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Gestão

- Publicada em 23 de Março de 2021 às 09:14

Gerenciar riscos é prioridade em 2021

Mudanças em regras tributárias e subsídios afetam diretamente a performance dos negócios

Mudanças em regras tributárias e subsídios afetam diretamente a performance dos negócios


master305/freepik/divulgação/jc
Mais de 50% dos conselheiros de administração do Brasil, Argentina e Chile estão preocupados com a estrutura de gerenciamento de riscos em suas organizações. De acordo com pesquisa elaborada pelo EY Center for Board Matters (CBM), esta deve ser a pauta prioritária nas assembleias ao longo de 2021.
Mais de 50% dos conselheiros de administração do Brasil, Argentina e Chile estão preocupados com a estrutura de gerenciamento de riscos em suas organizações. De acordo com pesquisa elaborada pelo EY Center for Board Matters (CBM), esta deve ser a pauta prioritária nas assembleias ao longo de 2021.
A pesquisa explica que, desde a crise do vírus SARS, em 2003, muitos especialistas já estimavam que o surgimento de uma nova epidemia era uma questão de tempo. "A diferença é que quase ninguém previu que essa ameaça poderia ter um impacto tão avassalador quanto ao observado no último ano", descreve. A questão que se impõe agora é como se preparar para mitigar os riscos originados por essa crise. E a questão: Como as empresas podem considerar esses fatores em suas estruturas e processos de gestão de riscos?
O World Economic Forum (WEF) publicou recentemente, como parte da agenda do Fórum de Davos 2021, uma lista que inclui os principais direcionadores de riscos para 2021, em um mundo que ainda sofre com a pandemia e que enfrentará seus efeitos por um tempo ainda incerto. São eles os riscos políticos, tecnológicos e demográficos e sociais.
Os riscos políticos são mais facilmente percebidos pelos brasileiros, pois dizem respeito às decisões de governos para combate à crise, como mudanças em regras tributárias e subsídios, além de decisões de fechamento de atividades econômicas que afetam diretamente a performance dos negócios.
Quanto aos riscos tecnológicos, a segurança cibernética segue foco da pauta de resposta a organizações. Segundo a pesquisa da EY, "desde o início do alastramento da Covid-19 pelo mundo, o número de ataques cibernéticos aumentou consideravelmente, tanto em quantidade quanto em seriedade". No Brasil, a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) deve fechar ainda mais o cerco sobre o armazenamento e a utilização de informações de terceiros por cada empresa e instituição. Essa preocupação, que já era latente antes de março de 2020, acentua-se após a aceleração no processo de digitalização das organizações dali em diante.
Do ponto de vista demográfico e social, a pandemia alargou a distância entre classes, foi muito mais rigorosa com a população de baixa renda e aumentou a insatisfação social. "Sob o ponto de vista de crescimento de negócios, abrem-se oportunidades para o atendimento a clientes com perfis sociodemográficos menos explorados por grandes empresas. Por outro lado, as organizações que não estão preparadas podem ter seus negócios diretamente impactados de forma negativa por essas questões", enfatiza o documento.
Além de entender cada um dos três pontos e seu impacto nas organizações, o EY Center for Board Matters (CBM) dá dicas para os conselhos avaliarem a capacidade de gerenciamento das variáveis. Entre os conselheiros respondentes da pesquisa, 65% são de empresas de capital fechado e 35% de capital aberto, com 63% deles atuando como membros independentes e 37% não independentes.
A pesquisa levou em consideração mudanças e desafios provocados pela Covid-19, inserindo conselhos em um cenário demandante de decisões imediatas em meio a um ambiente de negócios confrontado com situações inesperadas. Os números mostram que a pandemia impactou reuniões dos conselhos para 95% dos respondentes, enquanto 51% relataram exigências por novas habilidades e competências decorrentes do momento atual.
"É importante observar que os conselheiros seguem requisitados em relação a novas competências e atribuições, no sentido de direcionar esforços às realidades que cercam suas empresas. A diferença é que, agora, em decorrência da pandemia, tudo se intensificou e ficou mais evidente, o que requer ainda mais atenção por parte do colegiado", explica Carolina Queiroz, coordenadora do estudo e diretora executiva de Family Business da EY no Brasil e América Latina.

A organização em que você atua está agindo corretamente para medir e controlar os riscos?

  • A organização tem mapeadas as principais decisões políticas que podem ser tomadas no curto, médio e longo prazo e que afetam seus negócios? Especificamente, está monitorando as possíveis decisões políticas relacionadas à pandemia? Esses cenários estão considerados no mapa de riscos e de respostas aos riscos da organização?
  • Considerando o ambiente de segurança cibernética e ataques ocorridos pelo mundo durante a pandemia, como a organização usou exemplos de outras empresas para fortalecer sua própria segurança? O que mudou na política de resposta a incidentes de segurança cibernética da organização nos últimos 12 meses para responder a esse cenário?
  • > O risco de insurgência social está considerado no mapa de riscos da organização? Lições aprendidas com eventos recentes fora do Brasil foram consideradas na preparação de respostas a esses riscos?
  • A organização tem monitorado os principais riscos do negócio, considerando dinâmica, periodicidade e fóruns de discussão adequados? A Administração tem dado visibilidade ao Conselho sobre riscos e necessidades de investimentos, suportando a tomada de decisão?

Conselhos priorizam fatores ambientais, sociais e de governança

Bem planejadas e executadas, decisões poderão ajudar a dar conta das demandas dos stakeholders.

Bem planejadas e executadas, decisões poderão ajudar a dar conta das demandas dos stakeholders.


