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JC Contabilidade

- Publicada em 14 de Outubro de 2019 às 03:00

Segurança não é brincadeira

Apenas 20% dos entrevistados considerarem imprescindível o brinquedo ter certificado do Inmetro

Apenas 20% dos entrevistados considerarem imprescindível o brinquedo ter certificado do Inmetro


freepik/divulgação/jc
A segurança não é prioridade na hora da compra de brinquedos. Essa é a conclusão de pesquisa on-line feita pelo Procon-SP. Cerca de 70% das pessoas que responderam ao levantamento declararam que o desejo da criança (39,6%) e o preço (32,3%) são os atributos mais importantes na hora da escolha. A segurança ficou em terceiro lugar (28%). Também é alarmante o fato de apenas 20% considerarem imprescindível o brinquedo ter certificado do Inmetro.
A segurança não é prioridade na hora da compra de brinquedos. Essa é a conclusão de pesquisa on-line feita pelo Procon-SP. Cerca de 70% das pessoas que responderam ao levantamento declararam que o desejo da criança (39,6%) e o preço (32,3%) são os atributos mais importantes na hora da escolha. A segurança ficou em terceiro lugar (28%). Também é alarmante o fato de apenas 20% considerarem imprescindível o brinquedo ter certificado do Inmetro.
O resultado da pesquisa fez o Procon-SP organizar uma operação no comércio popular paulistano para alertar os consumidores sobre os riscos para os pequenos. "As pessoas têm que entender, por exemplo, que um brinquedo certificado pelo Inmetro passa por uma série de testes, que vão garantir desde que o item não seja tóxico até que não quebre em partes pontiagudas. Os adultos podem estar submetendo as crianças a riscos que vão de um pequeno corte a sufocamento, mutilações e até morte", alerta Marcus Vinicius Pujol, diretor da Escola de Defesa do Consumidor do Procon-SP.
O resultado da pesquisa, surpreendeu também o diretor de Avaliação da Conformidade do Inmetro, Gustavo Kuster. "Queremos analisar os dados para entender quem respondeu à pesquisa, pois levantamentos anteriores mostravam uma relevância muito maior do selo para o consumidor. É muito preocupante se a realidade for esta."
Já o presidente da Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, avaliou de forma extremamente positiva do fato de os consumidores não darem tanta atenção ao selo do Inmetro. "É como se recebesse um diploma de doutorado. As pessoas não olham mais se tem ou não selo porque sabem que todos os brinquedos no mercado são seguros, isso deixou de ser uma preocupação. Em 12 meses não terá mais selo na embalagem, o importante é saber quem é o fabricante, pois somos nós os responsáveis se houver acidente."
De fato, o fabricante é responsável em garantir a segurança do produto, diz Kuster. No entanto, ele nega veemente que o selo será extinto. "Muito pelo contrário, a ideia é evoluir o selo, que não seja só uma marca impressa, mas que por um aplicativo, ou um QR code, por exemplo, o consumidor tenha acesso mais amplo ao que está por trás da certificação."
Para Vania Schoemberner, gerente executiva da ONG Criança Segura, muitas pessoas ainda não se deram conta de que brinquedo também é fonte de risco. Em 2017, 777 crianças morreram por sufocação. "Não sabemos ao certo quantas por engolir partes de brinquedos, pois isso não é especificado pelo hospital, mas é um relato frequente. Há três coisas simples que podem reduzir em 90% os acidentes: supervisão de adultos, adaptação do ambiente à criança e uso de equipamentos de segurança, como capacetes", orienta Vania.
A médica Luci Yara Pfeiffer, do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), se preocupa também com o fato de cerca de 30% dos participantes da pesquisa não verificarem sempre a faixa etária indicada para o item. "Brinquedo é coisa séria. É preciso ter muito cuidado ainda com o que se vê na internet. Em receitas de slime na web há um componente tóxico que pode levar a dano neurológico.
Os acidentes com brinquedos e jogos estão entre os três mais relatados pelos países-membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Só na União Europeia, entre 2014 e 2018, foram feitos 620 recalls de brinquedo por ano. No Brasil, no mesmo período, porém, houve só duas campanhas, segundo a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública.Para o presidente da Abrinq, o baixo número de convocações se deve, em parte, ao fato de o mercado brasileiro ser mais seguro que o europeu e o americano. "Não entra um brinquedo no mercado nacional sem que passe por teste", diz.
O titular da Senacon, Luciano Timm, porém, não acredita que essa seja a causa principal do baixo número de recalls no País. Entre várias explicações possíveis, ele cita falta de consciência das empresas, ineficiência estatal, ausência de receio de punição e de controle de consumidores.
Outro problema é a falta de um sistema de alerta que monitore acidentes de consumo nos hospitais, diz Paulo Coscarelli, coordenador de Vigilância de Mercado do Inmetro. "A criação da rede com os hospitais é primordial e será tratada na reunião da Comissão Permanente de Acidentes de Consumo, na próxima semana. Fazemos várias ações de monitoramento de segurança no país e no exterior, mas esses dados é que nos darão uma fotografia precisa do que acontece no Brasil."
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