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JC Contabilidade

- Publicada em 16 de Junho de 2021 às 03:00

Pequenas empresas fecham as portas sem terem acesso a crédito

Demanda por crédito, segundo a Serasa, oscila conforme medidas de fechamento ou abertura impostas por governos

Demanda por crédito, segundo a Serasa, oscila conforme medidas de fechamento ou abertura impostas por governos


YANALYA/FREEPIK/DIVULGAÇÃO/JC
As dificuldades já comuns às empresas menores foram agravadas pelo prolongamento da pandemia. Para alguns setores, nem mesmo a flexibilização das restrições garantiu algum alívio para a geração de caixa. Os últimos meses têm sido de sufoco, acúmulo de dívidas, corte de despesas e nenhuma ajuda, seja dos governos, em forma de descontos ou isenções, seja via financiamento bancário.
As dificuldades já comuns às empresas menores foram agravadas pelo prolongamento da pandemia. Para alguns setores, nem mesmo a flexibilização das restrições garantiu algum alívio para a geração de caixa. Os últimos meses têm sido de sufoco, acúmulo de dívidas, corte de despesas e nenhuma ajuda, seja dos governos, em forma de descontos ou isenções, seja via financiamento bancário.
Segundo dados da Serasa, analisados pelo especialista em recuperação de crédito Max Mustrangi, os pedidos de falência no setor de serviços chegaram a quase dobrar em março deste ano na comparação com o mesmo período de 2020, início da pandemia no Brasil. Em abril, a alta observada foi de 5% em relação a igual mês do ano anterior e, em fevereiro, 20,9%, na mesma base de comparação. Somente em janeiro, houve queda de 50% ante o mesmo mês no ano passado.
Mustrangi diz que os números do birô de crédito indicam um aumento na participação de empresas médias no total das falências e pedidos de recuperação judicial. De 18,1% no primeiro quadrimestre de 2020, elas hoje respondem por 25,7% do total.
Para o especialista, o resultado vem da ausência de esforço governamental para proteger os negócios nesse período turbulento. O cálculo de risco dos bancos, em situações de crise, também foi para uma calibragem mais alta, o que acaba favorecendo quem, contraditoriamente, precisa menos do dinheiro.
A demanda por crédito, segundo a Serasa, tem oscilado de acordo com as medidas de fechamento ou abertura impostas por governos estaduais e municipais. De abril a novembro de 2020, houve queda na procura. Subiu a partir de novembro e voltou a cair em janeiro. A partir de fevereiro, porém, a demanda por dinheiro voltou a crescer. Na comparação com o ano passado, o aumento foi de 12,7%. Em março, foi de 10,9%, e de 39,3% em abril.
Mesmo quem manteve o nível de faturamento do pré-pandemia viu a disponibilidade de crédito encolher. Um executivo de uma empresa de mineração e beneficiamento de minerais não metálicos, que prefere não se identificar, diz que o custo do dinheiro ficou muito alto. Segundo ele, mesmo nos bancos que anunciaram facilidades para a concessão de linhas de crédito, o dinheiro não saiu. Sem o mesmo nível de acesso a crédito para capital de giro, as margens começaram a ficar apertadas.
Para ele, as instituições financeiras priorizam a avaliação de patrimônio que possa ser usado como garantia dos empréstimos, e não a qualidade da operação comercial. Uma vez acostumados a certo nível de crédito, diz ele, um corte brusco prejudica a capacidade de manter a operação. Para garantir capital de giro, foi necessário vender patrimônio.
A solução tomada no início deste ano foi iniciar uma reestruturação do negócio. O executivo afirma que a empresa passa por mudança em todos os setores (contabilidade, administração e gestão tributária), uma necessidade para seguir em atividade.
Mustrangi diz que a procura de empresas por reestruturação mais do que triplicou. "Em dez anos trabalhando com isso, nunca tive tanta empresa buscando o serviço", diz. "A situação está tão crítica que muitas estão indo direto para a falência, sem condições de recuperação judicial", afirma.
De acordo com o especialista, também houve um aumento da participação de empresas consideradas de médio porte, com faturamento anual acima de R$ 50 milhões, entre as que precisam de ajuda para evitar uma recuperação judicial.
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