NATTANAN KANCHANAPRAT POR PIXABAY/DIVULGAÇÃO/JC
Pesquisa elaborada pelo EY Center for Board Matters (CBM) traz uma série de considerações aos conselhos de administração no intuito de apontar caminhos que possam orientá-los na tomada de decisões atreladas às prioridades identificadas nas respostas. Bem planejadas e executadas, essas decisões poderão ajudar a garantir não apenas a longevidade das empresas, mas também a dar conta das demandas crescentes dos stakeholders.
A diretora executiva de Family Business da EY no Brasil e América Latina, Carolina Queiroz, destaca que, se olharmos para os temas prioritários dos conselhos de administração de 2021, todos requerem como base fundamental uma mudança cultural para obter resultados efetivos.
"São temas robustos que dificilmente alcançarão bons resultados caso implementados de forma superficial. Naturalmente, os temas que são discutidos nos conselhos devem ser norteadores dos direcionamentos estratégicos das organizações, permeando toda a sua estrutura e assim, contribuindo para a sua mudança cultural".
Se no ano anterior os assuntos que dominaram as agendas foram os aspectos estratégicos, performance e projeções da companhia (32%), pessoas (25%) e as questões financeiras e contábeis (16%), neste ano o foco mudou completamente. Em 2021, logo depois de gerenciamento de risco, um ponto de atenção para 51% dos entrevistados diz respeito à inovação e disrupção (49%) e a critérios ambientais, responsabilidade social e governança - ESG - (48%).
Carolina lembra que, historicamente, os temas de gerenciamento de riscos, inovação e disrupção, transformação digital e planejamento estratégico de longo prazo costumam aparecer na pesquisa como prioridade dos conselhos. "Neste ano, o tema de ESG foi destaque", destaca Carolina.
Mesmo não sendo exatamente uma novidade, a pauta ganhou relevância. A executiva revela que, quando a pesquisa questionou se os critérios ESG estavam no foco das reuniões de conselho de administração das empresas representadas pelos entrevistados, a grande maioria (82%) respondeu que sim. Deste percentual, 75% salientaram que estavam atentos desde muito antes da pandemia.
"Podemos dizer que o tema de ESG se consolidou como prioritário para os conselhos, dado que a sociedade, assim como todos os stakeholders, passaram a exigir mais das organizações. O momento de pandemia acelerou alguns processos que já estavam em andamento", explica.
As prioridades apontadas pelas empresas demonstram que 2021 continuará sendo um ano desafiador, uma vez que as companhias passarão por grandes transformações, exigindo um olhar ainda mais atento dos membros dos conselhos. Ao mesmo tempo, os conselheiros terão que avaliar quais novas competências precisarão desenvolver para continuar contribuindo neste novo cenário.

Prioridades dos Conselhos de Administração na América do Sul em 2021

  • Gerenciamento de riscos (51%)
  • Inovação e disrupção (49%)
  • Critérios ambientais, sociais e de governança - ESG (48%)
  • Transformação digital e novas tecnologias (39%)
  • Planejamento estratégico de longo prazo e alocação de capital (35%)
  • Resultado, performance e metas econômico-financeiras (27%)
 

Diversidade e inovação podem ser chaves para superação

Carolina destaca a necessidade de ampliar a visão de mercado

Carolina destaca a necessidade de ampliar a visão de mercado


/EY / Divulgação / JC
O tema Diversidade e Inclusão foi abordado na pesquisa EY Center for Board Matters (CBM), apontando que, para 33,8% dos respondentes, as mulheres seriam o grupo mais impactado de forma positiva, em caso de maior diversidade no ambiente corporativo.
No entanto, 78% dos entrevistados declararam que suas empresas não contam com um comitê de diversidade e inclusão, e 82% afirmaram que sequer há orçamento definido para essa finalidade.
Ainda em fase inicial, a mudança cultural nesse sentido é importante para que a diversidade seja encarada como uma solução e não um problema, como era vista antigamente.
"O cenário atual requer visões diferentes, que possam contribuir com as organizações através dos mais diversos pontos de vista. Os desafios de hoje requerem soluções diferentes, muitas vezes nunca antes criadas ou testadas. É aí que entra a força da diversidade, ampliando a visão de mercado, os pontos de vistas e as competências", exemplifica a diretora executiva de Family Business da EY no Brasil e América Latina, Carolina Queiroz.
Além disso, "ser digital" já é uma necessidade. "Enquanto muitas organizações projetavam sua transformação digital para um prazo de três a cinco anos, a realidade se impôs e superacelerou estes planos", salienta a pesquisa da EY.
A crise da Covid-19 e a mudança de comportamento dos consumidores exigiram uma dura realidade a ser enfrentada, e a saída foi adotar soluções digitais muito mais rapidamente que o previsto para responder aos novos comportamentos dos clientes. Isso ocorre tanto no mundo do relacionamento com consumidores finais quanto entre empresas.
O desafio, agora, é entender como novas tecnologias e sua implementação ágil se impõem. "Além disso, é preciso refletir sobre quais as prioridades para a alocação de capital da companhia, reforça a especialista.

ESG e seus efeitos práticos

  • O mercado consumidor agora é consciente das questões ESG e forçam a mudança cultural em seus mercados.
  • Investidores percebem o risco relacionado às questões ESG de modo mais tangível e avaliam seus investimentos considerando estes critérios. Pesquisa realizada pela EY em 2020 com cerca de 300 investidores do mundo todo apontou que 91% deles levam em consideração o desempenho não financeiro das companhias na tomada de decisão de investimento.
  • Há uma tendência regulatória de progressão no aumento das exigências para atendimento de padrões ESG, com destaque para a crise climática.
  • Em função da necessidade da incorporação de elementos ESG nos processos de gestão, surge a demanda por mensuração de resultados não financeiros por meio de protocolos comparáveis e dados confiáveis. Medir e reportar ESG é essencial.