiscal, contábil e tesouraria”, pontua Lucas Ribeiro, CEO e fundador do Roit Bank. Segundo ele, a previsão é que sejam antecipados mais de R$ 100 milhões na primeira fase de funcionamento da nova plataforma.
“A antecipação de recebíveis se torna uma opção de crédito acessível, ainda mais em um momento em que o mercado enfrenta uma fase de encarecimento dos empréstimos”, afirma Carlos Maggioli, presidente da Quasar Flash.

Riscos com inadimplência são desvantagens da antecipação

Apesar das facilidades que as operações com recebíveis oferecem aos empresários, como o movimento do fluxo de caixa antes do prazo para recebimento dos ativos com a antecipação, elas também oferecem alguns riscos que precisam ser considerados aos donos de negócios. Entre eles, o risco de inadimplência ou cancelamento de compras. 
Conforme pontua Fernando Fontes, CEO da Central de Recebíveis (CERC), recebíveis são ativos seguros de trabalhar. Porém, quem os adquire precisa ser estratégico. "A segurança depende das características da transação", afirma. Ele exemplifica a situação com compras virtuais e presenciais. No caso de uma compra em um estabelecimento como uma pizzaria, a possibilidade de cancelamento da compra é praticamente nula. Já uma compra pela internet pode ser cancelada, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC). "Se a transação for estornada, o recebível não existe", alerta Fontes. 
Além disso, caso o consumidor que fez a compra a prazo não honrar com o pagamento ou praticar fraude, como o uso de um cheque sem fundos, a responsabilidade de pagar a instituição financeira fica com a empresa que contratou o crédito. "É por isso que os cartões tem bandeira, como Visa e Mastercard. E o ecossistema das bandeiras é muito forte", destaca Fontes. Ou seja, as empresas que pensam em comprar recebíveis precisam estar atentas, sobretudo, à atividade no qual o ativo é vinculado.