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Sistema financeiro

- Publicada em 17 de Agosto de 2021 às 13:29

Open Banking acelera digitalização na contabilidade

O prazo para ofertar o sinal nas 27 capitais é 31 de julho de 2022

O prazo para ofertar o sinal nas 27 capitais é 31 de julho de 2022


George Frey/Getty Images/AFP/jc
Na sexta-feira passada, a segunda fase do Open Banking entrou em operação no Brasil. O sistema permite o compartilhamento padronizado e previamente autorizado de dados pessoais de clientes pelas instituições financeiras participantes. Nesta fase, poderão ser compartilhadas as informações de cadastro como nome, endereço, renda e CPF, bem como dados de movimentação financeira, como detalhes sobre contas, cartão de crédito e operações de crédito, como empréstimos e financiamentos.
Na sexta-feira passada, a segunda fase do Open Banking entrou em operação no Brasil. O sistema permite o compartilhamento padronizado e previamente autorizado de dados pessoais de clientes pelas instituições financeiras participantes. Nesta fase, poderão ser compartilhadas as informações de cadastro como nome, endereço, renda e CPF, bem como dados de movimentação financeira, como detalhes sobre contas, cartão de crédito e operações de crédito, como empréstimos e financiamentos.
Com o compartilhamento dos dados entre os bancos por meio da autorização do cliente, o atendimento será mais assertivo e o desenvolvimento de soluções mais customizado, observa a gerente de Inovação e Tecnologia da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Carolina Sansão. "Esse movimento incentivará a inovação e tende a intensificar as ofertas de valor para os clientes, com novos produtos e serviços, acelerando a transformação digital do mercado financeiro", afirma. Por isso, a expectativa do setor bancário com a chegada do Open Banking é positiva.
Na prática, as instituições que receberem as informações de cadastro e de movimentação financeira dos clientes poderão fazer propostas de crédito, de investimentos e de outros serviços de forma personalizada. Conforme garante a gerente, todas as operações do Open Banking ocorrem em um ambiente com diversas camadas de segurança, seguindo padrões consolidados no sistema bancário. "O setor financeiro é regulado e fiscalizado pelo Banco Central e está empenhado em adotar medidas para garantir a privacidade e a segurança de dados pessoais", diz. Carolina ainda destaca que os bancos investem anualmente cerca de R$ 25,7 bilhões em tecnologia, sendo que deste total, 10% são voltados para a cibersegurança.
Para os contadores e empresas da área, o Open Banking sinaliza "uma mudança da água para o vinho", acredita Heitor Barcellos, vice-presidente de serviços financeiros da Contabilizei, escritório especialista em digitalizar processos contábeis. Isso porque, além da padronização de informações financeiras, será possível acessá-las de forma ágil e concentrada. "Hoje, se o cliente tem três contas correntes e em cada uma faz um empréstimo, uma transferência, precisa de um extrato bancário, tudo isso é comunicado à mão", detalha.
Com o Open Banking, o tempo investido nesses processos manuais poderá ser usado de forma estratégica pelos clientes e contadores, que assumirão uma postura mais consultiva e cada vez menos operacional. É o que acredita o CEO da plataforma contábil Facilite, Bruno Guedes. "O profissional pode ser uma figura que ajude a gerar mais valor para o empresário. Por exemplo, aconselhando a contratar um empréstimo mais barato", sugere.
Para a adesão ao novo sistema, um dos grandes desafios, acredita Carolina, será o de comunicação com os clientes. "A governança do Open Banking vem trabalhando este tema à medida em que o projeto entre em funcionamento", declara. Já para Guedes e Barcellos, o sistema tributário do Brasil é muito complexo e continua sendo um gargalo para a área.

Startup Dootax automatiza recolhimento de tributos

A segunda fase do Open Banking expõe uma tendência de mercado que vem se expandindo em muitos segmentos: o da automação. Dados da Associação Brasileira de Automação revelam que o nível de automação no País em 2020 aumentou 3% em relação a 2019. E essa já é uma realidade para a startup Dootax, startup que utiliza a tecnologia para descomplicar rotinas fiscais e tributárias dentro das empresas. Na Região Sul, a empresa tem 53 clientes como Gerdau, Lojas Renner, Usaflex, Whirpool, entre outros setores, como bebidas, têxtil e cosméticos.
De acordo com o Líder Inside Sales da startup, Paulo Brancaglion, a Dootax surgiu para reduzir as atividades manuais e repetitivas que são realizadas por colaboradores dentro das empresas. "Em um certo momento, essas atividades repetidas podem resultar em alguns erros operacionais, que podem causar impacto financeiro nas empresas", afirma, exemplificando casos como erros de digitação nos valores das guias e pagamentos em atraso, que podem gerar multas, e em duplicidade.
Por isso, o foco da empresa é transformar a operação manual num processo 100% automatizado, em que as empresas podem ter gestões centralizadoras com redução de erros humanos e retorno financeiro nas atividades.
Brancaglion ressalta que o objetivo não é substituir o trabalho humano, mas sim, usar o time de colaboradores de forma estratégica e reduzir a carga de estresse que as atividades repetitivas causam. "O sistema não cansa, não erra e você pode usar estas pessoas para tarefas que exijam a inteligência da visão do ser humano", explica.
Conforme explica Brancaglion, os bancos tradicionais estavam em uma "zona de conforto" e, por isso, iniciativas automatizadas como o Open Banking demoraram para aparecer no mercado. "Quando começou a surgir muitos bancos digitais, que em um simples clique o usuário consegue ter tudo na palma da mão, se começou a ter uma visão diferenciada", observa. Para ele, o Brasil é o "país mais burocrático que existe" e quanto mais as empresas atrasarem a automação de rotinas, mais ficarão para trás em meio à concorrência que está se atualizando dia após dia.

Como funciona na prática?

Um dos serviços oferecidos pela Dootax é a automatização da emissão da Certidão Negativa de Débito (CND), documento emitido pelos órgãos do governo para confirmar que não existem pendências em nome de uma pessoa física ou jurídica. O atestado pode abranger pendências no aspecto civil, tributário, fiscal, trabalhista etc. Há alguns anos, o processo para a emissão precisava ser feito pessoalmente, mas com a informatização dos órgãos públicos, esse processo é online. Porém, empresas que precisam emitir várias CND ainda gastam muito tempo realizando acessos manuais. A Dootax entra, então, para eliminar a necessidade de intervenção humana na realização de atividades baseadas em rotinas manuais e repetitivas.
DT-e - Domicilio Tributário Eletrônico é uma plataforma criada pelo governo para servir como canal principal de comunicação com o contribuinte, por meio desse canal a empresa pode ser notificada com avisos emitidos por órgãos oficinais. Com a possibilidade dessa comunicação em formato digital, o contribuinte pode ser intimado por meio de uma caixa postal disponível na internet. Essa intimação pode ser realizada pelas Prefeituras, Secretarias de Fazenda Estaduais e Federal, mas essas esferas usam diferentes plataformas. Com o serviço da Dootax, ao invés do contribuinte fazer consultas manuais para acompanhar as notificações relevantes para sua empresa, a ferramenta centraliza tudo em um local e não perde notificações importantes. 
 

Consumidores devem estar atentos a fraudes referentes às informações

Alvo costumeiro de hackers, empresas do setor bancário investiram em sistemas de proteção

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AdobeStock/Divulgação/JC
Apesar do entusiasmo com a chegada da segunda fase da tecnologia Open Banking no Brasil, especialistas da área da Defesa do Consumidor ainda mantêm a guarda alta quando o assunto é possíveis vazamentos que podem levar a fraudes e assédios. A possibilidade de compartilhamento de dados e informações de clientes entre instituições financeiras acende um alerta para a segurança e a confiabilidade no processo de autorização para o uso de informações.
Professor da Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP), Juliano Madalena afirma que o setor bancário e financeiro sempre foi alvo de ataques e por essa razão, são os que mais investem em segurança da informação. No entanto, a relação bancária é feita pela participação do consumidor e instituição financeira. "O consumidor, por ser ente frágil e vulnerável, é objeto de intensa abordagem por criminosos virtuais. Naturalmente, a cada nova ferramenta, produto ou serviço financeiro, novas fraudes podem surgir", avalia.
Para Madalena, é importante que o consumidor confira o remetente de e-mails, mensagens e ligações, bem como estabeleça um vínculo de confiança próximo com as instituições envolvidas nas operações financeiras. "O compartilhamento [de dados] provocará maior concorrência entre as instituições financeiras, com isso, a disputa pelo consumidor promoverá a intensificação das estratégias comerciais", observa.
Caso haja vazamento de dados ou assédio, o professor alerta que é imprescindível a comunicação aos agentes envolvidos, na intenção de formalizar o incidente perante as instituições financeiras. Além disso, é fundamental que o consumidor procure a Autoridade Nacional de Proteção de Dados Pessoais (ANPD), o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) e a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).
Apesar dos riscos em potencial, Madalena avalia a chegada do Open Banking como um grande avanço, que otimizará produtos e serviços oferecidos os consumidores. Para o professor, a automação do compartilhamento de dados entre bancos viabiliza a utilização de algoritmos para o oferecimento de produtos financeiros personalizados com a realidade financeira dos correntistas. "A automação aumenta a eficiência, pois os dados serão tratados com diversos pontos de análise econômica, permitindo financiamentos mais assertivos à cada realidade", exemplifica.